Mural existente no Palacete Provincial, antigo quartel da Praça da Polícia |
No próximo mês, o final da Campanha de Canudos completa 120 anos. Algum
movimento no sentido de relembrar a luta fratricida nos sertões baianos pode
ocorrer em Manaus. De minha parte, que muito me empenhei quando do centenário,
tenho pronto a 2ª edição de meu livro Cândido
Mariano & Canudos, que a Editora da Ufam (Edua) então publicou.
Para esta nova edição,
escrevi um P.S. (post scriptum) desejando complementar as informações passadas
ao leitor do original. A fim de dar partida a tradição da efeméride, reproduzo este
texto.
P.S.
Escrevi a 1ª edição deste
trabalho embevecido pelas conquistas próprias no trânsito de minhas pesquisas e
na antecipação do centenário de Canudos. Cada vez mais empolgado pelas leituras
consumadas, assim como pelas conversas com os aficionados pelo funesto
acontecimento, cheguei a rascunhar o seguinte título para o livro: “A gloriosa
epopeia da PMAM em Canudos”. Evoluiu, pouco adiante, para “Candido Mariano, o
herói da PMAM em Canudos”. Ainda bem que uma “consultora” me advertiu do burlesco.
Pois... como resume de maneira primorosa Consuelo Novais Sampaio (org.), em Canudos: Cartas para o Barão (São Paulo:
Edusp/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999),
“A
Guerra de Canudos não foi apenas mais um capítulo da história do Brasil. Ela
revela com precisão a grande distância que, neste país, sempre separou – e no
limiar do século XXI, ainda separa – o “povo miúdo”, a população pobre e
miserável, das classes dominantes. Em todos os níveis de tomada de decisão, o
movimento conselheirista foi
manipulado para a satisfação de interesses pessoais e de grupos políticos em
luta pelo poder”.
São passados 20 anos desde
o lançamento de meu Cândido
Mariano & Canudos (Manaus: Edua, 1997) que serviu, entre outros empregos, para compartilhar
o centenário de Canudos em Manaus. Festividade que foi patroneada pela extinta
Fundação Djalma Batista, dirigida pelo Professor José Seráfico, que volta nesta
edição a emprestar seu apego aos movimentos culturais e sociais, com sua
palavra culta e diplomática.
Passadas duas décadas, reformulei
meus conceitos (desculpe o leitor o chavão) sobre Canudos e seus personagens. Nesse
lapso, quase olvidei ao comandante Cândido Mariano, que espero ainda esteja
sepultado no cemitério São João Batista carioca. Outra iniciativa: repassei quase
uma centena de livros adquiridos sobre o tema para a Universidade Estadual de
Pernambuco – Campus Petrolina, ao tempo da gerência do Professor Ms. Moisés
Almeida.
Da Polícia Militar do Amazonas,
no entanto, não descurei, por uma singular motivação: anualmente, em 8 de
novembro, esta corporação perfila-se para relembrar a campanha de Cândido
Mariano e dos policiais amazonenses em Canudos. Estou convencido de que se trata
da única Força Estadual (as demais participantes dessa refrega são a do Pará,
da Bahia e de São Paulo) no país a renovar ciclicamente as acerbas lições canudenses.
Produção do Governo para lembrar Canudos |
A fidelização corporativa me impulsionou a elaborar esta nova edição com a indispensável
revisão ortográfica e com o acréscimo de substancial material literário elaborado
por Cândido José Mariano, e difundido quando de sua atuação na prefeitura de
Sena Madureira (AC). Enfim, há cinco anos, elaborei o folheto Canudos em Quatro Tempos: a participação da
tropa da Polícia Militar do Amazonas na Campanha de Canudos, 1897 (Manaus: s/ed.,
2012)) para relembrar a efeméride festiva de novembro.
Vivemos novos tempos, sei.
O correr do relógio me ensinou, e me levou a percorrer novos caminhos para alcançar
o desfecho de Canudos. Acredito ter assimilado as lições, porém, uma questão ainda
me inquieta: onde posso encontrar os nomes dos policiais integrantes do
Batalhão de Cândido Mariano? Lamentavelmente, mexidas e mais mexidas operadas
no extinto Quartel da Praça da
Polícia espalharam por estranhos departamentos estaduais os registros históricos.
Todavia, eu prometo: ainda os alcançarei.
No mais, o tão estudado tema
Canudos passa por uma temporada de baixa estação. Oxalá o sesquicentenário,
ainda bem distante (em 2047), traga novidades e inovados subsídios. Contudo, diante
dessa longínqua distância cronológica, lego com este trabalho minha
contribuição.
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