Autor, traço de Anísio Mello |
Compartilho este poema, cujo tema nos é bem conhecido.
Recorte da publicação |
O
BOTO
Rema, Senhor: festança vai começar.
Vento cheira à baunilha. As sombras andam
para trás, como exércitos em fuga.
Margem leste caminha vem trazendo
a lua. São Jorge fica mais perto
enquanto o dragão lhe atiça a fogueira.
Noite agora é um clarão, clarão de festa,
onde o boto apessoado comparece
com seu terno de linho. Madrugada
ele volta ao perau. Leva, nos braços
a cabocla que dorme e que parece
consentir no feitiço que a tornara
dona de um reino aquático, ou talvez
de um sonho que mãe-d’água lhe contara.
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