Danilo Areosa |
Prosseguindo com a postagem anterior, sobre o tema, reproduzo
mais um trecho do Almanaque Municipal
Brasileiro, de 1970, quando era governador do Amazonas Danilo de Matos Areosa.
Manaus é a sede do Comando Militar da
Amazônia
A transferência do Comando
Militar da Amazônia de Belém para Manaus marcou a maior presença do Exército,
nos seus objetivos de Segurança e Desenvolvimento, em relação aos 3/5 de Brasil
quase sem ocupação: a Amazônia.
Esse deslocamento do CMA
para Manaus — capital da Amazônia Ocidental — evidencia a penetração fardada,
senão a conquista de novos e remotos espaços geográficos, onde a dispersão demográfica
e as grandes distâncias representam a maior dimensão do problema da integração.
O Exército quer ocupar — deixar seus rastros de colonização do vazio. Está
marchando mato adentro, transpondo rios e pântanos, para que o sigam atrás da
farda, nos sulcos de seu desbravamento, as colunas do empresariado industrial,
agrícola e de comercialização, implantando núcleos com condições de fixação do
brasileiro no Brasil amazônico.
Recorte da citada publicação |
Por isso Manaus é a sede
do Comando Militar da Amazônia. Porque Manaus funciona como centro irradiador
da Amazônia Interior — a mais perdida, a mais distante, a mais longe do Brasil
Desenvolvido, a que mais necessita do pioneirismo do soldado.
As gandolas entram com o
capital do sacrifício. Por baixo da Bandeira que se mistura com o verde das
copas, o ponto civilizador iniciado: o quartel, salpicos de casas de sapé, a
escolinha, o hospital, a olaria, a serraria, a chaminé da pequena usina
elétrica. Em suma: a ocupação implantada, ainda balbuciante, mas a matriz do
que será, em breve, a grande Amazônia Brasileira.
Em Manaus, além da sede do
CMA, está o CIGS, o Centro de Instrução de Guerra na Selva. É sem favor, o mais
treinado e eficiente corpo de tropa de sua especialidade. Nem no Vietnã — nem
em selva outra de paz ou de guerra — existe um CIGS com tamanho poder operativo
e mobilidade de combate em meio adverso. É a lição da anti-guerrilha.
Sua fama se projetou em
outros Exércitos. Pois o CIGS está formando, nas técnicas da guerra na selva,
oficiais de outras nações amigas. Sua missão é a de transformar homens em supersoldados.
Quem não possuir têmpera de aço, vontade dura, saúde excepcional e, sobretudo,
quem não tiver motivação cívico-militar, não resistirá às rígidas instruções do
CIGS. Ele forma homens para vencer. Produz a síntese da
Coragem-Civismo-Técnica, dentro do imoderado amor à Pátria.
Trabalho da Força Aérea junto aos indígenas |
O antigo 27° BC, hoje o 1°
Batalhão de Infantaria da Selva, foi o primeiro apoio do Exército em Manaus. De
suas baionetas partiu tudo o que existe na área militar da Amazônia Interior. É
um Batalhão querido do povo, por onde passaram as lideranças regionais.
Governadores do Amazonas contam com orgulho que foram praças do então 27° BC.
Hoje, este Batalhão
prepara o soldado para a missão de fronteira, a mais prioritária do
verde-oliva. Nas faixas perdidas da grande planície setentrional, a bandeira do
CMA assinala a vigilância permanente e a progressiva integração. De Manaus
parte o apoio logístico.
Ainda em Manaus funcionam,
entre outras organizações militares, o Hospital Geral de Manaus, a Companhia
Especial de Transportes, a 29ª CSM, a Comissão de Obras, com seu canteiro de
construções que não lhe permitiu, sequer, pela arrancada de trabalho, o
levantamento de sua sede própria. A Comissão opera na construção de casas para
oficiais e sargentos, como em outros setores vinculados aos objetivos de
integração.
Na Amazônia, o Exército assumiu
características regionais. Outro Exército dentro do mesmo Exército. Um Exército
caboclo – tão índio e tão Brasil — abrindo caminho para a passagem da
civilização brasileira. O Exército exato para a Amazônia.
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