Hotel Cassina, estágio atual |
Há dias, circulou na rede um trabalho acadêmico sobre os locais de encontro na cidade, mais conhecidos por "zona", entre outras alcunhas. Talvez esta postagem possa, tomando o testemunho de um frequentador, emprestar uma linha mais ao esforço daquele pesquisador.
➤ Coluna do Belmiro
Saudades
e Boêmia
DO HOTEL CASSINA E DO BAR
DE FLORES
Hoje, o Hotel Cassina exibe os andrajos de um
tempo em que imperou como uma das referências da boêmia e o Bar de Flores
lembra a velha eletrola se "esgoelando", com as mesas apinhadas de
cervejas "estupidamente" geladas.
E tome samba do bom e do
melhor, por onde rodam os soirés de
Paris, trazidos da Europa pelas polacas que com duas "maçãs no rosto"
parecendo nanquim ao natural, e tome polcas, e tome maxixes, e tome boleros, e
tome tangos embalando as frescas madrugadas.
O dia raiando em
estilhaços de vida, os odores exalando a Royal
Briar, a L'Origam e a Epreuve du Coty.
Tudo
acabou, o tempo levou!
O Promessa e o Madeiras do
Oriente da “Mirurgia”, marcas das melhores fragrâncias da época num tempo
que se esvaiu... mas que ainda se ouve a Volta
do Boêmio - com o Nelson Gonçalves de todas "as zonas", a lua lá fora
espelhada no leito do Rio.
E o vento sussurrando
imemoriais confidências dos Boêmios no melhor tempo das nossas serenatas da nossa
juventude. Ah! tempo de paz! onde o crime e a irracionalidade não existiam e
muito menos a praga da Aids. Acabou tudo!
Polacas com duas maçãs no
rosto como se fossem nanquim, fazendo sala "no amor livre", das casas
livres de todas as latitudes da liberdade plena.
Ah! tempos de paz! Da
nossa juventude ainda sem a ameaça terrível da Aids, tempo festejado com a
amizade dos verdadeiros amigos, onde o crime e a brutalidade não existiam. E
muito menos a Aids.
Acabou tudo até mesmo o épico "Café do Pina",
dele restando saudades e sombras, pedaços de lua e estrofes imortais como as do
nosso saudoso Farias de Carvalho, o poeta insubstituível sempre lembrado na dor
e no pranto que a todos nos deixou o Clube
da Madrugada, que não acaba nunca ...imortalizou-se
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