Quando o coronel Cleto Veras, comandante da
PMAM, anunciou a criação do Cosme-e-Damião na cidade, em 1956, produziu forte alvoroço.
Pouco antes da instalação, o matutino de
Umberto Calderaro manifestava votos de sucesso pela iniciativa, expressos na
edição de 30 de julho de 1956, na (ainda hoje existente) coluna Sim e Não.
Este policiamento foi inaugurado no Dia
do Soldado, 25 de agosto seguinte.
NOVOS aspectos vem de tornar a anunciada criação, entre nós, dos chamados “Cosme-e-Damião”, essa simpatizada corporação de mantenedores da ordem pública que assinalados serviços presta ao povo, nos centros mais adiantados do País.
Composta de homens especialmente treinados para esse metiê, qual seja o de manter a ordem e garantir a segurança dos cidadãos – homens, mulheres, velhos e crianças a— os “Cosme-e-Damião” mantém, em toda parte, um padrão de alta eficiência nas suas atividades, pois só ingressam nas suas fileiras rapazes de boa formação moral, conscientes da missão a que se dedicam, serenos na ação e fortes e destemidos quando essa mesma ação assim o exige, mas antes de tudo adotando aquele célebre lema, muito parecido com o que usam os pioneiros da campanha nacional pela conquista dos nossos aborígenes, ou seja, “não matar nunca, nem espancar, deixar-se morrer, se for o caso”.
Assim é a escola dos “Cosme-e-Damião”, como a vemos nos centros civilizados do nosso País e se alguma vez foram eles obrigados a ultrapassar os métodos da sua disciplina, isso aconteceu por via de circunstâncias além de sua vontade, como foi o caso da recente greve de estudantes, contra o aumento dos bondes, na Capital da República, em consequência, aliás, da ação nefasta e sorrateira de alguns políticos inescrupulosos, que de tal movimento se aproveitaram para fazer média política, à custa dos estudantes inexperientes.
Soubemos, por exemplo, que a criação dos “Cosme-e-Damião”, em nossa capital, vai obedecer ao seguinte método: não será aproveitada a Guarda Civil, conforme anteriormente noticiamos. Os “Cosme-e-Damião” sairão da própria Polícia Militar do Estado.
Vinte homens, cada dia, segundo é pensamento do comandante Cleto Potiguara Veras, serão destacados para a vigilância da cidade, de dois-em-dois, sendo que, após o turno de serviço prestado, passarão a servir às ordens da COAP [Comissão de Abastecimento e Preços], realizando uma outra tarefa de muita utilidade, que é a repressão à ganância dos tubarões das feiras e mercados, livrando o povo da gula insaciável desses incorrigíveis senhores. A Guarda Civil, portanto, ficará no seu lugar.
Consta que o comandante Cleto Veras já tem prontos os fardamentos dos futuros “Cosme-e-Damião” de Manaus, inclusive calçados e armamentos adequados à sua missão, sendo de esperar-se, por conseguinte, sua breve aparição em nossas ruas e praças, até hoje abandonadas, à mercê de toda sorte de maus elementos, que entre nós proliferam, da maneira mais deplorável e prejudicial.Todos devem colaborar, por conseguinte, com a ação moralizadora dos “Cosme-e-Damião” amazonenses, que vêem aí, segundo tudo indica, imbuídos dos melhores propósitos.
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