Zuavo guarnecendo o portão do antigo Quartel da Praça da Polícia |
De outro lado, o capitão Júlio Cordeiro de
Carvalho, pernambucano, incorporado como sargento à PM no período da Segunda
Guerra. Tornou-se um agiota no quartel e latifundiário na cidade.
Na manhã de 6 de dezembro de 1958, quando da
formatura matinal no pátio do quartel da Praça da Polícia, aconteceu uma divergência
(da qual desconheço a motivação) entre os nominados, de tal ordem, que “saíram
pra porrada” na frente da tropa.
Parte do desenrolar da crise vai contada nesta nota que a oficialidade da corporação patrocinou a publicação em A Crítica (9 dezembro 1958)
O major Júlio Cordeiro de
Carvalho foi recolhido ao EM do 27 BC | Adotada a Medida Por Precaução Para
Evitar Consequências Mais Graves | Enérgica Nota da Oficialidade da Polícia
Militar do Estado
Como já é do conhecimento público através de uma Nota
publicada pela Imprensa local, assinada por vários sargentos da Polícia Militar
do Estado, ocorreu, há dias, sério incidente no quartel da corporação do que
resultou entrarem em violenta luta corporal o coronel Cleto Potyguara Veras, comandante,
e o major [na verdade, capitão promovido em 24/09/54] Júlio Cordeiro de
Carvalho. Face a essa ocorrência foi o oficial subalterno
recolhido, preso, ao Estado-Maior da PMA por 30 dias.
Ante a Nota publicada, assinada por diversos sargentos,
a oficialidade, na sua quase totalidade, resolveu repudiar publicamente essa
atitude de insubordinação e hipotecar irrestrita solidariedade ao major Júlio
Cordeiro de Carvalho.
Com isso agravou-se, ao que nos informaram a situação
interna da Polícia Militar do Estado, motivo porque uma comissão de oficiais, inclusive
o tenente-coronel Moutinho, subcomandante da corporação, procurou o Comando do
27 BC a quem solicitou asilo para o major Júlio Cordeiro de Carvalho, que desde
ontem encontra-se recolhido ao EM do 27º BC.
Essa medida foi adotada por precaução, a fim de
evitar novos incidentes mais graves entre o coronel Cleto Veras e o major Júlio
Cordeiro de Carvalho.
Publicamos abaixo a Nota dos Oficiais que prestam
solidariedade ao major Júlio Cordeiro de Carvalho.
Recorte de A Crítica, 9 dezembro 1958 |
A OFICIALIDADE DA POLICIA MILITAR DO ESTADO, face à inoportuna NOTA publicada pelo "O Jornal" de 7 do corrente, sob o título "SOLICITADAS", de autoria de alguns sargentos da Polícia Militar do Estado, na qual vêm prestando solidariedade ao comando da referida Corporação em flagrante desrespeito aos preceitos regulamentares, mencionando deturpadamente um incidente havido na manhã do dia 6 do corrente, entre o senhor coronel Cleto Potyguara Veras e o capitão Júlio Cordeiro de Carvalho e, como 0 caso esteja entregue à Justiça Militar para ser apurado nos seus devidos termos, vem por meio da presente protestar contra a referida nota, por não expressar a verdade dos fatos, e prestar inteira solidariedade moral ao Capitão Júlio Cordeiro de Carvalho, diante da referida "Solicitada".
Manaus, 7 de dezembro de 1958.(ass.) Tenente-Coronel Médico Dr. Antônio Hosannah da Silva Filho; Tenente-Coronel Neper da Silveira Alencar [chefe da Casa Militar]; Majores Manoel José Moutinho Júnior [subcomandante], Jorge Fernandes de Lima, Francisco Menezes, José Silva; Capitães Achilles Daltro Pinto da Frota, Mozart Miquelino da Cunha, João Teixeira, Omar Gomes da Silveira; Tenentes Pedro Macedo de Albuquerque, Olívio Carvalho Vieira, Francisco de Assis Magalhães, José de Areosa Assunção, Mirtilo Frické de Lyra, Edson Borges de Paula, Nathan Lamego de Oliveira, Alfredo Barbosa Filho, Edgar Pinheiro Gama, Joaquim Henriques de Souza, Deocleciano Vieira, Alcimar Guimarães Pinheiro, Francisco Carneiro da Silva, Waldemar Silva, Severino Gomes da Silva.
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