Segunda parte do discurso pronunciado em 4 de julho de 1973, pelo então governador João Walter de Andrade
(1971-75), quando da contratação da empresa Norberto Odebrecht para a reforma
do Teatro Amazonas.
Foi pensando nesse imenso trabalho fundamental que o Governo do Estado solicitou ao diretor da firma CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT S/A uma participação em termos iniciais de contratos e de orçamento discriminado. A referida construtora enviou a Manaus o arquiteto-chefe da construção do Teatro Castro Alves, da Bahia, o qual, após demorado contato com o ambiente, e de posse de elementos informativos da espécie de plantas gerais do TEATRO AMAZONAS, registro das particularidades a serem atacadas, reformas, recuperação de obras de arte, etc., elaborou os projetos, com anexação, inclusive, de um estudo sobre realização de empréstimo para emprego nas obras.
Com o presidente da Embratur, Dr. Paulo Manoel César Protásio, e seus assessores, reunimo-nos em fevereiro, na Guanabara, achando-se também presentes os Drs. Tomaz Estrela e Alcir Souza Coelho, do IPHAN, o Dr. Delile Guerra de Macedo, secretário de Planejamento; o engenheiro Odilon Spinelli, secretário de Obras; e o Dr. Sinval Gonçalves, Presidente da Emamtur. Ali ficou decidida a participação da Empresa Brasileira de Turismo na obra de restauração do TEATRO AMAZONAS.
Ao Dr. Nestor Jost, presidente do Banco do Brasil, solicitamos a inclusão do Projeto de restauração do TEATRO AMAZONAS, entre aqueles merecedores de financiamento com recursos do PASEP, administrados pelo Banco do Brasil. Finalmente, com o Banco da Amazônia, representado no ato pelo seu presidente, Dr. Babot de Miranda, em solenidade presidida pelo Sr. ministro do Interior, General José Costa Cavalcante, e participação do presidente do Banco Nacional de Habitação, Dr. Rubens Vaz da Costa, e do presidente da Caixa Econômica Federal, Dr. Giampaolo Marcello Falco, assinamos contrato de financiamento de parte da obra do TEATRO AMAZONAS.
O contrato, que nesta solenidade se assina com a Construtora Norberto Odebrecht S/A — Comércio e Indústria, obriga esta firma a executar, sob o regime de administração para o Governo do Estado do Amazonas, todos os serviços de construção e instalação de equipamentos especiais necessários ao pleno e perfeito funcionamento do TEATRO AMAZONAS.
Tais serviços são, em resumo, os seguintes:
1 — Exame minucioso de toda a construção, situação das paredes de alvenaria, fundações e respectivos serviços do reparo.
2 — Restauração das pinturas, por técnico especializado.
3 — Retirada do assoalho do salão nobre, construção de nova estrutura, reposição do assoalho, retirada, recomposição, alguns assoalhos novos, reparos em todo o prédio.
4 — Mobiliário novo (em estilo) para todas as dependências do Teatro, restauração de alguns móveis, novas cortinas para todo o Teatro, em tecido especial incombustível tipo veludo, restauração dos lustres de cristal existentes e instalação dos que faltam.
5 — Poltronas especiais para a plateia, tipo teatro, condizente com o caráter da decoração a ser preservado e compatível com o novo tratamento acústico.
6 — Poço da orquestra apropriadamente dimensionado, com movimentação mecânica para funcionar como extensão do palco.
7 — Caixa do palco totalmente remodelada, incluindo demolição do atual piso do palco, retirada da estrutura atual de madeira, instalação de novo palco com infraestrutura metálica especial e nova estrutura também metálica para a sofita e urdimento.
8 — Camarins completamente redistribuídos, ampliados, novos camarins instalados, inclusive camarins coletivos para coro, balé e figurantes.
9 — Novos sanitários para o público, para artistas, para os artífices e para a administração do Teatro.
10 — Nova instalação hidráulica totalmente independente da existente, incluindo novos reservatórios e nova rede de esgoto.
11 — Instalação elétrica completamente nova, tubulada, aparente, apoiada em bandejas e calhas, capaz de receber toda carga da iluminação geral do Teatro, iluminação cênica, bombas, motores elétricos, ar condicionado, iluminação feérica das fachadas, sistema eletroacústico.
12 — Iluminação cênica constituída pelo conjunto de refletores especiais, efeitos cênicos, projetores e controle de comando instalado na parte posterior da plateia.
13 — Pano de boca compreendendo reconstituição, recuperação e movimentação eletromecânica do atual e fornecimento de novas cortinas do proscênio em veludo especial incombustível.
14 — Limpeza e pintura geral da estrutura metálica.
