Novo capítulo da história da Polícia Militar do Amazonas, relativo ao período provincial, compartilhado do meu almejado livro Guarda Policial (1837-1889).
Fac-símile da assinatura do comandante Tertuliano |
Comandante Tertuliano Mello
Em 7 de setembro de 1887, assume o comando do
Corpo Policial, Antônio Tertuliano da Silva Mello, capitão de engenheiros
comissionado no posto de major, então servindo na Guarnição do Amazonas.
Tertuliano nasceu em 1851, assentou praça aos 19 anos, e foi promovido a 2º
tenente em 1876. Concluiu o Curso de Estado-Maior de 1ª classe, sob as
diretrizes do Regulamento de 1874, tendo por colega o futuro presidente da
República, Hermes Rodrigues da Fonseca (1910-14).
Não tendo participado do conflito do Paraguai, este
capitão interrompe no comando da força policial a série de oficiais militantes
nesta campanha. Igualmente, desde a instalação desta corporação, torna-se o
primeiro oficial da ativa ou de 1ª Linha (denominação à época) a exercer esse
encargo. Talvez por esses predicados, Tertuliano integraliza na instituição uma
auspiciosa restauração há bastante almejada, seguramente pela fragilidade dos
comandantes anteriores, tanto na administração quanto na condução dos
policiais. Para melhor entender essa renovação, remeto o leitor ao seu
Relatório, datado de 5 de agosto, adiante exposto.
Assim o presidente Niemeyer
justifica a mudança de comandantes: “Como o capitão (artilharia) Miguel Vitor de Andrade Figueira não reunia os
predicados indispensáveis a um ativo e zeloso comandante, dispensei-o, nomeando
comandante do novo corpo o capitão do 3º Batalhão de Artilharia, Antônio
Tertuliano da Silva Mello”. E complementa enfático. “Estou convencido que este
oficial por sua inteligência, zelo e circunspeção, muito melhorará o estado
dessa força, que ia decaindo de dia para dia na opinião pública, e que ora
vai-se elevando a altura de sua missão”.
Quadro dos oficiais
No mesmo documento, o presidente Niemeyer
expõe a relação dos oficiais do Corpo e suas funções:
Major comandante – Antônio
Tertuliano da Silva Mello
Alferes
secretário – Raimundo Afonso de Carvalho (Nascido na província do Ceará,
em 7 de setembro de 1862, Afonso de Carvalho foi um nordestino vencedor no
Amazonas. Desembarcou aqui como soldado do Exército e retirou-se depois de
comandar a PMAM no governo de Eduardo Ribeiro (1892-96), de exercer a
superintendência (prefeitura) de Manaus; deputado no Congresso Estadual e, sendo
seu presidente, assumir a chefia do Poder Executivo (1907-08), em substituição
ao governador Constantino Nery.)
Alferes ajudante e quartel-mestre
– Tomás Ferreira de Melo
1ª Companhia
Capitão Manoel Honorato dos
Santos / Tenente José Soares de Souza Fogo e alferes Joaquim Bibiano de Freitas
e Febrônio Gonçalves Pinheiro.
2ª Companhia
Capitão José Paes de Azevedo /
Tenente Manoel Antônio Rodrigues Pará / e alferes Tito Velloso da Silveira e
Teodoro Monteiro da Cunha.
Outras
notas
Nem tudo havia mudado, porém. O alistamento de
praças seguia a velha regra, fortemente marcado pelo emprego de mão de obra
nordestina. E mais um episódio é aqui relatado. Acabava de desembarcar em
Manaus o tenente José Soares Fogo conduzindo 80 indivíduos, contratados no
Ceará. Para a inclusão no Corpo Policial, o presidente nomeia uma comissão
composta do tenente-coronel Joaquim Leovigildo de Souza Coelho, major Joaquim
Pinto Guedes e tenente Pedro Rangel de Abreu (todos do Exército) “para reconhecer a autenticidade dos documentos
de engajamento apresentados”. Enfim, para consolidar o processo de inclusão, a
presidência nomeia outra comissão, sem designar os nomes, para inspecionar os
“candidatos”, ressalvando que somente os julgados aptos obteriam ingresso no
Corpo. Quê decisão bizarra. Depois de desembarcados em Manaus, como
dispensá-los?
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