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segunda-feira, julho 15, 2024

EM MANAUS, O MARITIMO (JORNAL)

 Mais um jornal lançado em Manaus, no início da segunda década do século passado. Desconheço quanto tempo subsistiu. Intitulado de O MARITIMO, reunia os integrantes da Marinha Mercante, que obviamente possuía um número expressivo, dado a quantidade desses profissionais à época. De outro modo, era o único meio de comunicação entre as distintas agremiações. A folha dos marítimos amazonenses foi lançada em 27 de abril de 1911, publicada aos sábados.

Título do jornal, acervo da Biblioteca Nacional
Na segunda página deste periódico encontrei um poema de Maranhão Sobrinho, já membro da Academia Maranhense, mas que zanzava pela capital da borracha, onde faleceu ainda jovem no Natal de 1915. A composição me parece ser inédita, dado o descuido que o autor dispensava à sua produção. 

Recorte da página 2, cópia abaixo

 O coração do mar

Ao caro amigo Serra Freire 

Ouve. O mar escarpando as rochas, na agonia

do sol, parece ter na voz o humano acento

de dor. Reza, talvez; vai recolher-se. O dia

se ajoelha e a noite, em sonho, abraça o firmamento. 

Como nós pode ser que a tristeza e a alegria

o mar sinta também: precisa em movimento

trazer um coração: quem sabe o que irradia

no seu íntimo em doce e azul recolhimento! 

Escuta. Uma onda vem beijar-te os pés. Não há de

calma os seios rasgar sobre os basaltos; quérulas

as ondas todas são. Ouve-lhe a voz. Piedade! 

O mar leva-me a crer que tem paixões mortais

em que rolam, brilhando as lágrimas das pérolas

e palpita, fervendo, o sangue dos corais...  

Maranhão Sobrinho

(Da Academia Maranhense) 

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