Aspectos do cemitério São João |
Discorro hoje, obviamente,
sobre meus mortos, e outras visões, que a cada ano aumentam. Acabo de vasculhar
o cemitério São João
Batista, pra cima e pra baixo. Aqui e ali revi famílias, amigos
reunidos, orando uns, conversando outros certamente sobre os falecidos. O calor
forte parecia apressar os “viandantes que passais”.
Estas aspas retirei da
lápide que saúda heróis da Polícia Militar do Amazonas. Trata-se do mausoléu de
dois praças mortos em 1910, por ocasião de uma rebelião militar. No entanto, a
mesma PMAM poderia recuperar o túmulo de alguns de seus ex-comandantes ou mesmo
de oficiais e praças que se encontram no abandono.
Nessa direção, já propus a
Comandos-Gerais que se efetuasse o translado dos restos mortais de um “herói”,
quase patrono desta Força Estadual. Cândido Mariano que, comissionado
tenente-coronel desta Força Militar, participou do campanha de Canudos. A
propósito, dia 8 deste, a PM rememora esse conflito nacional.
Caminhando com dificuldade
por entre sepulturas, devido a balburdia dos assentamentos, revi a de amigos,
de parentes, mas confesso amargurado que ainda não contemplei a de minha
família com a adequada estrutura. Entra ano e sai ano, lá estão aqueles a quem
relembro de maneira diversificada sob encardido revestimento.
Este túmulo foi adquirido
no final da década de 1930, e ainda não identifiquei quem o inaugurou. Sei dos
demais, começando por minha avó materna Adelaide Lima, em 1940. Pouco mais, em
julho de 1952, foi a vez de sua filha caçula – minha mãe – Francisca Lima.
Nos anos 60 foi aberto
duas vezes, a primeira em 1961 para abrigar minha avó paterna Victoria
Malafaya. A segunda, sem data conhecida, Maria, esposa de meu tio José Lima.
Longa temporada se passou
até que, em 2006, tive a desventura de enterrar no espaço o corpo do filho
Roberto Souza. E, quando meu pai faleceu, dois anos passados, tive que decidir
entre sepultá-lo neste jazigo ou naquele em que encontra dona Doroteia Mendoza
(a segunda esposa dele) no cemitério São Francisco, situado no Morro da Liberdade.
Optei por este, reencontrou-se com a Dona.
Adornos encontrados no cemitério São João Batista |
De volta ao périplo no
cemitério central, lembrei-me de quando jovem, quando no Dia dos Finados a
família marcava encontro junto à sepultura dos seus. Recordo que somente
possuía de mortos, minha mãe e as avós. Todas reunidas na mesma SP. Hoje, são
tantos mortos, que se tem de antecipar as visitas.
Desse modo, deixo para o entardecer
minha visita ao cemitério São Francisco, para ali reverenciar a meu pai e a
minha distinta madrasta. Com o crepúsculo, o tremular das luzes das velas e as da
cidade me impulsiona o reencontro com gostosas lembranças familiares.
Recolhi vários aspectos do
São João Batista, nessa passagem do Dia dos Finados. Tristeza ver os antigos
vendedores de serviços relacionados as sepulturas; suas biroscas, na parede dos
fundos; um arremedo de sepulturas verticais; e o amontoado de covas que, como
como assinalei, requer um GPS para boa movimentação. Enfim, um comércio degradante.
De outro lado, há
sepulturas belíssimas, enfeitadas com estatuária de qualidade. Limpas, restauradas,
daria ao campo santo central um outro visual. Tomara que veja tanto algum dia!
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