CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, junho 07, 2019

GUILHERME ALUÍZIO (1937-2019)



Pequeno contato tive com este grande homem, maior ainda pelo que ora verifiquei, com sua morte. 


Estive, em algumas oportunidades, conversando com Guilherme Aluízio, presidente do Jornal do Commercio, em seu gabinete, local aprazível que eu tanto admirava.
Guilherme Aluízio, in Jornal do Commercio, 4 jun.2019
Cheguei acolá a convite dele, que me solicitava meu empenho de “catador de papeis”, em busca de informações acerca de um seu ascendente português.
Ofereci ajuda ainda ao histórico da Rádio Baré, ao comemorar décadas de funcionamento. Meu derradeiro esforço para atendê-lo aconteceu com a posse do atual comandante do CMA (Comando Militar da Amazônia), general Nardi de Souza. A motivação se deveu à presença do genitor deste – coronel José Jorge Nardi de Souza, no comando da Polícia Militar do Amazonas e na Secretaria de Segurança do Estado, ao tempo do Governo Militar.
Para encurtar a postagem e aprimorar a memória de Guilherme Aluízio, reproduzo o editorial com que os colaboradores do JC se despediram do Amigo, do líder que dirigiu este periódico por 34 anos, renovando e inovando a maneira de fazer jornalismo no Amazonas.
Labor omnia vincit (o trabalho tudo vence), verdade, Guilherme Aluízio de Oliveira Silva.

Título do editorial do JC, em 4 jun. 2019
Discreto, elegante, educado, polido, inteligente... São vários — e sempre positivos — os adjetivos usados para se referir a Guilherme Aluízio de Oliveira Silva que nos deixou ontem.
Não é por acaso.Recebia a todos em seu gabinete – como gostava de se referir à aconchegante sala aonde trabalhou desde 1984 — com a mesma fidalguia. Incapaz de destratar quem quer que fosse, mesmo o mais humilde colaborador. Ainda que fosse necessário repreender, mostrar firmeza. Fazia-o com extrema elegânciaViveu as últimas 8 décadas da história do Amazonas não apenas como testemunha ocular, mas também como expoente dela.
Sua história no jornalismo começou em 1955, na extinta Gazeta do Amazonas. Foram apenas cinco anos como redator, mas o suficiente para apaixonar-se pela profissão, embora tivesse sido praticamente obrigado a afastar- se dela por um bom tempo, para se dedicar aos negócios da família. A partir de 1960, fundou empresas que trabalhavam com a exportação de madeira certificada, em Manaus e em Benjamin Constant. Passou sete anos dedicando-se a este mercado, até assumir, em 1967, a diretoria financeira e a vice-presidência da Companhia Siderúrgica do Amazonas, a Siderama, um enorme desafio.
Foi justamente na Siderama que o Amazonas conheceu as habilidades de Guilherme. Coube a ele consolidar o ousado projeto, que pretendia – e conseguiu – 60 mil toneladas de aço laminado por ano.
Depois disso, criou a Navezon, uma empresa de navegação tão bem-sucedida, que foi adquirida pela então incontestável Petrobras, em 1980.
Foi a partir daí que aquela velha paixão aflorou. E nosso saudoso empreendedor decidiu assumir o legado da rede de comunicação Diários Associados no Amazonas. Adquiriu o controle do Jornal do Commercio e da Rádio Baré em 1984 e dedicou-se, até o último dia da vida, a manter este compromisso de pé.  Quem, no mundo inteiro, imaginaria que a esta altura, com tanta revolução tecnológica, ainda esteja de portas abertas, funcionando a pleno vapor, um jornal impresso com 115 anos de existência? Só esta conquista já justifica tantas homenagens quantas sejam possíveis a este amazonense apaixonado pelo jornalismo por sua terra.
Formou, ainda na década de 80, uma das mais memoráveis equipes de jornalistas já reunidas no Amazonas. E deixa também ao Estado o legado de uma rádio renovada e remodelada, hoje operada, em parceria, pelo grupo Diário. O espírito da longeva Baré, entretanto, está ali, intacto, graças a ele.
Construiu um grande patrimônio ao longo da vida, não apenas de bens materiais, mas também com os relacionamentos que cultivou, os amigos que fez, o afeto que espalhou.
Deus o receba, Guilherme Aluízio de Oliveira Silva, com uma grande missa, como aquelas das quais sempre participastes com muita dedicação na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a qual também tanto amastes.
Até a eternidade!

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