CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

terça-feira, julho 01, 2025

HORA DA MERENDA: 1964

 

Hoje em dia, as bancas de venda de doces e guloseimas estão por toda a cidade, de forma que foi difícil encontrar uma correspondência exata com a publicação do jornal A Gazeta, que destacava essas particularidades na coluna Manaus em Foto. Expressões como “entala gato”, “morte lenta” e outros apelidos bem característicos foram usados por décadas, até que deixamos de chamar de “merenda” e passamos a usar o termo “lanche”, ... então, tudo mudou. A banca que aparece na foto servia à praça Tenreiro Aranha, na ilharga do antigo Hotel Amazonas. 

Recorte de A Gazeta, edição de 05 março 1964

UM “ENTALA GATO” MUITO CONCORRIDO

 

A fome dói, é coisa que todos sabem, por mais que seja bem-nascido. Quando vem aquele vazio no estômago, o jeito é desapertar.  E o bolo-de-macaxeira vem a propósito, pelas três da tarde, ou mais. Hora de merenda de quem trabalha e só pode “dar um pulinho”. Uns chamam de “entala gato”, outros de “comeu, morreu” ou “morte lenta” e mais nomes que [não] ocorrem no momento. Mas todos compram e se deliciam, que de fato é gostoso, bem feitinho, servindo até pra levar pra casa, num embrulhinho, pra completar a janta. (...)

Até o “bolo podre” também tem vez, como outras guloseimas. Tem freguesia certa e até selecionada. Fazem fila para comprar e, não raro, encosta um carro, de placa particular, pra uma compra ligeira.

O negócio vai aumentando e os compradores também. Todas as tardes o vendedor se estabelece, porque tem competência, na Teodureto Souto, pertinho da praça ao lado do Hotel Amazonas. E dizem que até turista estrangeiro, pra variar, ali comparece de quando em vez. Os graciosos chamam de entulho e lembram que o melhor tempero é a fome. Mas todos gostam e voltam.