![]() |
Capa do Relatório |
Acerca da Segurança Pública,
transcrevo parte do relatório de maio de 1942-43, editado pela DEIP [Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda],
órgão governamental de divulgação e censura.
Já tive ocasião de assinalar, na introdução deste relatório, a inalterabilidade da ordem pública em todo e Estado, não tendo urgido ao Governo apelar para as repressões violentas, não obstante o momento excepcional que atravessa o País em estado de beligerância. Os registos criminais não denunciam infrações que transcendam os delitos comuns, punidos, como sempre, na forma da lei. O próprio caso de Parintins, que chegou a impressionar a opinião pública nas primeiras versões sempre exageradas, não teve consequências que perturbassem o ritmo da ordem naquele município, apurando afinal as investigações in loco que os japoneses, ali organizados numa sociedade agropastoril, não exerciam atividades nocivas ao regime atual. A Delegacia de Segurança Político Social, restaurada por imperativos ocasionais, continua confiada à diuturna vigilância do Dr. Sebastião Bezerra de Norões, que desempenha com zelo as suas exaustivas funções, encaminhando sem delongas às autoridades judiciárias todos os inquéritos que leva a termo. As precauções sugeridas pela hora oprimente que vai passando inspiraram ao Governo a criação de duas Delegacias Especiais de Polícia Militar, uma com atuação no Baixo-Amazonas, estendendo-se a sete dos seus municípios onde se domiciliam naturais dos países do Eixo, e outra em Boa Vista do Rio Branco, região fronteiriça que, por essa circunstância, impunha a providência governativa, dada a concorrência de estrangeiros atraídos para ali pela mineração de ouro e diamantes. Integrado nas atividades da Polícia Civil, o Gabinete de Identificação, Estatística e Médico-legal vai prestando apreciáveis serviços, entre os quais se arrola o registo de estrangeiros com as minuciosas indicações estatuídas na lei. O policiamento do interior, exercido por delegados-gerais, auxiliados por subdelegados, apesar das dificuldades que ainda se lhe deparam para eficiência cabal, concorre grandemente para a manutenção da ordem e garantia do trabalho em nossa vasta hinterlândia, não descurando o Governo as medidas que lhe propõem autoridades locais e classes produtoras, a fim de ser obtido um serviço policial mais profícuo. Pouco a pouco se removem os entraves nesse sentido, e muitos fatores hostis a tão grande necessidade social já têm sido eliminados com evidentes vantagens para o interior do Estado. Havendo falecido em novembro do ano findo o antigo titular da Chefia de Polícia, Dr. Antonio Cavalcante de Oliveira Lima, investi nessas funções o Dr. Paulo de la Cruce de Grana Marinho, devotado ao momento e ao regime sob todos os pontos de vista.