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quinta-feira, agosto 08, 2024

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (35)

Novo capítulo da história da Polícia Militar do Amazonas, relativo ao período provincial, compartilhado do meu almejado livro Guarda Policial (1837-1889).

  

Fac-símile da assinatura do comandante Tertuliano

Comandante Tertuliano Mello

Em 7 de setembro de 1887, assume o comando do Corpo Policial, Antônio Tertuliano da Silva Mello, capitão de engenheiros comissionado no posto de major, então servindo na Guarnição do Amazonas. Tertuliano nasceu em 1851, assentou praça aos 19 anos, e foi promovido a 2º tenente em 1876. Concluiu o Curso de Estado-Maior de 1ª classe, sob as diretrizes do Regulamento de 1874, tendo por colega o futuro presidente da República, Hermes Rodrigues da Fonseca (1910-14). 

Não tendo participado do conflito do Paraguai, este capitão interrompe no comando da força policial a série de oficiais militantes nesta campanha. Igualmente, desde a instalação desta corporação, torna-se o primeiro oficial da ativa ou de 1ª Linha (denominação à época) a exercer esse encargo. Talvez por esses predicados, Tertuliano integraliza na instituição uma auspiciosa restauração há bastante almejada, seguramente pela fragilidade dos comandantes anteriores, tanto na administração quanto na condução dos policiais. Para melhor entender essa renovação, remeto o leitor ao seu Relatório, datado de 5 de agosto, adiante exposto.

Assim o presidente Niemeyer justifica a mudança de comandantes: “Como o capitão (artilharia) Miguel Vitor de Andrade Figueira não reunia os predicados indispensáveis a um ativo e zeloso comandante, dispensei-o, nomeando comandante do novo corpo o capitão do 3º Batalhão de Artilharia, Antônio Tertuliano da Silva Mello”. E complementa enfático. “Estou convencido que este oficial por sua inteligência, zelo e circunspeção, muito melhorará o estado dessa força, que ia decaindo de dia para dia na opinião pública, e que ora vai-se elevando a altura de sua missão”.


Quadro dos oficiais

 No mesmo documento, o presidente Niemeyer expõe a relação dos oficiais do Corpo e suas funções:

Major comandante – Antônio Tertuliano da Silva Mello

Alferes secretário – Raimundo Afonso de Carvalho (Nascido na província do Ceará, em 7 de setembro de 1862, Afonso de Carvalho foi um nordestino vencedor no Amazonas. Desembarcou aqui como soldado do Exército e retirou-se depois de comandar a PMAM no governo de Eduardo Ribeiro (1892-96), de exercer a superintendência (prefeitura) de Manaus; deputado no Congresso Estadual e, sendo seu presidente, assumir a chefia do Poder Executivo (1907-08), em substituição ao governador Constantino Nery.)

Alferes ajudante e quartel-mestre – Tomás Ferreira de Melo

1ª Companhia

Capitão Manoel Honorato dos Santos / Tenente José Soares de Souza Fogo e alferes Joaquim Bibiano de Freitas e Febrônio Gonçalves Pinheiro.

2ª Companhia

Capitão José Paes de Azevedo / Tenente Manoel Antônio Rodrigues Pará / e alferes Tito Velloso da Silveira e Teodoro Monteiro da Cunha.

Outras notas

Nem tudo havia mudado, porém. O alistamento de praças seguia a velha regra, fortemente marcado pelo emprego de mão de obra nordestina. E mais um episódio é aqui relatado. Acabava de desembarcar em Manaus o tenente José Soares Fogo conduzindo 80 indivíduos, contratados no Ceará. Para a inclusão no Corpo Policial, o presidente nomeia uma comissão composta do tenente-coronel Joaquim Leovigildo de Souza Coelho, major Joaquim Pinto Guedes e tenente Pedro Rangel de Abreu (todos do Exército) “para reconhecer a autenticidade dos documentos de engajamento apresentados”. Enfim, para consolidar o processo de inclusão, a presidência nomeia outra comissão, sem designar os nomes, para inspecionar os “candidatos”, ressalvando que somente os julgados aptos obteriam ingresso no Corpo. Quê decisão bizarra. Depois de desembarcados em Manaus, como dispensá-los?

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