Aos 95 anos, morreu Arlindo Augusto dos Santos Porto, nome augusto bastante glorificado na cidade de Manaus, onde participou e presidiu com brilhantismo cargos políticos, administrativos e de agremiações culturais. Travei adequada amizade com este mestre ao ingressar no IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), e, com mais intensidade, quando ele passou a presidir o Instituto. A Casa de Bernardo Ramos estava deteriorada, reclamando ampla reforma que, afinal, ocorreu em seu mandato.
Arlindo Porto
Sempre com um sorriso disponível, foi um homem continuamente
disposto a descrever suas peripécias, seja onde for. Daí me vem à memória o
fato ocorrido no velório do saudoso Mário Ypiranga Monteiro, na Funerária Almir
Neves, situada na rua Monsenhor Coutinho. Sentado ao lado de Arlindo, não me
contive ao final do causo por ele contado. Fui às gargalhadas e, quando me
dei conta da situação de acolhimento, saí às pressas do recinto.
O site da Academia Amazonense de Letras publicou uma
postagem subscrita pelo acadêmico Robério Braga, que ilustra com mais atributos,
ainda que resumidamente, a trajetória de Arlindo Porto.
Desejo enfatizar que Arlindo foi o derradeiro
remanescente dos presos políticos ao tempo do Governo ou da Ditadura Militar
(como queira), recolhidos ao quartel do 27º BC, hoje 1º BIS, localizado no
bairro de São Jorge. O penúltimo foi Amazonino Armando Mendes (governador do
Estado). Outro augusto preso foi Luiz Augusto de Lima Ruas, sacerdote comunista.
Para encerrar minha homenagem ao Arlindo, vem-me ao pensamento
outro fato, que ele me narrou umas vezes. Certo dia, o bispo do Amazonas – dom João
de Souza Lima, foi visitar o padre Luiz Ruas no presídio militar. Obviamente, ao
redor dos encarcerados. Conversa vai e vem, Arlindo teve a ideia de escrever
uma carta à família, a fim de serenar sua casa, para tanto solicitou ao prelado
que servisse de correio. Dom João prontamente aquiesceu, fazendo uma visita à
residência do remetente. Arlindo não deixou de ser espiritualista, todavia morreu
penhorado ao pastor amazonense.
Enfim, Arlindo Porto, ad immortalitatem!
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