CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

segunda-feira, julho 09, 2018

AINDA SOBRE CEMITÉRIO



Sepultura de Aria Ramos

1.       Em 17 de fevereiro de 1915, em uma festa de carnaval no Ideal Clube, então localizado no cruzamento da avenida Eduardo Ribeiro com a rua Henrique Martins, foi morta a violinista Aria Ramos, participante do conjunto musical. O desastre causou uma comoção na cidade. Sobre seu túmulo (SP 3869 – Quadra 05) no cemitério São João existe este poema de autoria de Th. Vaz:


Diante de sua graça,

que a doce alegria de viver tornava ainda mais radiosa,

em face do gênio que no esplendor

de sua mocidade alvorecia,

a própria morte estacou maravilhada,

e, em vez de a prostrar com a arma sinistra e brutal,

que traz ao ombro, a tocou de leve,

sutilmente, com um beijo fulminador...



2.    Dois dias antes, em 15 de fevereiro, havia falecido o Dr. Simplício Coelho de Rezende, ilustre piauiense, que, entre outros merecimentos, possui o de ter sido o primeiro diretor da centenária Faculdade de Direito do Amazonas. A lápide de seu túmulo (SP 614 – Quadra 05) guarda esta inscrição em latim:


Hic jacet doctor Simplicio Coelho de Rezende jurisconsultus brasiliensis. 

1841-1915


3.    Em março de 1983, o Jornal Cultura, órgão da Superintendência Cultural do Amazonas, publicou do acadêmico padre Raimundo Nonato Pinheiro (1922-1994), que refletia sobre sua (dele) morte, este poema:

Estranho Pensamento

Padre Nonato Pinheiro

Estranho pensamento me assedia:
de saber em que sítio, em que floresta,
vive a árvore que, na extrema sesta,
ao meu corpo o caixão dará um dia!

E me assaltou atroz melancolia:
sentindo a imolação da árvore honesta,
abandonando os pássaros em festa
para levar meu corpo à cova fria...

Se Deus, que é poderoso e onisciente,
me indicasse o local, com exatidão,
onde se encontra a árvore silente

que a madeira dará pra meu caixão,
partiria pra selva incontinenti,
para beijar-lhe o tronco com emoção!...


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