Sebastião Norões |
Até recente, era corriqueira
a publicação de poemas de variados matizes e de qualquer pretenso poeta local,
nos periódicos. As revistas foram as primeiras a abandonar tal prática, porém, os
jornais prosseguiram. Era habitual que, em datas consagradas à celebração, como
Dia das Mães, jornais abrissem alguma página para acolher essa produção. Por óbvio,
a maioria desse material se tornava “inédito”, e recolhido aos arquivos.
Catando papeis para postagem,
recolhi uma “tonelada” dessas contribuições. Encontra-se material de bom número
de notórios poetas (como a postagem abaixo evidencia), todavia, a maioria foi
produzida por um caudal de autores desconhecidos.
Com este título, a cada semana, vou reproduzi-las
com informações (quando obtiver) sobre o autor, quem sabe, possam estas estimular
algum trabalho acadêmico ou doméstico.
Na postagem de hoje retirada
da revista Redempção (outubro 1933), temos dois saudosos poetas:
o criador, Sebastião Norões (1915-72), autor de Poesia frequentemente; e Violeta Branca (1915-2000), a homenageada.
Gigante que dorme
Sebastião Norões
Para você, Violeta Branca,
num grande abraço de fraternidade poética.
Lá no sul,
bem perto do marulho constante
da baía mais bonita deste mundo,
dorme,
o seu sono de há muito tempo
o portentoso “Gigante que dorme.”
E a cidade,
(que a natureza enfeitou
como se fosse a sua noiva,
para que o estrangeiro
visse com os olhos bestas do panorama,
a mansão da bela Mãe-Natura),
serviu de companheira
ao gigante da serra!
Ela vigia
com os olhos de seus filhos,
— durante o dia,
e com os olhos lucientes de suas casas
— durante a noite,
o sono bom do “Gigante que dorme”!
Quando eu vejo o “Gigante que dorme”,
meu pensamento se encaminha para ti,
Brasil,
porque tu és um gigante que dorme,
sem se incomodar com o teu futuro.
Gigante pela opulência do teu solo,
pela expansão infindável de teu território,
gigante pela tua força ainda virgem!
E tu vives a dormir.
De há muito o teu sono.
Gigante que dorme !
Mas há quem te vigie o sono,
e com os olhos pregados no teu corpo,
espera o teu acordar,
a tua ressurreição!
Um dia, Brasil — Gigante que dorme,
entre explosões de contentamento e jubilo,
ainda mesmo,
no meio de troar de fuzis,
e baquiar de corpos na luta,
tu serás acordado, por aquele teu filho,
(o general que ainda se espera),
que há anos,
quis te acordar e não pode!
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