Em janeiro de 1955, Plínio Ramos Coelho assumiu o governo do Amazonas. O Estado passava por uma séria crise financeira, lembrando apenas o precário fornecimento de energia elétrica. Ao par desta carência, o governo encontrou um amontoado de bondes, que foram adquiridos no início daquele século e, portanto, cinquenta anos depois, sem manutenção adequada, jazia na subusina (depósito). Plínio Coelho tentou recuperá-los para atender a população, que circulava em precários ônibus construídos de madeira. A aventura do governo durou dois anos, pois em 1957 os bondes desapareceram totalmente.Recorte do matutino - AC. 11 abr. 1960
colorizado por Ed Lincon
Ed Lincon, entusiasmado por matéria dos ônibus de madeira, e cuja família conheceu os bondes a fundo, pois seu avô foi motorneiro, emprestou-me esta postagem sacada do jornal A Crítica ( 11 abr. 1960). Também lhe coube a cópia colorizada da postagem.
Lead da matéria de AC. 11 abr. 1960 |
Está definitivamente afastada
a hipótese de Manaus voltar a possuir bondes no seu sistema de transporte coletivo.
Os elétricos que tantos bons serviços prestaram à população, hoje não passam de
um montão de ferro velho sem nenhuma utilidade, servindo apenas para comprovar
a criminosa atuação de administradores sem escrúpulos e sem responsabilidade, que
deixaram destruir um patrimônio considerado do mais alto valor.
A história relacionada com os
transportes elétricos nestes últimos anos, principalmente depois de um trabalho
de recuperação que se pretendeu fazer, com alardes e foguetórios, e até com um
governador transformado em motorneiro, nos mostra fatos que denunciam criminosa
irresponsabilidade. Isso, principalmente, pelo caráter político mostrado à coisa
que, se tinha como certo o seu efeito nas massas, tinha por igual a certeza de
gastos desnecessários numa das mais fantásticas burlas ao povo deste Estado. Iremos
aos poucos até atingir esse ponto culminante da história dos bondes.
INSTALAÇÃO DOS PRIMEIROS BONDES
Os primeiros bondes que circularam
em Manaus foram adquiridos no governo de Eduardo Ribeiro, o “Pensador” e a sua instalação
deu-se no governo de Fileto Pires. O primeiro fato histórico relacionado com o
sistema de transportes recém introduzido na capital do Estado, foi o de terem
os bondes formado o cortejo fúnebre que conduziu Eduardo Ribeiro à sua última
morada, justamente aquele governante que adquirira a frota popular. E a sua exploração
coube a firma Travassos & Maranhão, que antecedeu à empresa inglesa The Manáos
Tramways and Ligth Co.Ltd.
O serviço de bondes era feito por 45 veículos,
considerados da mais alta qualidade e qualificados como os melhores do Brasil.
Mas, os anos foram passando, o material desgastando e o serviço tornando-se ineficaz
até que poucos ou quase nenhum bonde era empregado no transporte coletivo.
RECUPERAÇAO OU GOLPE POLÍTICO?
Em 1955, quando era administrador
dos Serviços Elétricos do Estado o engenheiro Carlos Eugenio Chauvin, foi determinada
pelo governador da época que se procedesse a recuperação dos bondes parados e amontoados
na subusina de Cachoeirinha. Não se tratava de uma recuperação verdadeira, mas,
apenas de uma manobra de caráter político, que serviria tão somente para projetar
o Executivo como órgão realmente interessado em trabalhar pela solução dos
problemas que afligiam a população, e dentre os quais figurava em plano de destaque
o dos transportes coletivos. Verdade é que essa recuperação, que se fosse
concretizada em toda a sua plenitude, não seria mais que o cumprimento de uma obrigação
do governo, não passou de uma simples pintura. Na parte ligada ao maquinário pequenos
reparos foram feitos pelos próprios empregados das oficinas dos Serviços Elétricos
do Estado apenas com a supervisão técnica do engenheiro Carlos Eugenio Chauvin.
E cada bonde supostamente recuperado custou aos cofres públicos importância superior
a 50 mil cruzeiros. (...)
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