Mais detalhes da trajetória da Banda de Música da PMAM, algumas observações constantes de um capítulo escrito para um almejado livro sobre esta corporação musical.
Minha
publicação jornalística não obteve imediato acolhimento. Veio em seguida o
trabalho acadêmico (certamente o primeiro) de um membro do corpo musical. Refiro-me ao Pedro Carlos Barroso
Augustinho, então subtenente músico, com o TCC: A música na
Polícia Militar do Amazonas: das origens à Primeira Guerra Mundial (1850-1910).Ximeno de Villeroy, 1º governador do
Amazonas, que alojou a PM no
quartel da Praça da Polícia
Augustinho
(nome de guerra), logo no Resumo,
questiona: não podemos nos referir a este registro – 3 de junho de 1893 – “pois,
em 5 de agosto do ano anterior, assume a regência dela o mestre de música
Cincinato Ferreira de Souza”. Estou de acordo, pois o contrato com este músico ocorreu
amparado no decreto 11/1890, que organizou a Força Militar Estadual e assegurou
“a formação de uma Banda de Música composta de 16 músicos e nove corneteiros”.
Contratado para ensaiar a Banda de Música, o “cidadão” (tratamento
observado nos dias inaugurais da República) Cincinato Ferreira de Souza foi,
por conseguinte, o primeiro regente da Banda
de Música coronel Afonso de Carvalho. A relação completa de seus regentes vem
se tornando para mim uma desafiadora questão, provocadora, porque, como veremos
adiante, ainda é precária a relação dos mestres e contramestres. E péssima, quanto
aos demais músicos. Ora repartidos em classes, ora partilhados na graduação de
praças, jazem no limbo, ocultos em livros de assentamentos menosprezados pela corporação,
visto que grande parte desses volumes foi entregue ao esmero – ainda bem – da Secretaria
Estadual de Cultura.
Há outro pormenor que se deve apreciar acerca de o aparecimento
da Música na Polícia Militar do Amazonas. Trata-se da existência de corneteiros
ou cornetas, presença já referida em 1878, dois anos após a reativação desta corporação,
pelo seu comandante, major EB Silvério Nery (pai do governador de mesmo nome). Pormenor:
ao corneteiro compete anunciar as atividades diárias de qualquer corpo militar,
ou seja, o toque de corneta anuncia o horário do expediente e, também, dirige exercícios
de ordem-unida. Disse “anunciava”, pois a tecnologia vem aposentando gradativamente esse profissional.
Em janeiro de 1890, empossado o
primeiro governador do Amazonas, tenente EB Augusto Ximeno de Villeroy, a
organização política do Estado tomou nova orientação, encetando novo rumo. A
renovação atingiu intensamente a força militar estadual que, sob a denominação de
Batalhão de Polícia ocupou, em março daquele
ano, o edifício existente na Praça da Polícia (hoje rebatizado de Palacete
Provincial), ainda em sua dimensão original, porém, com envergadura bastante para
abrigar com certa comodidade aos policiais. (Neste endereço, a Polícia Militar permaneceria
por mais de um século, precisamente até 2002.) A ampliação deste edifício, o
imóvel que a cidade herdou, ocorreu em 1895 na administração de Eduardo Ribeiro
(1892-96), sendo comandante, o major Raimundo Afonso de Carvalho da própria
Força Estadual.
Villeroy, ao substituir o provincial
Corpo Policial pelo Batalhão de Polícia, fixou-lhe o efetivo e baixou o regulamento
próprio, nele definindo os vencimentos. No efetivo, eram previstos um mestre de
música e 15 músicos, também o corneta-mor e 8 corneteiros que auferiam o mesmo soldo
do soldado. O mestre de música e o corneta-mor eram contemplados
com o soldo de 2º sargento. Convém esclarecer que o efetivo de músicos não foi
prontamente ultimado e, sem instrumental, a deficiência de música na corporação
prolongou-se. Esta explicação é corroborada pela autorização que, em 24 de outubro,
o tenente EB Silva Teles, comandante da Força, recebeu “para contratar 15
músicos e um mestre para exclusivamente ensaiar e comparecer completamente
fardados em qualquer formatura e tocata determinada”. A Banda, portanto, ainda ensaiava.
A notícia do primeiro desempenho da agremiação musical
encontra-se em A
Vida musical em Manaus na época da borracha (1850-1910) de Márcio Páscoa. O
debutar ocorreu em 15 de novembro de 1893, é óbvio, em homenagem à Proclamação
da República, diante do Palácio dos Governadores, hoje Praça Dom Pedro II. A
musicata para o público teve início às 17h30 e prosseguiu por uma hora. Em
seguida, apresentou-se em frente ao seu quartel, na Praça da Constituição, atual
de Heliodoro Balbi ou, no popular, da Polícia. Lamentavelmente, não há a indicação
do regente. Acredito, porém, ter sido o primeiro contratado: Cincinato Ferreira,
sobre o qual escrevo no devido bloco.
Quatro dias depois – Dia da Bandeira, a Banda do
Batalhão Militar de Segurança (nova designação da PMAM) efetua nova retreta, sucedida
no último local mencionado. Em frente ao quartel, pois a praça que hoje desfrutamos
ainda estava longe de sua inauguração, devidamente decorada e centralizada pelo
coreto que apreciamos. De especial, cabe assinalar que no repertório constava o
dobrado(?) Batalhão Militar de Segurança,
de autoria de Aristides Bayma, futuro regente do mesmo conjunto. (segue)
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