O extinto matutino A Gazeta, de propriedade de Artur Virgílio Filho (deputado federal), estava ligado ao então governador Gilberto Mestrinho (1959-1963). Nele pontificava o jornalista Ramayana de Chevalier, que servia ao governo dirigindo o Daspa (Departamento de Assistência ao Servidor Público do Amazonas).
Recorte do matutino |
Chevalier dispunha de espaço
privilegiado, o cabeçalho da primeira página, para escrever seus artigos, que podiam
ser juras de amor ao governo e ataques aos adversários, como Plínio Coelho; também
considerações sobre a política nacional, marcada pela vitória e a renúncia de
Janio Quadros, em agosto de 1961. E outros temas, bem mais deleitosos na pena caliente deste saudoso periodista, nascido em Manaus, porém, “cobra” criado no
Rio de Janeiro.
Para
incrementar a propaganda do governo, A Gazeta abriu a
coluna intitulada Governo do Povo. Nela circulavam
pequenas notícias, muitas delas truncadas ou incompletas, sobre as atividade de
Mestrinho.
Reproduzo
duas notas, que dizem respeito ao bairro de Educandos, às vezes tratado por
Constantinópolis. Aproveito para registrar que estudei no Machado de Assis antes da reforma citada. E que
o Grupo na estrada, hoje avenida
Leopoldo Péres, ainda se chama Monteiro de Souza.
A residência
da minha família, à rua Inácio Guimarães, possibilitou-me conhecer ao Pedro
Telles, latifundiário, cujo nome era repetido e temido na extensão do bairro.
Seu advogado –Dr. Jauary Marinho– foi por anos, durante o Governo Militar, o segundo Reitor de nossa Universidade Federal (Ufam).
Rua Inácio Guimarães, atrás do Cine Vitória, vendo-se, ao alto, as torres inacabadas da igreja de Educandos, 1961 |
Edição de 16 outubro
1961
Cumprindo
mais um dos compromissos assumidos para com o nobre povo que o elegeu e que o
retribui com uma popularidade que sobrepaira acima das intrigas e misérias da política,
o governador Gilberto Mestrinho entregou ao Sr. Pedro Telles e ao Dr. Jauary
Marinho a importância de 10 milhões de cruzeiros, com que o Estado do Amazonas
compra, para posterior distribuição aos seus atuais ocupantes, as terras do
bairro de Educandos.
Havia
os que diziam que essa promessa do governador, fora fogo de demagogia em hora
de eleição. Hoje esses negadores da boa-fé de Gilberto devem estar como porcos:
com a cara na lama.
Edição de 17 outubro
1961
O Educandos sempre foi um bairro
explorado pelos demagogos de hora de eleição. Poucos governos –e honra se faça
a eles– se lembraram daquela parte de Manaus. Mas o Mestrinho
entendeu que tudo que se fizesse por aquela gente, era pouco.
Pegou o velho Grupo [Escolar] Machado de Assis e modernizou-o. Ficou uma obra magnífica, de encher
os olhos. Fez o mesmo naquele outro da subida da estrada de Constantinópolis. Mas ainda era pouco em matéria de
educação, pois a garotada do bairro é imensa. E fez construir mais um Grupo,
desta vez no meio de um Conjunto Educacional sem par em nosso Estado [acredito que se trata da EE Diana
Pinheiro, na av. Presidente Kennedy]
Mandou construir um belíssimo campo
de esportes em frente da Igreja. Construiu uma moderna subdelegacia de Polícia
[hoje servindo a uma ONG, na avenida Leopoldo Péres], para conter
os maus elementos e proteger as famílias do bairro. Mandou construir um mercado
moderno e modelo [Dr. Jorge de Moraes,
que foi prefeito de Manaus] e foi o Educandos um dos primeiros bairros a
ter estendidas nas suas ruas a nova rede elétrica.
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