Mineiro de São João Del Rei, onde nasceu em 1928, William Rodrigues
resume a própria história do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia),
aonde chegou ainda nos primórdios (1954) para organizar o setor de Botânica. Criado
por Getúlio Vargas, foi implantado em 27 de julho de 1954, pouco antes do suicídio
de seu criador. O instituto completa, portanto, 70 anos em julho próximo.W.A.Rodrigues, 2015
Lembro de ter frequentado o INPA, dez anos depois, então instalado precariamente na rua Guilherme Moreira, encaminhado para exame em feridas “brabas” adquiridas nas matas da estrada Manaus-Rio Branco (hoje BR-174). Realizada a biopsia, veio o diagnóstico: leishimaniose.
De volta ao botânico: dentre inúmeras outras espécies coletadas por ele e descritas por outros especialistas, um gênero novo da família das Lauráceas, Williamodendron, gênero próximo das itaúbas (Mezilaurus), foi descrito pelo botânico alemão Klaus Kubitzki em sua homenagem. A espécie tipo é uma portentosa árvore, de lindo aspecto, só conhecida nas florestas de terra firme ao longo da Rodovia AM-010, estrada Manaus-Itacoatiara, além do km 125. Trata-se de uma justa homenagem a um cientista da sua importância. (Entrevista de Regina Melo, publicada em Acta Amazônica 34, dez. 2004)
Em 1970, conquistou a cadeira nº 38 da Academia Amazonense de Letras. Aposentado do INPA, foi professor emérito da Universidade Federal do Paraná. Estou em busca da data de seu falecimento.
Botânico
William Rodrigues localiza árvore que morre após a primeira frutificação
Causou grande repercussão no XIII Congresso
Nacional de Botânica, realizado em fins de fevereiro último no Recife, a
comunicação apresentada pelo botânico William A. Rodrigues, do INPA, sobre uma árvore,
pela primeira vez assinalada na região amazônica, que morre após a primeira
frutificação.
A árvore é conhecida em Manaus pelo nome de
“surucucumirá”. Seu nome científico é “Sohnreyia excelsa” e pertence à família
das rutáceas, a mesma das nossas conhecidas laranjeiras, porém a forma da árvore
é bastante diferente, lembrando mais uma grande palmeira pelo feixe, de folhas
grandes no ápice do tronco. Ocorre mais comumente nas matas de terra firme em
torno de Manaus. Floresce muito irregularmente.
O botânico William Rodrigues há mais de 7
anos que trabalha na Amazônia, só agora pode observar pela primeira vez a sua
floração. Com interesse natural de um botânico colocou algumas árvores em
observação, visto que sua inflorescência muito grande chama a atenção pela
beleza, no ápice da copa, circundada pelas largas folhas verde-escuras formando
como que um buquê.
Notou após algum tempo que todas as árvores
que haviam florescido e frutificado estavam secas, só restando o tronco; e no
ápice, o resto seco da inflorescência, tendo inclusive perdido já toda a
folhagem. A frutificação da árvore é abundante e suas sementes são adaptadas
para fácil dispersão pelo vento, o que impede a extinção da espécie.
Observações a respeito haviam sido
referidas por Ducke, um dos maiores botânicos da Amazônia, porém ele mesmo
confessava não ter tido oportunidade de surpreender uma árvore dessas morrendo
após sua frutificação. Foram tiradas diversas fotografias, as quais serviam de
documentação desse fenômeno da natureza.
FENÔMENO RARO
Fora da Amazônia e do Brasil conhecia-se uma palmeira que apresentava esse mesmo fenômeno. É a conhecida “ola” ou “talipod palm”, originária do Ceilão, cujo nome cientifico é “corypha umbraculifera”. No jardim do Museu Emilio Goeldi, em Belém, havia uma dessas palmeiras cultivada. Após sua frutificação morreu da mesma forma que a nossa “surucucumirá". Uma outra árvore também comum na parte oriental da Amazônia, especialmente do lado do Pará e Território do Amapá, foi observada por Ducke e Murça Pires, morrendo após também sua frutificação. Trata-se de uma leguminosa conhecida pelo nome de “tachi preto da mata” (tachigalia myrmecophila).
Há outras arvores na Amazônia que provavelmente apresentam o mesmo fenômeno, porém, até agora ainda não foram observadas, visto que muitas delas às vezes levam muitos anos até que floresçam. Nem todas essas árvores florescem e frutificam ao mesmo tempo, só chegando mesmo a florescer aquelas que atingiram o máximo de seu ciclo vital. A frutificação, geralmente abundante, não é mais do que uma defesa da espécie a sua sobrevivência. O motivo que causa a morte dessas árvores ainda não está bem explicado, porém admite-se que esteja relacionado com a fisiologia da espécie.
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