Prosseguindo com a exposição acerca da Polícia Militar do Amazonas no período provincial, associado às efemérides mais destacadas do Estado, compartilho um tópico do livro Guarda Policial (1837-1889).
1852
Instalação da Província do Amazonas
“Eram nove horas menos dez minutos da manhã”, de 1º de janeiro, quando
em Manaus a Câmara Municipal reuniu-se, sob a presidência do vereador João
Inácio Rodrigues do Carmo, para solenizar a instalação da província do
Amazonas, empossando o primeiro presidente, João Batista de Figueiredo Tenreiro
Aranha. Em prosseguimento, foram empossadas as autoridades nomeadas pelo
Imperador e aquelas necessárias à administração provincial.
Rua da Instalação, foto do início do sec. 20 |
Dessa maneira ocorreu a instalação da Província:
O local escolhido – a Câmara provincial, abrigada em uma das melhores
edificações da cidade, situada à rua da Instalação (por isso a hodierna
denominação) esquina da rua Frei José dos Inocentes (religioso carmelita que,
em junho de 1832, foi devotado coadjuvante no movimento de emancipação da
“Comarca do Alto Amazonas, compreendida a capitania de São José do Rio Negro”).
Este edifício-símbolo subsistiu por décadas, todavia, diante do progresso
avassalador, desconhecida autoridade permitiu a demolição, restando somente o
terreno desaproveitado como marco inauguratório da Província do Amazonas.
A solenidade encerrou-se com os festejos de praxe e o Te Deum, entoado na modesta capela de
Nossa Senhora dos Remédios, em razão do desaparecimento da primitiva Matriz,
arrasada por um incêndio em 1850.
Observa-se no competente termo do Auto de Instalação da Província um
respeitável número de assinaturas, nenhuma feminina! Ocorria ou devido a
discriminação machista, ou pelo pouco trato das damas com a caligrafia? Ou
ambos? Entre tantas marcas pessoais ou rubricas, distinguem-se as de José
Antônio Barroso, “vereador e alferes da Guarda Policial”, precedendo a de
Albino dos Santos Pereira, tenente-coronel comandante do Comando Geral Militar
do Amazonas.
Quanto à origem policial ou militar do vereador José Barroso impõem-se
dúvidas. Pertenceria a alguma remanescente Guarda Policial da região ou, ainda,
à Guarda Nacional? Não obstante desconhecer qualquer outro registro acerca
deste policial, reconheço que se trata de presença significativa da instituição
no mais alvissareiro acontecimento político do Amazonas.
No terço final do Auto, distinguem-se duas respeitáveis presenças: a de
Justo Mavignier de Castro, que legou valorizada descendência. E a do tenente
Severino Eusébio Cordeiro, ajudante de ordens do presidente da Província, este
sim, o primeiro sabido comandante da Polícia Militar do Estado. O referido
documento revela ainda o comparecimento de Manoel da Silva Ramos, proprietário
do primeiro matutino a circular nesta província e progenitor de respeitável
prole.
Assinatura de João Wilkens de Mattos |
Auto de Instalação da Província do Amazonas
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