Acerca do salão de ensaio e dos espaços ocupados pela Banda de
Música em quartéis da Polícia Militar do Amazonas, escrevi este capítulo para
um pretendido livro sobre esta corporação musical.
AQUARTELAMENTOS
& SALÃO DE ENSAIO
Músicos da Banda em apresentação, década de 1970
A posse do colossal aquartelamento
de Petrópolis, inaugurado em novembro de 1971 pelo 1º BPM, sob o comando do
tenente-coronel PM Flavio Rebello, redundou em novel ocupação policial de
Manaus e a consequente expansão da corporação. O Cosme e Damião acabava assim de atingir a periferia, pois, até
então policiava o Centro da cidade e um escasso entorno. Em tempo oportuno, a
Banda iria ocupar dependência dessa edificação, aliás, um segmento
insignificante e malcheiroso, que findou constituindo-se na paragem provisória/definitiva.
Construído para abrigar os
serviços da PMAM, então possuindo um efetivo próximo de 1.000 homens, seu
idealizador, o arquiteto Severiano Mário Porto, talvez tenha “olvidado” das
dependências para a Música. Ou, oxalá planejadas, foram alocadas em um dos
pavilhões deixados de construir. Somente o projeto com as plantas devidas, ora
em “local incerto e não sabido”, poderia aclarar essa controvérsia.
Em meado de 1972, ao remodelar o
interior do quartel da Praça da Polícia, o coronel Paulo Figueiredo removeu a Banda
para o 1º BPM, como segue conhecido o quartel de Petrópolis, apesar da presença
hoje do comando superior da corporação. A despeito de imensos espaços vazios,
dada a desproporção de efetivo existente, nele não foi ajeitado um local apropriado
para os músicos regidos pelo 1º tenente Raimundo Alves Bezerra, o Bezerrão, devido sua contextura corporal.Tenente Bezerra, em dois momentos
Em decorrência disso, mestre
Bezerra passou a ensaiar os músicos em uma casa de madeira mal-ajambrada “com
dois pavimentos, coberta de telhas de alumínio, dispondo de uma porta e um
janelão de frente” nos dois pisos, medindo 6x12, existente na rua Aristides
Rocha, aos fundos do 1º Batalhão. Esse terreno somente seria adquirido a Fernando
França de Melo e esposa, em fevereiro de 1977, no comando do coronel EB Mário
Perelló Ossuosky (1975-79).
Removida a Banda da rua
Aristides Rocha para o 1º Batalhão, o imóvel foi ocupado pelo CFAP (Centro de
Formação e Aperfeiçoamento de Praças), que ali permaneceu até ser instalado no
quartel da Ponte da Bolívia (hoje Barreira),
quando foi substituído pelo Pelotão de Polícia Feminina, em 1983. Ainda no
mesmo ano, este pelotão foi alojado precariamente no quartel da Praça da
Polícia, no espaço desocupado foi instalada a Creche Infante Tiradentes,
iniciativa do coronel PM Hélcio Motta (1983-87), que ainda ocupa o referido edifício,
em nossos dias amplamente modificado.
Esta breve rememoração obtive do
sargento reformado Lucas de Souza (1933-), que ingressou na PMAM em 1962, nela
permanecendo até 1986. Segue ele relembrando: a Banda foi transferida para o 1º
Batalhão, ocupando uma dependência anexa aos xadrezes desta Unidade. Para
encurtar a conversa, onde ainda se encontra a “briosa” Banda, com uma sutil
distinção, na caserna o xadrez foi desativado (já não há lugar para preso
disciplinar!), o recinto após relativo arranjo passou a abrigar os músicos. “Não
há estímulo para se convidar alguém para visitar nossas acomodações”, lamenta-se
o atual regente. E completa acabrunhado: “ao ocorrer uma inspeção ou visitação
oficial, o vexame, então, é acabado”. Neste local os músicos permaneceram, até
que... houve novo terremoto.
A Companhia de Polícia
Rodoviária, em maio de 1993, teve sua extinção cumprida. Quando essa OPM
(Organização Policial Militar) desocupou o aquartelamento, ainda existente no entroncamento
das avenidas Constantino Nery com Djalma Batista, cujo Elevado de Flores serve
de referência, a Banda de Música ensaiou
sua ocupação. Era seu regente, o tenente Francisco das Chagas de Souza
Lima (1987-94). Todavia, não conseguiram se estabelecer na edificação, depois
de circular pelo Japiim, voltaram para o quartel de Petrópolis.
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