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Quando despertou o ano de 1888, já existiam no Amazonas, oito professores diplomados, sendo cinco pelo Colégio Brasileiro e três pela Escola Normal.
Muita
gente que ainda vive em Manaus (setembro de 1961), passou pelas aulas das
saudosas professoras Maria Telles Monteiro e Elvira Corrêa de Miranda Lima,
ambas saídas daquele colégio. Serviram, com dedicação e competência, o
magistério público da Capital, até sua jubilação.
O Colégio
Brasileiro pouco sobreviveu ao falecimento de sua fundadora e diretora Dona
Carolina Ribeiro, a 29 de abril de 1889.
Uma das
fontes de cultura do Amazonas está, sem dúvida, na sua Biblioteca Pública, que
foi criada em consequência da Lei nº 582, de 27 de maio de 1882, instalada no
Consistório (lado oriental) da Igreja Matriz, em Manaus. Anualmente, de quando
em quando o orçamento da Província dava-lhe uma pequena verba para aquisição de
livros, expediente e pessoal.
Por iniciativa
do presidente Jose Paranaguá, que governou o Amazonas de 17 de março de 1882 a
16 de fevereiro de 1884, a Biblioteca foi enriquecida de obras numerosas e
escolhidas, em Paris, por incumbência dada, ali, ao insigne patrício nosso, Dr.
Benjamin Franklin de Ramiz Galvão (mais tarde, barão de Ramiz Galvão), sob a
responsabilidade da Delegacia do Tesouro Nacional, em Londres. (Para maior
esclarecimento, consulte-se o precioso livro de Genesino Braga, Nascença e Vivência da Biblioteca do
Amazonas. Manaus: 1958).
* * *
"Por
ato de 4 de março de 1884, do vice-presidente em exercício, coronel Guilherme
José Moreira, foi nomeado o bacharel Manoel Francisco Machado para o cargo de
Diretor-Geral da Instrução Pública, o qual em consequência de ter sido
aposentado o respectivo diretor Agostinho Benjamin de Souza, estava sendo
ocupado pelo diretor da Escola Normal Dr. Jonatas de Freitas Pedrosa". (J.
B. p. 172).
* * *
Ainda mais
uma reforma do ensino público, ao ensejo da administração do presidente Dr.
Teodoreto Souto, empreendida a 19 de julho de 1884, pela qual o serviço de
ensino ficara dividido em cinco categorias, sendo uma delas o do ensino da
Escola Normal. E dizia: "... O ensino normal ficará anexo ao Liceu,
compreendendo as matérias especificadas no regimento citado" (J. B. p.
188).
* * *
Nova
reforma em 10 de junho de 1885, pelo presidente Ernesto Adolfo de Vasconcelos
Chaves, da qual não escapou a Escola Normal cujo curso continuou feito em três
anos, mas ainda anexo ao Liceu, todavia emancipado daquele, por um certo número
de cadeiras. Na reforma, entendeu-se melhorar a distribuição das cadeiras do
currículo. Diga-se, de passagem, que Ernesto Chaves foi um dos espíritos mais
brilhantes e dinâmicos que administraram a província do Amazonas.
* * *
"As
primeiras conferências pedagógicas feitas em Manaus, foram realizadas pelo
grande educador brasileiro Hilário Ribeiro. A primeira, sobre o seu método de
ensino, foi efetuada às 8 horas da manhã, de 23 de julho de 1886, no prédio da
escola S. Vicente. O ilustre professor fez mais duas conferências". (J. B.
p. 203).
* * *
Parecia um
prazer, se não uma preocupação, reformar as reformas. Deste modo,
o Pe. Raimundo Amâncio de Miranda, vice-presidente (em exercício de 2 a 12 de
julho de 1888), apenas estando 10 dias no governo, alterou a duração do curso
normal, que era feito em três anos, passou para quatro, importando o fato em
nova distribuição das cadeiras e jogo de matérias.
O Liceu
Amazonense recebeu outro nome: Curso do Liceu Amazonense.