15 — Retirada de todas as telhas, impermeabilização da cúpula, recolocação das telhas, inclusive fabrico especial dos dois tipos existentes.
16 — Reparo, substituição e ampliação da rede de recolhimento de águas pluviais.
17 — Instalação completa especial de ar condicionado em todo o Teatro.
18 — Sistema completo de prevenção contra incêndio.
19 — Pintura geral do prédio.
20 — Retirada, exame, reparo, substituição de ferragens e recolocação de todas as esquadrias de madeira do Teatro.
21 — Substituição de vidros quebrados.
22 — Eletroacústica, compreendendo sistema sonoro para reprodução de acompanhamentos gravados e efeitos especiais etc.
É de 15 meses o prazo total para a realização dos serviços, mas a Empresa se compromete a reduzi-lo para 10 a 12.
Meus Senhores:
Assinando hoje este contrato, chegamos ao meio de uma luta para levar a termo um compromisso assumido conosco mesmo, perante o respeito que temos pelas tradições de cultura da família amazonense.
Chegamos ao meio, porque uma outra fase se inicia hoje: a dos trabalhos de restauração. Na batalha em que hoje temos a colher este triunfo, não estivemos só, entretanto. Tivemos a ajudar-nos dedicações valiosas. Uma delas é a do Professor Mário Ypiranga Monteiro, o historiógrafo do Teatro Amazonas, conhecedor emérito do passado e do itinerário histórico desta casa-monumento. Outra é a do Dr. Delile Guerra de Macedo, Secretário de Planejamento. Outra, a do engenheiro Coronel Odilon Spinelli. Integraram a nossa equipe de lutadores e nela se mantêm, devotados e leais.
À patriótica compreensão do Dr. Paulo Protásio, presidente da Embratur, e do Dr. Fábio de Carvalho, um dos diretores da referida Empresa, ficamos devendo boa parte do êxito de nossa campanha. O projeto de viabilidade do TEATRO AMAZONAS, elaborado pela Embratur, como parte do Programa Nacional de Empreendimentos Turísticos, representa trabalho de grande fôlego.
No Senhor Ministro de Planejamento, Dr. Paulo Reis Veloso, encontramos decidida colaboração para o encaminhamento de nosso projeto de restauração do TEATRO AMAZONAS. Ao Exmo. Sr. Presidente da República, solicitando ajuda financeira. E mais uma vez, do eminente Presidente Emílio Garrastazu Médici recebemos confortador apoio no ato de concessão que vem de ser autorizado pelo benemérito Chefe da Nação.
O grande somatório de esforços, que se expressa neste ato de assinatura do contrato para a restauração do TEATRO AMAZONAS, é em verdade uma união de vontades, uma aliança de sentimentos dedicados, uma associação de desvelos e cuidados, em derredor de um patrimônio que já é mais que do Amazonas: é do Brasil! Do Brasil porque reflete, no estrangeiro, ou para os visitantes estrangeiros, a cultura de um povo, de uma Nação, plantada com requinte, há quase 80 anos, no coração da portentosa hinterlândia brasileira.
Erguido no período áureo das exportações da borracha para os mercados da Europa e da América, aqui estão também representados, ao lado das manifestações da arte, o esforço do homem do interior, o trabalho do florestário, o suor das fadigas da nossa gente simples dos barrancos litorâneos. E é por isso que a estes nunca os esquecemos. E é por isso que o Homem do interior está sempre em nossas preocupações, a ele dedicando boa parte de nossa atenção, de nossos desvelos, sempre em busca de soluções justas e humanas para assisti-los, certo que estamos de que de seu esforço, de seu trabalho e do suor de suas fadigas é que surgem obras como esta que o Engenheiro Eduardo Ribeiro pôde levar quase a termo, em seu quadriênio de governo, fecundo de realizações, na última década do século passado.
E assim procedemos, cumprindo ideal da patriótica Revolução Democrática de 1964, cujas diretrizes atuais vão no rumo do homem interiorano, através da construção de estradas gigantescas, como a Transamazônica; a Perimetral Norte; a BR-319 Manaus-Humaitá-Porto Velho; de Portos e Ancoradouros fluviais; de Eletrificação; de Telecomunicação, de Saneamento e Abastecimento d'Água; de Hospitais, de Escolas, de Aeroportos, — assim promovendo o momento histórico da grande hora do nosso Brasil, que marcha firme e seguro, tranquilo e em paz, laborioso e opulento, no rumo do seu grande destino.
Aguardemos, senhores, para daqui a um ano, mais ou menos, a grande noite de gala que reabrirá, para seus novos faustos, totalmente restaurado, o nosso majestoso TEATRO AMAZONAS.
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