Capa do panfleto |
Quando do sesquicentenário
da nossa Independência, festejado em 1972, o Brasil promoveu inúmeras festas e
homenagens. Entre tantas, passou por todas as capitais um cortejo conduzindo as
cinzas do 1º imperador do Brasil.
Na Semana da Pátria, acentuaram-se
os festejos. Para incrementar o desfile em Manaus, a Polícia Militar do Estado distribuiu
um panfleto, que reproduzo abaixo, com apontamentos sobre a data festiva e sobre pelejas sangrentas em que se envolveu.
Acredito que o texto
pertence ao falecido mestre Mário Ypiranga Monteiro, visto que a iniciativa
coube a chefia da Casa Militar, a quem o intelectual estava muito achegado e já
havia produzido outros textos. Seja de quem for, há necessidade de alguns
reparos, pois foi concretizado com exorbitantes arroubos.
Um deles, assegura que, em
1851, entre a criação da província do Amazonas e sua instalação no ano
seguinte, a Guarda Policial dispunha de 1339 guardas! Não há registro sobre tal
número, e mais, este efetivo alcançou este número em razão da obrigatoriedade de todos
os homens, a partir dos 14 anos, a “pertencer’ (sem ônus) a uma
Guarda.
Outra desdita: a PM amazonense
lutou ao lado de Plácido de Castro, na conquista do Acre. Não! O governador amazonense
Silvério Nery, ainda que interessado na disputa, apenas dispôs uma guarnição Policial
e outra Fiscal na fronteira acreana, na região onde hoje evolui a cidade de Boca
do Acre.
No entanto, a Legião dos Poetas (voluntários idealistas)
seguiu para a região com arma pesada da Força Estadual, cedida por governador. Contudo,
foi um fiasco redondo.
Apesar dos pesares, entoa-se
no hino policial: No Acre, com batalhas e
vitórias...
São 135 anos de existência — de honrada e ufanosa
existência! que se somam neste soberbo desfilar dos soldados de Cândido
Mariano. São 135 anos de lutas incessantes, — pela ordem, pela paz, pelo bem do
povo e da Pátria, — que estão passando, agora, em frente aos nossos olhos
orgulhosos, — diante da nossa cívica emoção! — no passo-certo dos homens do heroico
batalhão de Canudos!
São 135 anos da Polícia Militar do Amazonas,
desfilando em reverência aos 150 anos da Independência do Brasil!
Data de 4 de abril de 1837 a existência da Polícia
Militar do Amazonas. Criada com o nome de Guarda Policial, teve, mais tarde, a
honrosa atribuição de milícia guarnecedora das nossas fronteiras e dos presídios
militares de vários pontos do interior amazonense, além da sua função precípua
de zelar pela ordem pública nas seus municipais, vilas e freguesias.
Dois Batalhões compunham, em 1851, a Guarda
Policial, que tinha, então um efetivo de 1.339 praças distribuídas pelos diversos
lugares da Província.
Elevada à categoria de Batalhão Policial em 1890 e
de Regimento Policial em 1897, — foi como Regimento que destacou o seu 1º
Batalhão de Infantaria para seguir com destino a Canudos e ali juntar-se às
Forças em Operações. Foi em Canudos, dentro da própria cidadela dos jagunços de
Antônio Conselheiro, que essa brava
Polícia Militar do Amazonas derramou o sangue generoso de seus soldados pela
paz e pela ordem da família brasileira. Seu Comandante, o intrépido Coronel
Cândido Mariano, — que é a figura máxima, o símbolo do heroísmo e da honradez,
do miliciano amazonense, tem o seu Altar na consagração da História do
Amazonas.
Esta mesma Polícia Militar do Amazonas lutou no
Acre, ao lado de Plácido de Castro, e ajudou a libertar aquele Território da
ocupação estrangeira e a reincorporá-lo ao Patrimônio Territorial do Brasil.
Outros feitos gloriosos tem em sua história a
Polícia Militar do Amazonas!
Feitos gloriosos e troféus gloriosos! E o mais belo
e o mais glorioso desses troféus é aquela velha Bandeira Brasileira que é
guardada com orgulho, em seu quartel pelos soldados amazonenses: é a Bandeira
que acompanhou a Polícia Militar em Canudos e de lá voltou tinta do sangue dos
nossos soldados e esfarrapada pelos impactos das balas inimigas.
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