Autor recebendo o prêmio de Ursulita Alfaia, filha de Genesino Braga |
A Amazônia: há cem anos
As
cidades de Manaus e de Santarém guardam certas peculiaridades entre si. Como
todas as cidades regionais, estão chantadas à margem de rios, aqui o Negro, ali
o Tapajós, ambos tributários do rio Amazonas, que as enlaça e, ao mesmo tempo,
as distancia. Em tempos mais remotos, os desbravadores e os viajantes foram os
mesmos que, singrando o curso natural das águas, visitaram suas sedes. Tem
mais. Entre outras similitudes, durante largo período integraram a desmesurada
província do Grão-Pará. Enfim, a presença de destacadas personagens da história
amazônica, as quais, transitando pelas águas do rio mar, aproximaram bem mais estas cidades.
O
trânsito fluvial teve início no período colonial. Arthur Reis ensina que, em
1626, Pedro Teixeira, à frente de uma tropa de Resgates, subiu o Amazonas,
passando pelas localidades que um dia abrigariam essas mencionadas cidades.
Outro personagem marcante é Francisco da Mota Falcão, que construiu os fortins
de ambas as cidades. Mais adiante, Francisco Xavier de Mendonça Furtado veio
governar a Amazônia, em 1751. Em 24 de outubro de 1848, Manaus e Santarém
receberam o título de cidade. Ambas as cidades foram visitadas pelos cientistas
Martius e Von Spix; assim como Alfred Russell Wallace e Henry Walter Bates e
pelo brasileiro João Barbosa Rodrigues.
Placa comemorativa entregue na Academia de Letras |
A conquista espiritual da Amazônia
alcançou o Amazonas, após autonomia do bispado do Pará, no final do século XIX.
A prelazia de Santarém foi implantada somente em 10 de janeiro de 1907, quando
tomou posse dom Amando Bahlmann, da ordem franciscana, que dirigiu seu rebanho
por trinta anos.
Na
virada do século XX, a existência amazônica se modifica, em função da
exploração da borracha. Não se pode afirmar que todos os recantos da Amazônia
receberam os benefícios econômicos, os mais abundantes que a seiva da
seringueira derramou sobre o território. Não. Neste sentido, apenas as capitais
do Pará e do Amazonas foram bem mais afortunadas, conhecidas não apenas pelos
relatos acadêmicos e governamentais, melhor ainda pelos restos mortais de obras
fincadas nestes territórios. Entretanto, algumas poucas cidades do interior
receberam sua cota de participação. São exemplos: Sena Madureira, no Acre, que
o acadêmico Antônio Loureiro descreveu com propriedade; e Santarém, que baliza o
meio do caminho entre as principais capitais amazônicas, na embocadura do rio
Tapajós. A importância estratégica desta cidade segue ressaltada sempre que se
descortina a ideia de implantar novo Estado na região paraense.
Àquele
tempo, a evolução da cidade de Santarém podia ser descrita pela consecução de
medidas de caráter administrativo. Em 1900, em 31 de maio, foi inaugurado o Grupo
Escolar de Santarém, por ser o primeiro levava apenas o nome do município.
Nesta unidade de ensino eram ministrados os conhecimentos básicos, o Grupo
preparava o educando para o ginásio (correspondente ao atual segundo grau),
alcançado mediante o Exame de Admissão. Este estabelecimento ainda existe, mas
teve sua denominação alterada para Frei
Ambrosio.
Ao
tempo do nascimento de Genesino, governava
o estado do Pará, Augusto Montenegro, em dois mandatos sucessivos que se
prolongaram até 1909; no entanto, a figura mais emblemática da época foi o
Intendente Antonio Lemos, que administrou a cidade de Belém por mais de um
decênio (1897-1908). No Amazonas, era governador, Constantino Nery (1904-07), e
prefeito de Manaus, Adolpho Lisboa.
Administravam em temporada de finanças fartas sustentadas unicamente na
exploração da borracha. Este período, estudiosos e saudosistas o denominam de belle époque.
Nenhum comentário:
Postar um comentário