Voltei,
como sempre, a mourejar na imprensa, até 1907, quando resolvi embarcar para o
Rio, no propósito de reencetar os meus estudos de Direito, interrompidos de início,
à falta de recursos. Matriculado desde então, regressei ao Amazonas, de onde me
transportava à capital da República, ao fim de cada ano letivo, para prestar
exames de segunda época.
Agrava-se
em 1910 a situação política do Estado. Precipitam-se os acontecimentos e, de
tal forma, que, à noite de 7 de outubro desse ano, pernoitávamos eu e o então
deputado Dr. Monteiro de Souza, além dos Drs. Pedrosa Filho e Pedro Guabiraba;
tenente-coronel Manoel Carvalho, conde Marco de Panigai, major José Lins e
Aristeu Rocha, no quartel da força pública do Estado, então comandada pelo intrépido
coronel [PM] Pedro José de Souza (e hoje dissolvida em circunstâncias lamentáveis),
entrando a participar da resistência heroica ao bombardeio de Manaus, levado a
efeito, desde as primeiras horas do dia 8, por cinco navios da Marinha de
Guerra, surtos em nosso porto, pelo 19° Grupo de Artilharia e pelo 48º BI do Exército.
De
arma em punho, como simples soldado, defendi a ordem legal e a autoridade constituída,
na pessoa do então governador, coronel Antonio Bittencourt, com quem éramos todos
solidários. E diz-me a consciência que cumpri, com destemor e desinteresse, um
dever elementar de lealdade e de patriotismo.
Em
novembro de 1910, fui provido, por concurso e vitaliciamente, no cargo de
distribuidor e contador geral do Foro, cargo de que vim a ser exonerado, após a
revolução de 1930, por ato do então interventor Álvaro Maia, ex-diretor da
Imprensa Pública no meu governo, e a quem eu igualmente nomeara lente das duas
cadeiras de que é proprietário, no Ginásio Amazonense Pedro II.
Já
formado em Direito e sem prejuízo das minhas obrigações forenses, assumia, em
fevereiro de 1912, a direção do “Diário do Amazonas”, que, de órgão do partido
dominante, se transformara em jornal independente, sustentando a candidatura do
senhor Monteiro de Souza à sucessão do coronel Bittencourt, no governo do
Estado.
* * *
Candidato
avulso, logrei eleger-me, em 1914, a primeira vez, para a Câmara dos Deputados,
integrando a representação federal do Amazonas.
E
como deputado federal aqui me encontrava, em 14 de janeiro de 1917, quando se
verificou o movimento armado que visava impedir a posse do Dr. Alcântara
Bacelar, eleito governador do Estado para suceder ao Dr. Jonatas Pedrosa.
Mais uma vez, compreendi que não podia faltar com o meu concurso à defesa da
autoridade e da lei.
Dirigi-me,
por isso, incontinenti ao palácio do governo, hoje sede da administração
municipal, e em ali chegando, na companhia dos Drs. Pedrosa Filho, Mario Sá e
Alberto Corrêa, major José Soares, Raimundo Neves, Jaime Baird e Aldovar de Sales
Vitor, tratei de aparelhar a resistência legal, guarnecendo, eu mesmo, uma
metralhadora assestada à porta principal do edifício, enquanto os companheiros
ocupavam posições estratégicas, armados de rifles e fuzis, para repelir o
assalto.
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