Em sua maioria, as associações culturais sem fins
lucrativos padecem de recursos, por isso, as publicações prometidas sempre circulam
fora do período. A Academia de Letras amazonense enfrenta semelhante quebra-cabeça,
e a dificuldade não é de tempos correntes. Basta lembrar que a dois anos de seu
centenário, apenas 31 revistas foram editadas pela AAL.
Como disse, esse fato vem desde a fundação dessa
agremiação. Pequena amostra disso encontra-se no matutino O Jornal (edição de 4. fev.1946), portanto, há 70 anos, quando saúda
o lançamento de número da Revista.
Revista da Academia Amazonense de Letras
Após um interregno de 10 anos, volta a aparecer, gloriosa, a Revista da Academia Amazonense de Letras. Dela temos sobre nossa mesa de trabalho um elegante exemplar, que nos trouxe, numa carinhosa deferência, o seu diretor, esse espirito luminoso que é Péricles Moraes.
Mesmo tomado dos múltiplos afazeres de sua espinhosa função de secretário-geral do Estado, mestre Péricles Moraes, num de seus gestos cativantes, quis trazê-la pessoalmente aos seus devotados confrades da redação de O JORNAL e do DIÁRIO DA TARDE, o que ainda mais singulariza a oferta, já por si generosa.
A Revista da Academia Amazonense de Letras, nesta madrugada auspiciosa de 1946, tem um significado de esperança, uma afirmação de vida que se não pode desmerecer. Síntese palpitante da inteligência, da cultura amazônica, documenta o vigor, o brilho da nossa existência pensamental e oferece uma conclusão jubilosa: um povo que realiza tanta beleza, uma raça que vibra com tão intensa emoção não está perecendo!
Pelas suas 100 páginas, um caudal maravilhoso de erudição e de arte escachoa. Adriano Jorge, Leopoldo Péres, Péricles Moraes, com dois trabalhos lapidares de crítica, João Leda, Raul de Azevedo, André Araújo com uma notável página sobre Os jesuítas e a assistência à infância no Brasil, Jonas da Silva, Huascar de Figueiredo, Américo Antony, Artur Virgílio com o seu ilustrado discurso de posse entre os imortais, Anísio Jobim, Agnelo Bittencourt, Moacyr Paixão, Djalma Batista e Mario Ypiranga Monteiro, firmam, nela, obras definitivas, que encheriam de orgulho qualquer literatura.
Na verdade, os "párias dos letras", da Academia Amazonense, derramam a mãos cheias tesouros de sensibilidade e estética, que não são comuns nos dias atuais do mundo atribulado...
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