Em 2002, há duas décadas, a Praça da Polícia perdeu seu maior referencial, o quartel da Força Pública, que foi transferido para o bairro de Petrópolis. Sete anos depois, em 25 de março de 2009, o governo do Estado inaugurou naquelas dependências o Palacete Provincial, que segue oferecendo diversas atividades culturais.Quartel da Polícia Militar, em festa noturna
Na ocasião desta solenidade, o matutino EM TEMPO circulou um caderno Especial, no qual ocupei uma página, entrevistado pelo jornalista Evaldo Ferreira sobre a mudança do comando da Polícia Militar do Amazonas.
Recorte do jornal EM TEMPO, 25 mar. 2009 |
Em
2002, depois de passar 107 anos no Palacete Provincial, o Comando-Geral da Polícia
Militar teve de ser transferido para outras instalações no bairro de Petrópolis.
O coronel reformado Roberto Mendonça, que foi subchefe da Casa Militar de 1983
a 1984 e subcomandante da corporação de 1993 a 1994, lembra que a mudança
dividiu opiniões.
"A
situação em que estava o prédio, bastante deteriorado, inclusive o seu entorno,
e pequeno demais para a corporação, levou a PM a procurar outro local e liberar
o Quartel da Praça da Policia para outra destinação. Entretanto, muitos dos
policiais saudosos, entre oficiais e praças, realmente “choraram” essa
separação. Até hoje, muitos gostariam de ver a PM de volta no local”, comentou o
ex-PM que serviu a corporação par 30 anos.
Segundo
o militar aposentado, o que determinou, de fato, a transferência do Comando-Geral
da PM foi a falta de estrutura física. "A mudança era necessária porque o
prédio não tinha mais condições físicas de abrigar o efetivo, que havia
crescido com o tempo, e nem mesmo os próprios carros dos militares. Agora, o
Comando está mais bem instalado", comentou.
Roberto
Mendonça é favorável à reutilização do antigo prédio da PM, que, agora se
tornou um centro cultural. "A cidade ganhou um belo edifício de
arquitetura antiga", disse, elogiando o trabalho de restauro realizado no
prédio pela Secretaria de Estado e Cultura (SEC). "Ele também será muito
importante porque vai abrigar importantes museus do Estado, como o Tiradentes,
que tem peças adquiridas há mais de cem anos, entre elas a bandeira que os
soldados amazonenses levaram a Canudos", comentou.
O ex-PM registrou a história da corporação na série "Memória", que foi lançada pelo governo do Estado em novembro de 2000. Ele também pretende lançar o seu livro "Administração do Coronel Lisboa", sobre a vida do também militar Adolpho Lisboa, no atual complexo do Palacete Provincial. O livro é um ensaio histórico que recebeu o prêmio Arthur Reis, concedido pelo Conselho Municipal de Cultura (ConCultura), por meio do projeto cultural Prêmios Literários Cidade de Manaus.
PM
continua no palacete
A
Polícia Militar não foi totalmente retirada do prédio, após o restauro do
Palacete Provincial. O secretário estadual de Cultura, Robério Braga, informou
que o antigo gabinete do comandante, juntamente com todo o mobiliário original,
como sofás, cadeiras, mesas, armários, além de objetos de arte, entre eles escudos,
brasões, esculturas etc. foram completamente restaurados com o intuito de ser
novamente utilizado pelo Comando Geral da PM em ocasiões solenes. "Da
mesma forma que o governador Eduardo Braga recepciona chefes de Estado e outras
autoridades no Palácio Rio Negro, o comandante da PM poderá realizar suas
reuniões e receber convidados aqui no seu Gabinete", explicou Robério,
destacando que a sala contém, ainda, a memória da PM. "Todos os boletins
históricos da PM foram recuperados e agora estão disponíveis. A história da
corporação está registrada aqui", frisou.
Prédio teve várias utilizações
Antes
de abrigar a sede do Comando Geral da PM, o Palacete Provincial teve várias
utilizações. Ele começou a ser construído, em 1861, para ser a residência do empresário
e capitão da Guarda Nacional Custodio Pires Garcia, que faleceu deixando a obra
inacabada. Em 1867, foi comprado pelo presidente provincial José Bernardo Michilles
para transformá-lo Paço Municipal.
No
ano de 1873, o então presidente da Província (1873-1875) Domingos Monteiro
Peixoto concluiu a obra para abrigar as várias repartições provinciais. Após um
ano, em 25 de março, com as obras concluídas,
foram instaladas no edifício a Assembleia Provincial, a Repartição de Obras Públicas,
a Biblioteca Pública e o Liceu Provincial – atual Colégio Amazonense D. Pedro
II. Entretanto, a inauguração ocorreu somente em 28 de fevereiro de 1875.
Durante
o governo de Eduardo Ribeiro (1892-96), o Palacete passou a ser o comando da
Polícia Militar. Hoje, o prédio considerado um patrimônio tangível que foi tombado
em conjunto com a Praça Heliodoro Balbi e o Colégio Amazonense D. Pedro II, encontra-se
sob a proteção especial da Comissão Permanente de Defesa do Patrimônio Histórico
e Artístico.
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