Em nossos dias, o órgão oficial do Estado é um maçante desfilar de exclusivas decisões dos Poderes Estaduais. Nem sempre foi assim. Na década de 1980, o DOE encartava um caderno literário, como o recorte que aqui vai publicado. A página trazia um poema do saudoso poeta Alcides Werk (1934-2003), ilustrado pelo artista Van Pereira.
O poema vai transcrito abaixo:
NA PRAIA DA PONTA
NEGRA
Alcides Werk
Às vezes tenho vontade
de andar de jeans, ser moderno,
fazer versos esquisitos,
gerar palavras estranhas,
somar asfalto com lua,
misturar brigas de rua com rosa, com cal e mar.
Mas, quando te sonho nua
na Praia da Ponta Negra,
com gestos de pré-amar,
todo o meu ser se acomoda,
e eu volto a ver-me menino
que sonhara ser poeta
em noites de romantismo,
e, conquistado, me esqueço
das conquistas que faria:
minha alma mansa flutua
nas águas pretas do rio
e esvoaça sobre a tua
como um pássaro no cio...
Ilustração – Van Pereira
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