Alguns cuidados exercitados sobre a Banda de Música vão aqui relacionados, constantes de um capítulo escrito para um almejado livro sobre a corporação musical.
Apresentação da Banda em Itacoatiara
Pouco antes e bem
adiante do Governo Militar
Arthur Reis tomou posse do Poder
Executivo em junho de 1964. Enquanto aguardava a indicação do comandante da Polícia
Militar pelo então Ministério da Guerra, manteve o comandante transitório, tenente-coronel
PM Manuel José Moutinho Junior. Em outubro, assumiu o major EB José Jorge Nardi
de Souza, que permaneceu somente 10 meses à frente da corporação. Isso mostra certo
descompasso nas ações dos militares no Amazonas, no campo da Segurança Pública,
até então custodiada pela Chefia de Polícia.
Outra desventura viria a reboque, acabando
por se engajar no aquartelamento da Praça da Polícia. Aconteceu na permuta do
major EB Jorge Nardy pelo capitão EB Hernany Guimarães Teixeira, que comandou a
corporação entre março de 1966 e outubro de 1967. O infortúnio estava na
presença do jovem capitão, oficial intermediário, quando a PM contava em seus
quadros com tenentes-coronéis. Resumindo a opera: o referido capitão findou por
se intrigar com camaradas verde-oliva, exatamente pelo desnível hierárquico.
Quando o capitão Hernany deixou abruptamente
o comando da Força Estadual, o governador Arthur Reis foi compelido a substitui-lo
pelo oficial mais antigo, o tenente-coronel PM Omar Gomes da Silveira (1916-87).
A partir desta mudança e até o extremo do Governo Militar, sem interrupção, os
comandantes pertenceram aos quadros do Exército, do posto de tenente-coronel.
No período, o regente da Banda foi
o 2º tenente (comissionado) Ernani Puga, que assumiu em 1963 e se retirou em agosto
de 1967. Sua saída coincidiu com a substituição do capitão comandante da PM.
Não creio que o comando tenha se empenhado com o setor musical, diante da calamidade que predominava na corporação. À época, em junho de 1966, estava eu ingressando na PM e posso testemunhar: sequer havia uniforme para todos os policiais. Sequer havia capacetes, nem armamento adequado (revólveres eram contados). A alimentação era fornecida somente para o pessoal de serviço, os demais, se se alimentassem, pagavam pela boia. Eu estava nesse grupo. Para conturbar ainda mais o desastre, a Zona Franca de Manaus, apesar de criada em fevereiro de 1967, demorou algum tempo para gerar os oportunos incentivos.
A atividade da Banda resumia-se a esses encargos: a formatura geral pela manhã, junto com o Batalhão Amazonas, que marchava saindo do pátio interno do quartel, contornava a Praça da Polícia e o Colégio Estadual para, em frente do quartel, saudar a autoridade de plantão. Em seguida, ocorria o cumprimento do QTS (Quadro de Trabalho Semanal), com os ensaios programados, se não houvesse alguma tocata em inauguração ou em outros empreendimentos do Estado, além de cumprimento de solicitações reservadas. E não eram poucas, a Banda era requerida ou escalada para todos os eventos. Às vezes, tendo que repartir seu quadro para atender aos compromissos diários.
Um
salto triplo no tempo...
O comandante-geral entre 1989-91, coronel
Romeu Medeiros, exigiu da corporação musical um desempenho mais dinâmico. Bastante
inovador, extravagante, diria. Porque, tendo este, numa de suas andanças pela
Europa, assistido em soberba apresentação
orquestral o Bolero de Ravel, Medeiros
formulou uma aposta com o mestre da Banda, tenente Souza Lima. De que somente
se sentiria realizado no comando, quando a Banda de Música da Polícia Militar tocasse
o famoso clássico. Em resumo: a Banda não venceu a porfia, frustrando ao
comandante-geral.
Coronéis Medeiros (perfil), Orleilson (de frente) e Alfaia. |
Malgrado a
frustação, este comandante, para melhor aperfeiçoar a cultura musical do referido
regente, buscou cooperação no Rio de Janeiro, ONDE???.
Para isso, enviou o tenente a um estágio no Rio, objetivando aprimorar a
técnica e incutir neste a administração dos músicos. Outra iniciativa: Medeiros
determinou um recital da Banda no coreto da Praça da Polícia, à tarde de todas
as sextas-feiras. Havia continuamente um “respeitável público”: os comerciários
no final do expediente, os estudantes saindo e entrando nas escolas próximas e
outros transeuntes, além dos moradores da vizinhança. Tinha início, para
atender esse objetivo, às 17 horas.
Mais outro empreendimento
deste comandante. Em 1990, Medeiros enviou para a empresa Weril Instrumentos Musicais Ltda., sediada em São Paulo, os
instrumentos então existentes na Banda. Detalhe oportuno: esses instrumentos
haviam sido adquiridos com o aval da Suframa, ao tempo do tenente-coronel EB Wilson
Ribeiro Raizer (comandante-geral entre 1979-81). Estavam em uso, portanto, há dez
anos!
O comandante Medeiros
contratou com essa fabricante do ramo para que, efetuando um reparo geral,
descartasse os inúteis. Algum tempo depois, os diversos instrumentos
devidamente restaurados e cromados retornaram a Manaus. Devido à cromagem,
bastante se destacavam. Assim, a apresentação do instrumental ocorreu em
solenidade de formatura no CFAP, no Dia do Soldado de 1990, presente o
comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA) – general Santa Cruz, e seu
assistente, general Taumaturgo Vaz.
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