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sábado, dezembro 17, 2022

DESASTRE DO PP-PDE: 60 ANOS (final))

Duas expedições cumpriram o objetivo de alcançar os destroços e os mortos do Constellation da PP-PDE. Uma, da Petrobras, que buscava auxiliar aos quatro colegas embarcados em Belém; a outra, composta de recrutas do 27 BC, liderados pelo tenente Braga Vieira, e funcionários do Deram. 

Fragmento da 1ª página de A Gazeta, 21 dez. 1962 

Ambas chegaram ao destino dia 21 de dezembro, lembrando que o avião desapareceu dia 14. Empreitadas de urgência: limpar a área para o pouso dos helicópteros e auxiliar na recuperação dos despojos. Tarefas realizadas com material primitivo: terçado (na linguagem baré) e machado... a motosserra ainda era objeto de pesquisa. Os restos humanos foram recolhidos com as mãos, sem uso de qualquer EPI.

Fragmento do jornal O Poti (RN), Natal, 16 dez. 1962 

A proximidade da festa de Natal certamente contribuiu para que as diligências necessárias fossem apressadas. Os resgatistas nem imaginavam em festa natalina dentro da selva, isolados de tudo, bastaram os dias de marcha. Dessa maneira, os investigadores do acidente, oficiais da Força Aérea, limitaram-se a fotografar os destroços, tanto que o laudo produzido é de maneira vergonhosa inconclusivo.

Dos restos mortais de 50 vítimas, somente 19 corpos (ou porções humanas) foram trazidas para Manaus, os demais obviamente foram abandonados à própria degradação e ao pasto dos predadores. O recolhimento dos corpos era (e é) obrigação da Força Aérea. A ausência de tantos corpos proporcionou diversas desventuras junto às famílias desejosas de sepultar seu “ente querido”. A própria companhia aérea viu-se emparedada para atender a este anseio familiar. Então, o que fazer? Algumas urnas funerárias foram entregues com saco de areia, para simular o peso. 

Recorte de O Jornal, Manaus, 9 jan. 1963

Passado o réveillon, a cidade de Manaus seguiu por meio da imprensa as várias iniciativas buscando - ainda - resgatar os mortos. Ao menos uma expedição foi ao local, supervisionada por um delegado de Polícia Civil. Além disso, soube a população que o local do acidente, desprezado pelas forças de segurança, passara a ser visitado por saqueadores, que levaram tudo quanto foi possível. O enorme avião transformou-se desse modo em sucata, em suvenires catados ao longo dos anos.

Parte da asa do Constellation exposta no CIGS

A derradeira lembrança do avião - parte da asa do Constellation - foi recolhida pelo CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva), em junho deste ano, ao memorial que a organização militar mantém em seu quartel.

 

Autor desta postagem em pesquisa na
Biblioteca Pública, em Manaus 

Empenhei-me no curso deste ano em produzir uma retrospectiva do desastre do Constellation PP-PDE da Panair do Brasil, que a selva desmanchou nas cercanias de Manaus. Lamento que a BAMN pouco caso confira ao maior acidente aéreo da Região Norte. Enfim, ao lado do amigo Otávio, estou ultimando a publicação.

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