A Escola
Normal ainda não ficara sossegada, pois em 12 de outubro de 1888, por lei
promulgada pela Assembleia Provincial, foi-lhe extinto o lugar de professor de
Religião. E, ainda, pela Lei nº 813, de 19 de julho de 1889, o presidente fora
autorizado a reorganizar a Instrução Pública, e mandar adotar o Regulamento nº
17, de 28 de março de 1883, para evitar que houvesse duas cadeiras da mesma
disciplina, nos dois cursos conjuntos Liceu e Escola Normal. Questão de
economia.
Era diretor
da Escola Normal o Prof. Francisco Antônio Monteiro, que, em relatório ao presidente
Manoel Francisco Machado fizera-lhe ver que o Liceu e a Escola careciam de
material didático. Em vista do precário estado das finanças da Província, o presidente
deixou de atender ã solicitação, "cuja necessidade reconhecia, recomendando
apenas a atenção da Assembleia o curso de Pedagogia em que eram necessários os
objetos pedidos porque tratava-se de introduzir o ensino intuitivo na massa dos
professores que desconheciam completamente e cuja aplicação produziu a superioridade
dos americanos, como povo observador". (J. B. p. 213).
* * *
No ano de
1889, quando o regime do Império já tinha seus dias contados, era este o quadro
docente da Escola Normal:
1 -
Cadeira de Português - Dr. Augusto Lins M. de Vasconcelos;
2 - Idem
de Francês - Manoel de Miranda Leão;
3 - Idem de Geografia -
Dr. Domingos Teófilo de Carvalho Leal;
4 - Idem de Aritmética e
Geometria - Carlos Pereira de Pinho;
5 - Idem de Desenho - Dr.
Lauro Batista Bittencourt;
6 - Idem de Pedagogia -
Dr. José Mateus de Aguiar Cardoso;
7 - Idem de Ciências Físicas
e Naturais - Farmaceutico Francisco Antônio Monteiro;
8 - Idem de Música -
Maestro Adelelmo Francisco do Nascimento;
9 - Idem de Caligrafia - Carlos
da Silva Pereira;
10 - Idem de Prendas
Domésticas - Maria Lira de Amorim Antony.
O novo regime
político implantado, no País, a 15 de novembro de 1889, ensejou mais largos
horizontes ao progresso da Província, pela descentralização dos seus poderes
administrativos mais diretos no uso da autonomia regional.
Outras
reformas do ensino seriam inevitáveis.
O Governo
Provisório da República, como toda gente sabe, nomeou o capitão Augusto Ximeno de
Villeroy para o cargo de governador do Estado do Amazonas. Foi um dos seus
primeiros atos o Decreto nº 15, de 17 de janeiro de 1890, extinguindo o Liceu
Amazonense, que vinha prestando ótimos serviços à mocidade. Em seu lugar, criou
o Instituto Normal Superior, cujo fim principal, não era formar bacharéis em
ciências e letras, mas futuros e mais hábeis "professores primários",
em um curso de quatro anos. Não demorou intangível o plano Villeroy, pois veio
logo a sofrer apreciáveis modificações que não valem ser especificadas nestas
simples notas, currente calamo, sabre
a evolução do ensino secundário e normal do Amazonas.
* * *
O Instituto
Normal Superior ia desaparecer. Certo foi o que aconteceu, pelo menos o seu
nome, sob o governo de Eduardo Gonçalves Ribeiro (o Pensador), pelo Decreto nº
34, de 13 de outubro de 1893, que criou o Ginásio Amazonense ao que se anexou o
Curso Normal, composto das mesmas disciplinas do seu irmão xifópago, com o
excedente de duas cadeiras especiais: Pedagogia e Prendas Domésticas.
* * *
O Decreto
nº 448, de 25 de setembro de 1900, desanexou do Ginásio o Curso Normal, com a
denominação de Escola Normal do Amazonas.
A nova entidade do ensino profissional, já autônoma, no sentido pedagógico, não
se retirou do edifício do Ginásio. Apenas mudou de salões. E já foi uma
conquista da sua própria evolução. (continua)
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