Retomo a descrição sobre este membro da família que foi, entre outras atividades, oficial da Polícia Militar do Amazonas.
O tenente Tupinambá
de Paula e Souza dirigiu a prefeitura de Borba (AM) por quase dois anos
(1947-48); nesse curto período foi capaz de tomar gosto pela política e
aprender seus meandros. O mandato foi encerrado antes da metade do ano, posto
que, em junho de 1948, estava de retorno a Manaus e ao quartel da Praça da
Polícia. Sendo 1º tenente, de imediato foi nomeado comandante interino da
Companhia de Bombeiros Municipais. Tem mais, em 30 de agosto daquele ano foi
promovido por “merecimento” ao posto de capitão.
Foto do referenciado |
Seguiu recebendo
as promoções devidas, todavia, em passo acelerado, de maneira que em 1951
exercia o posto de tenente-coronel, subcomandante da Força Estadual. Relembrando
que Álvaro Maia exercia a governança do Estado (1951-55) que passava por um período
de franca decadência.
Antes do encerramento
do governo Maia, este oficial passou à reserva remunerada no posto de coronel,
com soldo mensal de Cr$ 160.490,00. E foi cuidar da vida, não sei onde. Contudo,
Plínio Ramos Coelho, assumindo o governo (1955-59), determinou em despacho de
13 de janeiro de 1956 o retorno do oficial ao serviço ativo, “visto não contar
30 ou mais anos de serviço, conforme estabelece a lei”. De fato, retornou, sem
antes questionar juridicamente a decisão governamental, como a apelação
proposta em janeiro de 1957, em que “solicita reconsideração de ato”. Não
obtendo decisão favorável, a reversão foi cumprida.
Nesse meio
tempo, Tupinambá cuidava de sua eleição ao Legislativo amazonense. Em 1958 foi bem-sucedido,
sendo eleito deputado estadual pelo PSP (Partido Social Progressista), criação
do governador paulista Ademar de Barros, com 736 votos, correspondendo a 0,93%
dos votos válidos. A ficha deste deputado indica que ele é oriundo do município
de Tapauá, porém, nem sua viúva – em janeiro de 2022 - soube me indicar o local
de nascimento dele.
Desconheço
a motivação que levou o coronel-deputado a retornar ao quartel em 1º março 1962.
Algum acordo parlamentar? Ou estratégia em ano eleitoral? Tupinambá novamente eleito
nas eleições de outubro de 1962. Agora integrante do PRT (Partido Rural
Trabalhista) obteve 1.180 votos (1,20% dos votos válidos). A posse estava
programada para o último dia de janeiro seguinte.
Antes de (re)assumir
o mandato na Assembleia Legislativa no ano seguinte, foi premiado pelo governo
de Gilberto Mestrinho (1959-63) com a nomeação para o cargo efetivo de
Tesoureiro da Mesa de Renda de Itacoatiara, lotação da Secretaria de Economia e
Finanças (SEF), concomitante com a aposentadoria de Stenio Neves (nome bastante
lembrado pelos idosos, devido seu “xerifado” na Chefatura de Polícia). Curiosidade:
como explicar a nomeação, se tanto Stenio quanto Tupinambá eram deputados e
ambos foram reeleitos? Coisas da política mambembe, de certo.
A mencionada nomeação foi
publicada no Diário Oficial de 15 de dezembro de 1962, ocasião em que Manaus lamentava
o desastre do Constellation PP-PDE da Panair do Brasil ocorrido no dia
anterior, no qual morreu seu irmão Aymoré de Paula e Souza (45 anos). Nascido
em Borba (AM), Aymoré era casado com Hermelinda Sales de Souza e deixou os
filhos Newton Sales de Souza, Vera Angelina Sales de Paula e Souza e Fabíola de
Paula e Souza Santos (todos vivos em 2022). Era jornalista do matutino O
Povo, morador de Fortaleza (CE).
Aymoré PS, morto no desastre do Constellation PP-PDE |
Do ofício em Itacoatiara
guardou apenas a inclusão nos quadros da SEF, que muito lhe serviu quando da
aposentadoria, ocasião em que dispensou os proventos do quartel pelos da Mesa
de Renda. Em final de janeiro de 1963 reassumiu a cadeira de deputado estadual.
Apesar de já experiente na Casa Legislativa não alcançou qualquer vaga na
diretoria, que era presidida por Anfremon Monteiro. Este período se estende até
10 de março de 1964, quando o Governo Militar impõe novas regras aos
parlamentares, sendo a mais drástica a redução do número de partidos políticos,
tão-somente dois: Arena (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento
Democrático Brasileiro).
Compelido por esta
dicotomia político-partidária, Tupinambá decide pelo partido da situação: a
Arena. Segue ausente na direção da Assembleia, que prossegue sob a presidência
de Anfremon Monteiro. Em março de 1966, a presidência da Assembleia passa às
mãos de Ruy Araújo, com Tupinambá ainda fora da direção. Nas eleições daquele
ano, porém, ele renova sua cadeira, obtendo 1.484 votos, que representavam
1,61% dos votos válidos.
Na composição da Mesa
Diretora para o biênio 1967-68, na qual retorna à presidência o deputado
Anfremon Monteiro, Tupinambá torna-se o 2º secretário. Enfim, na composição da
Mesa para o biênio seguinte, sob a presidência de Rafael Faraco, ele é
“promovido” à 1º secretário. Nesse posto encerra sua participação na Assembleia
Legislativa do Amazonas, pois na eleição de 15 de novembro de 1970, quando o número
de deputados sofreu um corte intenso, passando para 12 vagas, Tupi não
conseguiu uma delas.
A derrota deve tê-lo
levado de volta ao município de Borba, onde talvez fosse sua base eleitoral ou
seu “curral” (como antanho se denominava), afinal fora prefeito por nomeação,
ao tempo da interventoria de Álvaro Maia.
Parabéns Coronel, pela pesquisa e pelo carinho com nossa família.
ResponderExcluirUau! adorei a publicação.
ResponderExcluirParabéns pela publicação meu amigo. Estou sempre acompanhando suas postagens. Material riquíssimo e de relevância sobre a política no Amazonas. Abraços Jael Souza
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