Hoje,
8 de fevereiro, a Polícia Feminina (PF) que integra a Polícia Militar do
Amazonas (PMAM) totaliza 38 anos de existência.
Polícia Feminina no desfile do Dia da Pátria, na avenida Djalma Batista |
Quando
esta completou 20 anos de frequência na caserna da Praça da Polícia, na virada
do século, escrevi o texto aqui postado com algumas inserções, que o decurso do
tempo me impeliu.
Escrevi
à época que não havia motivos para congratulações, afinal, nem seu tutor
recordou a efeméride. Sim, ninguém mesmo! Mas acreditava que a data seria a ocasião
propícia para uma reflexão sobre o andamento da “polícia de saia”.
Esperava
contribuir com alguns conceitos e, perdão, alguns preconceitos. Vi a PF (maldita
sigla pejorativa –prato feito) nascer
e colaborei como instrutor em seus passos iniciais, e a segui até a comemoração
dos sempre festejados 15 anos.
Conta
a lenda que, em certo dia de 1979, no governo de José Lindoso, a primeira dama –dona
Amine, viajou a São Paulo, acompanhada de seu ajudante de ordens, o então
capitão Moacir Carioca. Lá, o governo paulista colocou à sua disposição uma
oficial feminino da Polícia Militar de São Paulo (PMESP). Detalhe: São Paulo
foi o primeiro estado a constituir um corpo feminino, ainda na década de 1950.
O segundo, foi o Paraná.
A
atuação da policial posta à disposição encantou a protegida, tanto que esta, ao
retornar a Manaus, empenhou-se junto ao marido na criação da congênere
amazonense. Portanto, quando em 8 de fevereiro de 1980, o governador José Lindoso
assinou o Decreto n° 4 819, criando o Pelotão de Polícia Feminina, gerou a
terceira organização policial feminina no país.
O
próprio comandante-geral da PMAM, coronel EB Wilson Raizer, evangélico convicto
e atuante cuidou pessoalmente da instalação e dos primeiros passos do pelotão.
Convocou para comandá-lo o 1° tenente Claumendes Cardoso (hoje coronel da
reserva) que, como nada conhecia sobre a neófita organização policial, foi
enviado à São Paulo para examinar o emprego do seu pessoal feminino.
Duas
décadas depois, assinalei então que me parecia que a PM ainda não havia encontrado
o definitivo emprego das mulheres. A razão foi que que, depois de evoluir para
Companhia, consoante o Decreto n° 9 650, de 4 de agosto de 1986, foi a partir
de uma decisão de 1989 que começou o desaparelhamento dessa fração da Força
Policial.
Explico:
naquele ano, seu efetivo, já composto de oficiais e praças intermediários e de
execução, perdeu a subordinação à unidade original e ao quartel onde servia. A
tropa foi classificada nas unidades da PMAM, ou seja, cada policial feminina
passou a pertencer a qualquer quartel, não mais o da Polícia Feminina, que foi
desativado.
E,
assim, permanece. Sem um aquartelamento e um comando distinto, exercido pelas
oficiais. Na época, refiro-me a 1989, havia em seus quadros a major Sandra
Bulcão, uma das inauguradoras da primeira turma.
Mais
um recuo: o curso inaugural em 1980 teve a duração de dez meses, e formou
apenas sargentos, em número de trinta, sendo as primeiras: Antonia Arlene
Oliveira (exonerada a pedido quando capitão) e Sandra Regina Bulcão (em nossos
dias, coronel da reserva). Uma decisão no meio do caminho fez a PMAM enviar as
mencionadas policiais para estagiar na PMESP, e, assim, se tornaram as
primeiras mulheres a atingir o oficialato na PMAM.
Depois
vieram os soldados femininos. Na conclusão do curso preparatório, Rosa Neire
Soares o fez com distinção, daí ser considerada a primeira soldado feminino.
Aos
20 anos, eram cerca de 500 policiais femininas. Agora, aos 38 anos, deve ter
dobrado esse efetivo. Todavia, onde se encontram tantas policiais? Um efetivo de
um batalhão ou mais, porém nem quartel próprio existe. Seria interessante
reunir este pessoal no mesmo aquartelamento? Nem tanto, ponderava a
major Sandra, porque “os problemas afetos ao sexo feminino sempre afloram,
resultando em embaraços”. Melhor é, argumenta, a atual disposição, em que o
pessoal feminino convive com o masculino, e assim se "policiam". Os
problemas se diluem, e teremos melhor desempenho. Não creio, vi muitas
interações indevidas.
O
decreto de criação estabelecia a função primordial da PF: atender aos menores e
idosos e, obviamente, as mulheres. No entanto, observada a plástica das jovens
então ingressas, foram incumbidas do policiamento do aeroporto Eduardo Gomes. E
foram ocupando outros espaços, porém, em nossos dias, poucas são vistas no
policiamento, depois que o serviço de trânsito foi alijado da Polícia Militar.
Enfim,
onde anda a PF? Melhor seria perguntar pelas policiais femininas, posto que a
Polícia Feminina, assim entendida a organização policial militar dispondo se
aquartelamento e comando não existe. Existe um bom número de policiais
femininas, as quais merecem a lembrança deste memorável dia.
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