Na primeira hora deste dia, há 60 anos, o Constellation da Panair do Brasil vindo de Belém não chegou ao seu destino: o aeroporto de Ponta Pelada.
Desapareceu cerca de 1h da madrugada, faltando cinco minutos para o pouso, depois de o comandante solicitar ao controlador do acanhado campo de pouso que acendesse as luzes da pista. Diante da demora em aterrissar, o saguão com os familiares tomou-se de espanto, de interrogações e divagações, que a empresa aérea não conseguia atender, visto que a única forma de contato com a aeronave era o rádio e o telégrafo.
Nada poderia ser
realizado senão comunicar à Base Aérea de Belém (BABE) para as providências. E a
madrugada foi longa para os presentes ao Ponta Pelada. No começo da manhã, a
BABE desloca um Catalina com paraquedistas para refazer a rota do PDE. Nada
viram, nenhum sinal do imenso avião.
O alarme do acidente despertou
na cidade as autoridades, o próprio governador Gilberto Mestrinho deslocou-se
para o aeroporto acompanhado de secretários, passando a organizar a busca pelo
avião. A esse esforço juntou-se a Panair com suas aeronaves, que já sobrevoavam
a área calculada do desaparecimento com a mesma disposição.
Recorte da revista O Cruzeiro (5 jan. 1963), com fotos do Jornal do Commercio |
A cidade igualmente foi acometida com as conversas mais desencontradas sobre o destino do PDE, com os disse-me-disse, os boatos mais estapafúrdios, os - para usar a expressão hodierna - fake news. Assim se passou o dia, sem que nada de positivo fosse alcançado.
Acerca da expectativa, escreveu o cronista L.
Ruas (1931-2000), em publicação jornalística: “Isto foi um dia. Quando chegou a noite, brilhou longinquamente uma estrela.
Muito pálida. Muito pequena. Mas suficientemente estrela para ser luz e
esperança: era possível um sequestro. Todos se agarraram desesperadamente ao
delgado raio de luz dessa possível estrela. Ah! Todos os desertos têm as suas
miragens. E isto foi uma noite.”
No dia seguinte, pela manhã, foi descoberto o destino do Constellation:
ao desabar sobre a floresta, ele havia cavado a própria sepultura e a de seus
ocupantes.
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