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terça-feira, julho 31, 2018

EPHIGENIO SALLES (1)

Prosseguimento do capítulo sobre a vida deste governador do Amazonas (1926-30), compartilhado de Ao Serviço do Amazonas (foto).



Voltei, como sempre, a mourejar na imprensa, até 1907, quando resolvi embarcar para o Rio, no propósito de reencetar os meus estudos de Direito, interrompidos de início, à falta de recursos. Matriculado desde então, regressei ao Amazonas, de onde me transportava à capital da República, ao fim de cada ano letivo, para prestar exames de segunda época.

Agrava-se em 1910 a situação política do Estado. Precipitam-se os acontecimentos e, de tal forma, que, à noite de 7 de outubro desse ano, pernoitávamos eu e o então deputado Dr. Monteiro de Souza, além dos Drs. Pedrosa Filho e Pedro Guabiraba; tenente-coronel Manoel Carvalho, conde Marco de Panigai, major José Lins e Aristeu Rocha, no quartel da força pública do Estado, então comandada pelo intrépido coronel [PM] Pedro José de Souza (e hoje dissolvida em circunstâncias lamentáveis), entrando a participar da resistência heroica ao bombardeio de Manaus, levado a efeito, desde as primeiras horas do dia 8, por cinco navios da Marinha de Guerra, surtos em nosso porto, pelo 19° Grupo de Artilharia e pelo 48º BI do Exército.

De arma em punho, como simples soldado, defendi a ordem legal e a autoridade constituída, na pessoa do então governador, coronel Antonio Bittencourt, com quem éramos todos solidários. E diz-me a consciência que cumpri, com destemor e desinteresse, um dever elementar de lealdade e de patriotismo.
Em novembro de 1910, fui provido, por concurso e vitaliciamente, no cargo de distribuidor e contador geral do Foro, cargo de que vim a ser exonerado, após a revolução de 1930, por ato do então interventor Álvaro Maia, ex-diretor da Imprensa Pública no meu governo, e a quem eu igualmente nomeara lente das duas cadeiras de que é proprietário, no Ginásio Amazonense Pedro II.

Já formado em Direito e sem prejuízo das minhas obrigações forenses, assumia, em fevereiro de 1912, a direção do “Diário do Amazonas”, que, de órgão do partido dominante, se transformara em jornal independente, sustentando a candidatura do senhor Monteiro de Souza à sucessão do coronel Bittencourt, no governo do Estado.

* * *

Candidato avulso, logrei eleger-me, em 1914, a primeira vez, para a Câmara dos Deputados, integrando a representação federal do Amazonas.

E como deputado federal aqui me encontrava, em 14 de janeiro de 1917, quando se verificou o movimento armado que visava impedir a posse do Dr. Alcântara Bacelar, eleito governador do Estado para suceder ao Dr. Jonatas Pedrosa. Mais uma vez, compreendi que não podia faltar com o meu concurso à defesa da autoridade e da lei.

Dirigi-me, por isso, incontinenti ao palácio do governo, hoje sede da administração municipal, e em ali chegando, na companhia dos Drs. Pedrosa Filho, Mario Sá e Alberto Corrêa, major José Soares, Raimundo Neves, Jaime Baird e Aldovar de Sales Vitor, tratei de aparelhar a resistência legal, guarnecendo, eu mesmo, uma metralhadora assestada à porta principal do edifício, enquanto os companheiros ocupavam posições estratégicas, armados de rifles e fuzis, para repelir o assalto.

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