CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

terça-feira, janeiro 02, 2018

CENTENÁRIO DE GENESINO BRAGA

Autor recebendo o prêmio de
Ursulita Alfaia, filha de
Genesino Braga
Formalizando o registro postado, estou iniciando a divulgação do meu trabalho premiado pela Academia Amazonense de Letras, vencido por ocasião do centenário de nascimento do saudoso acadêmico, cronista e memorialista Genesino Braga (1906-88). Sem olvidar seu esforço na consolidação da Biblioteca Pública. 

A Amazônia: há cem anos

As cidades de Manaus e de Santarém guardam certas peculiaridades entre si. Como todas as cidades regionais, estão chantadas à margem de rios, aqui o Negro, ali o Tapajós, ambos tributários do rio Amazonas, que as enlaça e, ao mesmo tempo, as distancia. Em tempos mais remotos, os desbravadores e os viajantes foram os mesmos que, singrando o curso natural das águas, visitaram suas sedes. Tem mais. Entre outras similitudes, durante largo período integraram a desmesurada província do Grão-Pará. Enfim, a presença de destacadas personagens da história amazônica, as quais, transitando pelas águas do rio mar, aproximaram bem mais estas cidades.

O trânsito fluvial teve início no período colonial. Arthur Reis ensina que, em 1626, Pedro Teixeira, à frente de uma tropa de Resgates, subiu o Amazonas, passando pelas localidades que um dia abrigariam essas mencionadas cidades. Outro personagem marcante é Francisco da Mota Falcão, que construiu os fortins de ambas as cidades. Mais adiante, Francisco Xavier de Mendonça Furtado veio governar a Amazônia, em 1751. Em 24 de outubro de 1848, Manaus e Santarém receberam o título de cidade. Ambas as cidades foram visitadas pelos cientistas Martius e Von Spix; assim como Alfred Russell Wallace e Henry Walter Bates e pelo brasileiro João Barbosa Rodrigues.

Placa comemorativa  entregue na Academia de Letras
A conquista espiritual da Amazônia alcançou o Amazonas, após autonomia do bispado do Pará, no final do século XIX. A prelazia de Santarém foi implantada somente em 10 de janeiro de 1907, quando tomou posse dom Amando Bahlmann, da ordem franciscana, que dirigiu seu rebanho por trinta anos.
Na virada do século XX, a existência amazônica se modifica, em função da exploração da borracha. Não se pode afirmar que todos os recantos da Amazônia receberam os benefícios econômicos, os mais abundantes que a seiva da seringueira derramou sobre o território. Não. Neste sentido, apenas as capitais do Pará e do Amazonas foram bem mais afortunadas, conhecidas não apenas pelos relatos acadêmicos e governamentais, melhor ainda pelos restos mortais de obras fincadas nestes territórios. Entretanto, algumas poucas cidades do interior receberam sua cota de participação. São exemplos: Sena Madureira, no Acre, que o acadêmico Antônio Loureiro descreveu com propriedade; e Santarém, que baliza o meio do caminho entre as principais capitais amazônicas, na embocadura do rio Tapajós. A importância estratégica desta cidade segue ressaltada sempre que se descortina a ideia de implantar novo Estado na região paraense.

Àquele tempo, a evolução da cidade de Santarém podia ser descrita pela consecução de medidas de caráter administrativo. Em 1900, em 31 de maio, foi inaugurado o Grupo Escolar de Santarém, por ser o primeiro levava apenas o nome do município. Nesta unidade de ensino eram ministrados os conhecimentos básicos, o Grupo preparava o educando para o ginásio (correspondente ao atual segundo grau), alcançado mediante o Exame de Admissão. Este estabelecimento ainda existe, mas teve sua denominação alterada para Frei Ambrosio.


Ao tempo do nascimento de Genesino, governava o estado do Pará, Augusto Montenegro, em dois mandatos sucessivos que se prolongaram até 1909; no entanto, a figura mais emblemática da época foi o Intendente Antonio Lemos, que administrou a cidade de Belém por mais de um decênio (1897-1908). No Amazonas, era governador, Constantino Nery (1904-07), e prefeito de Manaus, Adolpho Lisboa.  Administravam em temporada de finanças fartas sustentadas unicamente na exploração da borracha. Este período, estudiosos e saudosistas o denominam de belle époque.

Nenhum comentário:

Postar um comentário