No meado do ano de 1950, quando no Amazonas existia unicamente a Faculdade de Direito, instalada na Praça dos Remédios, surgiu a ideia da criação da Faculdade de Medicina. Abnegados médicos reuniram-se e efetivaram a fundação, conforme compartilhado de O Jornal (14 maio).
Adiante, o governo estadual dispôs para funcionamento da instituição o prédio ainda existente, cuja entrada era pela rua Duque de Caxias, ora pertencente a Amazonprev e que foi patrimônio do extinto Ipasea (Instituo de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado do Amazonas), criado pelo governador Arthur Reis (1964-67).
Mesmo prédio, ora pertencente a Amazonprev |
A inciativa não prosperou, pois como é do conhecimento geral a Faculdade de Medicina da Ufam foi criada em 1965.
Fragmento de O Jornal, 14 maio 1950
O dia de hoje é um dos mais expressivos de nossa
terra, pois marcará a abertura de uma nova era na cultura de nosso Estado, com
a fundação da Faculdade de Medicina do Amazonas.
A sessão solene desse ato que se realizará às 20
horas no salão nobre do Instituto de Educação se revestirá de grande brilho, e
não poderia ser de outra forma, de vez que a Faculdade de Medicina do Amazonas
é a expressão vontadora (sic) da fibra cabocla, das aspirações de uma juventude
estudiosa como a nossa, e de um sonho que vivia (...) de idealismo de uma plêiade
de médicos ilustres que honram a terra que nasceram e dignificam a carreira que
abraçaram.
O Amazonas é uma determinante de civilização e de progresso
para a nossa pátria, cabendo-lhe dentre em pouco uma grande responsabilidade
nos destinos da nacionalidade. É, portanto, urgia por ser inadiável e por ser reunido
todas as suas forças construtivas e realizadoras na expressão de suas reservas
se congregassem para conquistar para o Amazonas, não só os foros de região
privilegiada pela própria natureza como também os índices de riqueza e trabalho
em prol do bem estar de uma coletividade consciente de suas responsabilidades
perante o futuro da Nação.
A concretização, a realidade de uma Faculdade de Medicina
do Amazonas, se bem que tarefa árdua e audaciosa de médicos idealistas, à
frente dos quais se impõe pelo entusiasmo e pelo trabalho a fibra realizadora e
dinâmica do dr. Miguel Martins, ilustre médico e sanitarista, só pode ser atingida
porque conta com a dedicada colaboração de colegas como Flavio de Castro, Álvaro
Madureira de Pinho, Alberto Carreira, Waldir Medeiros, Carlos Simões Neto,
Jorge Fernandes, Antonio Luiz Monteiro, Franco de Sá, Donizete Gondim, Osmar
Matos e Haroldo Correa e o entusiasmo dos demais médicos que constituirão a
douta Congregação da Faculdade de Medicina do Amazonas.
A solenidade é por demais expressiva na vida e no
futuro do Amazonas, deixando, portanto, no dia de hoje fincados os alicerces
eternos de um Templo da Ciência Médica, donde hão de sair os futuros médicos
para a conquista e a recuperação do homem planiciário e, destarte, os
bandeirantes da valorização econômica do Grande Vale.
Todos nós que trazemos o Amazonas no coração, porque
o amamos ou porque o admiramos, porque aqui nascemos ou porque aqui nasceram os
nossos filhos, devemos estar presentes a esta memorável solenidade. Temos todos
o direito de nos orgulharmos desse acontecimento não só porque é digno de nossa
geração, como também por ser do Amazonas e por isso bem nosso e, por isso, bem
do Brasil.
Portanto que indo os amazonenses e brasileiros que
aqui trabalham e colaboram para o engrandecimento da terra cabocla, não deixem de estar presentes a esta
solenidade, na qual teremos a grande satisfação
de exaltar a vitória de um ideal e da boa vontade dos homens de “boa vontade” e
de corações generosos que ainda pulsam pela grandeza do Amazonas.
O ato da fundação da Faculdade de Medicina do
Amazonas será irradiado para todo o Brasil por intermédio da Rádio Baré,
fazendo uso da palavra como orador oficial da solenidade o ilustre médico dr.
Olavo das Neves, e como presidente do Instituto Amazonense de Estudos e
Pesquisas Médicas e da “Campanha da Boa Vontade”, o dr. Miguel Martins, um dos valores
mais expressivos da nova geração de médicos patrícios.
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