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sábado, janeiro 20, 2024

TEIXEIRA DE MANAUS (1944-2023)

 Para lembrar o músico Teixeira de Manaus, falecido nesta semana, transcrevo o artigo de Darle Teixeira e Bernardo Mesquita com o qual se despediram do saxofonista mais conhecido da cidade. De minha parte, obedecendo à invocação do criador do "Beiradão", abro a porta de casa para ouvir o melodioso SAX. 


Abra sua porta e coração,

a história de Teixeira de Manaus 

Nesta quinta feira (18), faleceu em Manaus, Rudeimar Soares Teixeira, conhecido nacionalmente como Teixeira de Manaus, nome artístico adquirido em sua fase de produção fonográfica na década de 80. O saxofonista nascido na Costa do Catalão em 1944, cresceu nos arredores de Iranduba município perto de Manaus. Destinou-se a Manaus ainda criança para estudar e na década de 60 já tocava na banda de Domingos Lima animando os bailes e sedes da cidade. Rudeimar também foi um dos mais atuantes músicos nas festas de santos realizadas nas beiradas do interior amazonense. No mercado musical do interior atuou junto ao Grupo Pop antes de criar seu próprio conjunto o RT4 com o qual tocava na boate Saramandaia na década de 70.

O Amazonas se despede de Teixeira, mas sua obra segue viva na memória do povo. Sua música deixou impressa as animadas melodias saxofônicas, um traço singular da música instrumental de Beiradão. Teixeira foi o primeiro músico a gravar uma faixa sob a denominação “Beiradão”, apesar de sua produção na década de 80 estar vinculada ao desenvolvimento da lambada. A partir dele, Admilton do Sax e muitos outros poderíamos falar da lambada-beiradão. Rudeimar fez parte de uma geração de ilustres mestres saxofonistas tais como Chico Cajú, Rafí, Agnaldo do Amazonas, Aurélio do Sax, Valério, Chiquinho David, Souza Caxias, Toinho Bindá e muitos outros trabalhadores músicos que construíram a produção fonográfica amazonense na década de 80.

Exímio instrumentista, dominava teclado, saxofone, profundo conhecedor de harmonia, compositor de mão cheia, Teixeira adorava lembrar suas conquistas musicais ao longo da vida. Esse mestre singular que foi também muito conhecido em Fortaleza, deixou mais de 100 composições inéditas. Teixeira entrou pela porta e pelos corações do Amazonas.

Sua criação individual sua música reflete a formação histórica da música amazonense baseada na influência das bandas de música, conjuntos de jazz, conjuntos regionais, seresta e assim como da música da indústria fonográfica em geral cúmbia, merengue e mambo.

Além dos cantores Carrapeta, Chico da Silva e a banda Carrapicho, Teixeira foi o músico amazonense de maior sucesso comercial no mercado musical da região norte e nordeste. Tendo alcançado um imenso sucesso em todo norte do país, sua música obteve grande aceitação nas rádios de Fortaleza no início da década de 80. A nordestinidade musical é um traço da música amazônica de Teixeira.

A vida nas beiradas segue seu curso em contato com o rio e assim estaremos em contato com esse grande mestre de nossa história musical. 

Darle Teixeira e Bernardo Mesquita

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