Em 1858, o ensino secundário
continuava a ser dado no Liceu, ministrado nas seguintes cadeiras: Latim, Francês,
Retórica, Geografia e História, Matemáticas (Aritmética, Álgebra e Geometria) e
Música. Como se vê, ainda não se considerava necessário o ensino da língua
portuguesa.
* * *
Estando, em Manaus, em
estudos etnográficos o grande poeta Gonçalves Dias, em 1861, o presidente da
Província nomeia-o para as funções de "visitador escolar", por ato de
28 de fevereiro desse ano. Desempenhou o cargo em excursões pelo interior, mas
não aceitou a remuneração a que tinha direito.
* * *
No curso do Liceu, aparece, originariamente,
em 1865, a cadeira de Português lecionada pelo engenheiro Leovigildo de Souza
Coelho, em lugar do Latim, então suprimido por falta de alunos. Leovigildo Coelho
professava a cadeira de Matemáticas, recebendo a remuneração anual de 800$00.
* * *
Em 1867, tendo sido
habilitado em concurso para reger as cadeiras de gramática nacional, geografia
e história os cidadãos Henrique Barbosa de Amorim e Inácio Rego Barros, foram
efetivamente nomeados lentes das referidas cadeiras. (J. B. A Instrução Pública no Amazonas, p. 66,
Manaus: 1927).
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Foi restabelecida a cadeira
de Latim e, nela provido o professor João Carlos da Silva Pinheiro que fora
subvencionado, pela Província, para estudar esse idioma em Coimbra. Nomeação
interina de 29 de outubro de 1866.
* * *
Criou-se, no Liceu, a cadeira
de Gramática Universal e Retórica, pela Lei nº 29, de 4 de março de 1869, que
foi ocupada, interinamente, por Francisco de Paula Bello, com apenas sete
alunos.
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Em 1871, em 22 de maio, a
Província criou, no Liceu, mais as seguintes cadeiras: Língua Inglesa, Pedagogia,
Escrituração Mercantil e História Universal. “Estas matérias foram deste modo
anexadas: Língua Inglesa à Francesa; Escrituração Mercantil à de Matemáticas; a
de História Universal à de Geografia; a de Pedagogia à de Gramática
Etnográfica" (J. B. p. 73).
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Surge novamente a ideia de
ser criada uma Escola Normal, por iniciativa do Diretor-Geral da Instrução Pública,
Dr. Gustavo Adolfo Ramos Ferreira, que a sugeriu ao então presidente da
Província, general Miranda Reis, em março de 1872. Esse Presidente não adotou a
sugestão e outros acréscimos no Regulamento vigente, não porque as medidas lhe
parecessem inúteis, mas porque sobrecarregariam os cofres da Província de ônus insuportáveis.
E Miranda Reis, que foi um
dos presidentes mais esclarecidos e dinâmicos do Amazonas, dando os motivos de
sua recusa, assim se justificou:
1)
Porque essa instituição (a Escola Normal) demanda um
edifício e pessoal especiais, o que exige despesas que, por ora, não pode a
Província comportar; 2) Porque plenamente suprimido pelas aulas do Liceu,
determinando-se que a aula de Pedagogia funcione à tarde, em um dos edifícios destinados
às escolas do ensino primário: deste modo a aula de Pedagogia reunira o ensino
teórico e prático que é a única diferença existente entre as Escolas Normais e
o Liceu, que aliás compreende maior número de matérias ao ensino primário. (Relatório do presidente
Miranda Reis, cit. por J. B. p. 79).
O Regulamento da Instrução
Pública mandado adotar por aquele presidente, estabeleceu o concurso para
provimento efetivo das cadeiras do ensino primário, em 1872. Mas, aberta a
inscrição, ninguém apareceu, o que forçou a continuação dos provimentos interinos.
A 25 de março de 1881, quando
no governo da província o Dr. Sátiro de Oliveira Dias e diretor da Instrução Pública
o Dr. Aprígio Martins de Menezes, foi solenemente lançada a pedra fundamental do
Liceu Provincial, hoje Colégio Estadual do Amazonas. Logo, em maio desse ano,
foram iniciadas as obras. Ao tempo, o Liceu funcionava num grande prédio à
praça D. Pedro II, esquina da rua Governador Vitório, de propriedade do comendador
Francisco de Souza Mesquita, que o alugava por 100$00 mensais.
Ainda nesse ano de 1881,
estando à frente da Administração da Província o Dr. Alarico José Furtado, foi
promulgado o novo Regulamento da Instrução Pública, de 14 de dezembro, que
criou uma Escola Normal destinada, já se vê, a formar membros efetivos do magistério
primário.
Alarico José Furtado, a 6 de
março de 1882, inaugurou a ansiada Escola Normal, no casarão do Liceu, e aproveita
os professores que ali trabalhavam.
O curso normal era de três
anos e constava das seguintes matérias: Língua Nacional, Pedagogia e
Metodologia; Legislação do ensino; Matemática e Elementos de Desenho Linear;
Língua Francesa; História e Geografia; Instrução Moral e Religiosa; Elementos
de Ciências Físicas e Naturais; Noções de Economia e Higiene; Prendas Domésticas.
No ensino de História e de Geografia, teriam especial desenvolvimento a
História e a Geografia da Província do Amazonas. As aulas de Prendas Domésticas
compreenderiam costuras, trabalhos de tricô, crochê, bordados, uso de máquinas,
corte de vestimentas para senhoras, homens e crianças". (J. B. p. 119).
Foi nomeado Diretor da Escola
Normal o Dr. Epifanio José Pedrosa.
* * *
No tempo do Império,
sucediam-se as reformas da Instrução Pública. Pode-se dizer: cada novo presidente
nomeado, pelo Conselho de Ministros, tinha seu plano a executar, mas sempre no
sentido de melhorar as condições de serviço, e de estimular os diplomados da
Escola Normal. Assim, na reforma autorizada pela Lei nº 579, de 24 de maio de
1822, lê-se:
As cadeiras de
instrução primária da Escola Normal só serão providas por concurso, ficando abolidos
os acessos por antiguidade. Os alunos mestres da Escola Normal poderão ser
nomeados sem concurso para as escolas primárias que requererem. Depois de três
anos de efetivo exercício, com aproveitamento para o ensino, serão considerados
vitalícios os professores nas suas respectivas cadeiras. Os professores
primários de 1ª e 2ª entrâncias, que tiverem o curso da Escola Normal,
perceberão os mesmos vencimentos que o professor de 3ª (Capital). (J. B. p.
141).
* * *
Em 1822, os corpos docentes e
administrativo da Escola Normal, percebiam, anualmente, conforme o orçamento e
por funcionário, os seguintes proventos:
14 professores 2.400$00
2 ditos de
ginástica 2.400$00
1 Adjunto 800$00
Gratificação de
Diretor 600$00
* * *
No dia 16 de julho de 1882,
fundara-se, em Manaus, o Colégio Brasileiro, sob a direção de Da. Carolina
Ribeiro, destinado a ensinar o curso primário, também preparando alunos para o
curso normal.
Era subvencionado pelos
cofres públicos. Faziam parte do seu corpo docente o Pe. Raimundo Amâncio de
Miranda, na aula de Religião, e Dona Emília Pedrosa de Oliveira, em Prendas Domésticas.
Em virtude de contrato
mantido com o governo da Província, esse estabelecimento mandava suas alunas a
exames perante bancas examinadoras da Escola Normal, e, no caso de aprovadas,
recebiam seu Diploma de Normalista, ficando com os mesmos direitos de
investidura e função, como as próprias tituladas da Província. (continua)
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