Hoje em dia, as bancas de venda
de doces e guloseimas estão por toda a cidade, de forma que foi difícil
encontrar uma correspondência exata com a publicação do jornal A Gazeta,
que destacava essas particularidades na coluna Manaus em Foto. Expressões
como “entala gato”, “morte lenta” e outros apelidos bem característicos foram
usados por décadas, até que deixamos de chamar de “merenda” e passamos a usar o
termo “lanche”, ... então, tudo mudou. A banca que aparece na foto servia à
praça Tenreiro Aranha, na ilharga do antigo Hotel Amazonas.
Recorte de A Gazeta, edição de 05 março 1964
UM “ENTALA GATO” MUITO CONCORRIDO
A fome dói, é coisa que todos
sabem, por mais que seja bem-nascido. Quando vem aquele vazio no estômago, o
jeito é desapertar. E o bolo-de-macaxeira
vem a propósito, pelas três da tarde, ou mais. Hora de merenda de quem trabalha
e só pode “dar um pulinho”. Uns chamam de “entala gato”, outros de “comeu, morreu”
ou “morte lenta” e mais nomes que [não] ocorrem no momento. Mas todos compram e
se deliciam, que de fato é gostoso, bem feitinho, servindo até pra levar pra
casa, num embrulhinho, pra completar a janta. (...)
Até o “bolo podre” também tem
vez, como outras guloseimas. Tem freguesia certa e até selecionada. Fazem fila para
comprar e, não raro, encosta um carro, de placa particular, pra uma compra
ligeira.
O negócio vai aumentando e os compradores
também. Todas as tardes o vendedor se estabelece, porque tem competência, na Teodureto
Souto, pertinho da praça ao lado do Hotel Amazonas. E dizem que até turista
estrangeiro, pra variar, ali comparece de quando em vez. Os graciosos chamam de
entulho e lembram que o melhor tempero é a fome. Mas todos gostam e voltam.