Adriano Jorge |
Consagra-se o dia de hoje à existência augusta e luminosa
de Adriano Jorge. Não só entre a família de jornalistas de O JORNAL. Estimam-no
e admiram-no todos da coletividade manauense. Muito logicamente.
Difícil encontrar-se, na Cidade, quem não deva, ao
seu diagnóstico prodigioso, fortuita assistência.
Acontece que esse grande médico, dono da maior clinica
local, é um homem bom, por vocação e filosofia, sendo o seu melhor prazer a
pratica, indistinta, do bem.
Depois, o nosso aniversariante é a legenda mais complexa
e expressiva da inteligência daqui. Professor de várias matérias, jornalista político,
cujos artigos, contra os sobas de ontem,
no "Correio do Norte", ficaram na memória do povo, pela eficiência, e
na dos profissionais do panfleto, como modelo, cronista das artes plásticas,
ensaísta, atualíssimo de assuntos filosóficos, literários e astronômicos, o preclaro
presidente da Academia Amazonense de Letras destaca-se, principalmente, como
orador de raça, com as suas orações perfeitas, ouvidas, sempre, com o mais vivo
entusiasmo, nas reuniões acadêmicas, na Assembleia Legislativa e nos comícios de
praça pública, aonde, ombro a ombro com o saudoso e estupendo Heliodoro Balbi,
tirou os resultados mais satisfatórios dos sentimentos cívicos da nossa gente.
E' um artista completo. Sua forma prestigia as nossas
letras com a intensidade de movimento à Euclides da Cunha ou Fialho, uma sintaxe
à Aloysio ou Francisco de Castro e a rica lexicologia de Camilo. Esse o Adriano
Jorge, autor de "tantas páginas, que, enfeixadas em volumes, seriam fontes
consultivas, partituras da sinfonia amazônica, noturnos de um coração
bom".
O Dr. Álvaro Maia, "que aprendeu, com Adriano
Jorge, nos recintos ginasiais, a amar a poesia do idioma", e defendeu,
"ao sol da mesma trincheira, os problemas de sua terra e as aspirações de
seu povo", disse, dele, certa vez: "A esse artista desassombrado, que
defende o povo, mas não corteja a popularidade, surdo ao vozear dos medíocres e
senhor das próprias atitudes, devemos justas consagrações, que lhe nunca
fizemos, porque não as aceitaria, satisfeito com os aplausos da própria consciência".
A homenagem,
que a Academia se dignou preparar-lhe, obterá, certamente, êxito de apoteose.
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