As armações de óculos foram se sucedendo,
algumas por tempo de serviço, outras pelo modismo, porém, teve uma que se
desintegrou (isso mesmo) em uma boate situada
na rua Silva Ramos, tendo como referência a sede do BEA, hoje Bradesco. Explico
o desastre: a dança arrebatada de então exigia muito balanceio e agitação, por
isso, costumava eu enfiar os óculos no interior da camisa, que devia estar por
dentro da calça. Certa noite, a camisa perdeu a sustentação e os óculos caíram
(sem que eu percebesse). Foram triturados pelos dançantes.
Antes de voltar ao oftalmologista, que
não sei quando trocaram de nomenclatura. As lentes que usava, devido aos graus exigidos
(OD/OE) e a tecnologia de então, forçava
que a lente – em especial do OD – fosse espessa. Como eu ansiava usar um modelo
Ray-ban, cuja armação é bem estreita, isso era impossível. Mas tentei, todavia,
o pouco menos “fundo de garrafa” não se acomodou. Assim, o dinheiro e o anseio raybaniano foram pro ralo. No entanto,
as mudanças operadas por modismo me levaram ao uso de cada vez mais uma armação
bem atraente e, mais que tudo, confortável. Adaptei-me à armação no rosto, de
sorte que complementa minha cara. Eis um motivo pelo qual reluto em
substitui-la por lentes.
Em Fortaleza, maio 1972, sem óculos |
Visitei alguns consultórios de oftalmologistas.
Destes, quatro me deixaram marcas, algumas aprazíveis. Exponho sem obedecer a qualquer
ordenamento: o primo Dr. Carlos Alberto,
em São Bernardo (SP), bem que tentou substituir a armação que usava por lentes
de contato. Há 30 anos, não suportei o duríssimo exercício de adaptação, razão
pela qual o dito cujo não passou de 24 horas. Agradeci-lhe penhorado o brinde
das lentes, mas capitulei. Outro foi o Dr. Neuzimar Jr. que, em dias de uma
Copa do Mundo, me atendeu com um olho no computador e outro na TV postada no interior
do consultório, exibindo o jogo da seleção nacional. Ao sair do consultório,
lancei a receita no entulho. Senti-me um lixo.
Certa noite, em 2004, sofri uma grave hemorragia no OD. Recorri ao Unimed que, diante da seriedade do lance, convocou uma médica especializada. Fui atendido pela Dra. Adriana Melo, que me encaminhou para sua Clínica de Olhos Manaus, onde, depois de fotografar o acidente para estudos, cuidou de mim com zelo em várias consultas, enfim, alertando-me para a catarata que se pronunciava. Tornei-me seu fã, pena que nunca mais a visitei. Os dias correram e, diante da opacidade do cristalino (certo?) que se intensifica, dias desses busquei ao Dr. Cavalcanti Jr. na Clínica de Olhos Vision. Aconteceu o reencontro de conhecidos, ele filho do amigo coronel Cavalcanti.
Foi nesse transito entre máquinas modernas, que me recordei desses fatos cinquentenários aqui narrados. E, após me submeter a exames dos olhos em quase uma dezena de aparelhos, surgiu na conversa entre este clínico e o paciente duas deliberações: uma, a cirurgia que a catarata reclama. E a segunda, escrever um (este) texto relatando minhas experiências com os oculistas, perdão, os oftalmologistas.
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