O autor, na "ótica" do Jack |
Catando, como de hábito, alfarrábios “escondidinhos”,
dei com essa preciosidade própria. Explico. Em 1996 ou 97, o jornalista Evaldo
Ferreira, hoje no Jornal
do Commercio, convenceu-me a escrever uma coluna jornalística. Não relembro
o nome do periódico, nem a regularidade do trabalho. Lembrava apenas de ter elaborado
um exercício como teste e, como desisti do embate, arquivei o material.
Hoje,
vinte e tantos anos depois, reencontrei-me com o Resumo
(pretenso título da coluna) que vai aqui postado, abandonando o gueto em que fora
enfurnado. Depois desse longo período, os assuntos parecem estar fora de ordem.
RESUMO
BATER O CENTRO
CENTENÁRIO DO TEATRO AMAZONAS
1996
foi o ano do centenário do Teatro Amazonas! Para tanto, o tenor José Carreras
subiu recentemente ao palco e levou ao delírio os enfatiotados presentes,
depois de nos levar bons “trocados”. Na época se especulou porque tanto
dinheiro para um único artista. Certo
mesmo, é que nada mais se viu sobre o centenário. Nada mais se gastou em reais
para relevar a decantada data natalícia.
Foi
necessária a presença da brasileiríssima Petrobras, através da Refinaria Isaac
Sabbá, para reavivar a lembrança da efeméride. Neste final de semana ocorreu a
presença da Orquestra e Coral de funcionários da Petrobras. O espetáculo
agradou, obviamente, afinal os manauenses ansiavam por um bom espetáculo, tanto
que as palmas foram em demasia, até quando não se devia aplaudir.
Agora,
quando a Orquestra e Coral executaram o nosso Hino Nacional, muitos dos
presentes optaram por ouvi-lo, sentados! Isto é brasilidade? Ou, ao se desrespeitar
este símbolo pátrio, como chegar à cidadania plena?
Acredito
que nada mais será realizado para comemorar a data. Não seria mais
interessante, despirmo-nos da frescura brega do “boi-bumbá” e dividir o Teatro
em duas galeras: vermelho e azul? Até a Internet estaria compondo este primor
de festa. Cem anos depois, o TA ainda motiva abstração, o povo dentro ou fora.
Dá-lhe azul e vermelho!
ELEIÇÃO MUNICIPAL
Será
inesquecível, por distintos motivos: o número de candidatos e suas promessas
mirabolantes, o uso da televisão no horário nobre e a máquina de votar. Para
não cansar. Li em um jornal local, sobre o número de militares que buscam uma
vaga na Câmara. Trata-se de cerca de vinte candidatos, assegura a matéria,
quando na verdade só de policiais, excluindo-se os militares federais, são
trinta. Sim, sob a direção de um coronel-prefeito. Portanto, se este segmento
da sociedade eleger a todos seus candidatos, teríamos Manaus sob o comando dos
militares. Acabaria a esculhambação, sintetiza o mesmo periódico. Talvez, o
autor do comentário tenha assistido ao horário gratuito, quando as sandices de
tantos ofendem a tão poucos.
Mas,
a providência legal de permitir que o horário nobre da TV aceitasse a
propaganda de seus candidatos, permite observar o tamanho da legenda. Legenda
é, entre outras verdades, a capacidade dos partidos de colorir a seus
indicados. O defunto sempre é possuidor de bons predicados. Na TV, não acontece
o mesmo com os indicados?
Finalmente,
a máquina de votar é realidade. Em determinada feira de informática, aproveitei
para aprender a votar. A grande pergunta é saber como anular o voto. Como fazíamos
na cédula eleitoral, que permitia escrever alguns destemperos e palavras
impublicáveis, daquelas que se entende até abreviada. Aprendi a anular o voto,
ainda bem. A vantagem maior fica para os candidatos, ou melhor, para a genitora
de todos eles, que a partir da próxima eleição perde o direito de ser
xingada.
OLIMPÍADA
Lembrança da peça exposta na Praça do Congresso |
A
importante parada desportiva do século ocorreu nos EUA. O Brasil participou com
brilhantismo, sem falar do “desdouro” no futebol masculino. O importante foi a
cobertura jornalística. Vimos tudo e mais que o satélite permite. Impressionou
a todos o patriotismo dos narradores, a técnica dos comentaristas, enfim,
apenas medalhamos, porque os atletas não ouviam aos apresentadores da
televisão. Quanta sabedoria estes transmitem com poder de descrever o óbvio, na
loucura de mostrar o que todos não conseguem ver.
Há
outra olimpíada, esta dos deficientes físicos. Que ocorre com a televisão? Será
vergonhoso, ou deprimente mostrar cenas de pessoas com pernas ou braços
mecânicos? Falta apoio das empresas, pois, como vender apenas para deficientes.
Como explicar tal discriminação, se queremos tê-los como iguais.
SEMANA DA PÁTRIA/96
Fria,
a despeito do tempo calorento, repleta de fatos estranhos: seu início ocorreu
no segundo dia. Afinal, começar em um domingo, não dava. Na segunda, o trânsito
foi destroçado pelo fogo simbólico. Depois, um balé selvagem animou os
transeuntes, porquanto as gradas autoridades não deram o mínimo. Desculpe, sim,
o governador deitou falação e gabou o esforço estudantil. A semana homenageava
o Meio Ambiente, tão em moda, mas o fogo queimava a árvore debaixo da qual
espalhava sua chama. No dia 5, inventaram uma homenagem ao primeiro governador
- Presidente Figueiredo, não apareceu qualquer autoridade. Caiu do céu um buquê
de flores. A banda de música não tocou, mas o povão queria mesmo era o festival
da Velha Serpa. Aos pombos nosso fundador.
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