CORONEL FRANCISCO CARNEIRO (1922-2015)
No
sábado passado 27, a família de FRANCISCO CARNEIRO DA SILVA, saudoso coronel da
Polícia Militar do Amazonas, reuniu-se no oratório da corporação para lembrar o
sexto mês de seu falecimento. Ao encerramento
do ato litúrgico, foi lido o texto abaixo que colaborei na composição, ao lado
de seu filho Prof. Dr. Francisco Filho.
Carneiro, como restou
conhecido, foi incorporado na Polícia Militar do Amazonas (PMAM) nos heroicos
tempos desta corporação, no início da década de 1950. Heroicos porque o Estado
passava por extrema dificuldade financeira, situação que se estendia obviamente
à administração. Carneiro foi incorporado como soldado. Dedicado como sempre
foi, recebeu a promoção a cabo e, quando 3° sargento, foi colocado à disposição
do Corpo de Bombeiros de Manaus, ao tempo uma entidade da competência da Prefeitura
da capital. Nessa situação, foi enviado para um curso no Corpo de Bombeiros do
Rio de Janeiro, então a mais importante organização do gênero no país, junto
com o tenente Edmundo Monteiro. No longínquo ano de 1952.
Um fato curioso ocorreu ao
final dessa temporada, na então Capital Federal, porquanto faltasse o pagamento
de vencimentos e vantagens, a dupla de Bombeiros recorreu à imprensa. Essa
publicou em Manaus a reclamação dos bombeiros, resultado: ao retornar, para
surpresa de ambos, foram punidos disciplinarmente. Carneiro retornou à PM, onde
obteve a promoção ao oficialato.
Nesta condição, foi
destacado pela primeira vez para comandar um destacamento policial militar no
interior do estado, assumindo assim, a Delegacia de Polícia do município de
Tefé, onde nesta função enfrentaria, com seus comandados, situações críticas de
desordem pública, como conflitos sangrentos entre famílias por disputa de
terras e vinganças pessoais.
Em 1959, o saudoso
governador Gilberto Mestrinho nomeou "coronel comandante da Polícia
Militar do Amazonas", ao Dr. Assis Peixoto. Peixoto fez do tenente
Carneiro seu ajudante de ordens. Nessa condição, viajaram a Porto Alegre (RS)
para um encontro com a cúpula das PMs do Brasil. Uma foto histórica mostra,
além dos citados amazonenses, o então governador gaúcho.
Militar por vocação,
Carneiro seguiu prestando suas obrigações, no quadro de intendência, tendo
ocupado a função de Aprovisionador e pouco depois, a Tesouraria da instituição.
O Estado prosperava paulatinamente sob o governo trabalhista de Plínio Coelho e
Gilberto Mestrinho. Auxiliado por oficiais do Exército que estiveram no comando
da Força Policial.
Com a instalação do Governo
Militar, em 1964, o governador determinou a apuração de desagregação no comando
da PM. Carneiro, então capitão, dirigindo a Tesouraria, foi atingido pelas
normas do Ato Institucional, sendo obrigado a se afastar do serviço ativo.
Recorreu à Justiça, a qual o reabilitou ao serviço, cujo retorno aconteceu em
1968.
Novos tempos no país e no
governo estadual promoveram a recuperação da PMAM. Carneiro comandou a
Companhia de Comando e Serviços. E, em 1972, na PM do Ceará, frequentou com
sucesso o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO). Promovido a major, esteve
em Parintins, na condução da Delegacia de Polícia local e do Destacamento de
policiais, que deu origem ao atual batalhão de polícia.
Ao deixar aquelas funções,
retornou ao quartel da Praça da Polícia, onde seguiu exercendo funções de seu
posto. A reserva ocorreu e, ainda assim, Carneiro se empenhou em atividades
correlatas, como atividades administrativas no extinto Deram e posteriormente na
Setram, onde durante sua permanência naquele órgão, sempre se via incumbido de
realizar sindicâncias e inquéritos administrativos. Da mesma forma, atuou nos
quadros da antiga estatal Cosama, onde se tornou responsável pelo setor de
pagamentos de funcionários do interior do Estado.
No âmbito familiar,
Francisco Carneiro da Silva fez por merecer a nobre lembrança de pai e marido
amoroso e um avô apaixonado por seus netos e bisnetos. Ao lado da esposa, Sra.
Ana Barros Carneiro, em 63 anos de matrimônio, dedicou seus derradeiros anos de
vida a um convívio harmonioso e repleto de paz e ensinamentos para todos os
familiares.
Era, ao falecer, o oficial
mais idoso da corporação, possuía 93 anos de vida, na qual galgou de singelo soldado
ao topo do oficialato, após ter passado praticamente por todas as graduações e
postos da hierarquia de um policial militar, numa trajetória sempre muito
honrosa e rica em vitórias e, sobretudo, rica em verdadeiros amigos, os quais
sabia como ninguém, soube conquistar e preservar.
Missão cumprida, Coronel
Carneiro!
Nenhum comentário:
Postar um comentário