Em comemoração ao cinquentenário da incorporação do serviço de contra incêndios à Polícia Militar do Amazonas, reproduzo uma página - com algumas atualizações - de meu livro Bombeiros do Amazonas: retrospectiva 1876-1998, publicado em 2013. Acolá, deu-se a partida à renovação deste Corpo, que hoje prossegue sob administração própria.
Mais detalhes do ato relatei no volume citado, pois na ocasião assumi
o subcomando do CB/PMAM. Detalhe novíssimo: o edifício, que pertence a
Prefeitura de Manaus, está tomado pelo mato e prestes a desabar.
Situação do prédio, há dois anos, hoje está bem pior |
Na
terça-feira, 23 de janeiro de 1973, ocorreu a solenidade de incorporação do
Corpo de Bombeiros de Manaus à Polícia Militar do Amazonas (PMAM). Curiosidade:
reencontravam-se após mais de duas décadas na avenida Sete de Setembro, onde
estiveram juntos no distante ano de 1936 (por ocasião da reativação da PMAM). O
evento teve lugar no acanhado quartel adaptado para o Corpo há mais de quatro
décadas, todavia emparedado em decorrência do avanço urbanístico da cidade.
Três portas dianteiras serviam para a circulação de pessoal e viaturas, com
saída diretamente para a avenida com constante fluxo de veículos, pois serve de
ligação entre os bairros situados na Zona Centro-Sul e o Centro.
Dispunha
de três viaturas denominadas de ABT (Auto-Bomba Tanque), que o vulgo denominava
mesmo de carro-pipa. Serviam para combater incêndios, porém, serviam com mais
agrado aos motoristas do Corpo para distribuir água; elemento vital, cuja
distribuição na cidade continuava bastante precária. Assim, os motoristas
compraziam-se em distribuir o precioso líquido, todavia, mais precioso ainda para
eles, pois, enchendo alguns tanques ou camburões particulares, auferiam algum
trocado. Em razão desse suprimento diário, apelidaram carinhosamente aos ABT de
“mamãe Dolores”.
Na
manhã desse dia, o major PM Pedro Câmara recebeu do major CB Nicanor Gomes da
Silva o Corpo de Bombeiros de Manaus. Em uma solenidade estritamente policial militar,
da qual, apesar da significação histórica, não há qualquer registro
jornalístico. Muito embora circulassem vários títulos de jornais, além de
rádios AM e da FM Tropical, as TVs Ajuricaba (Canal 20) e Baré (Canal 4). Nada
foi noticiado (censura?), por se tratar de solenidade com tropas militares, ou
para escamotear a inconcebível situação dos “homens do fogo”?
Recorte da capa do livro |
Relembrou a singeleza desta solenidade para este relato o comandante dos municipais: nada de convidados, a mais destacada autoridade presente foi o comandante-geral da PM, coronel EB Paulo Figueiredo. A fim de abrigar a pequena tropa, retiraram-se as viaturas do quartel, e pronto! Não houve sequer a indefectível Ordem do Dia, tampouco coquetel. Todavia, os sofridos Bombeiros de Manaus possuíam uma incontida aspiração: ver a hora de recomeçar nova e prestigiosa etapa profissional.
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