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quinta-feira, julho 04, 2024

BONDES EM MANAUS

 Em janeiro de 1955, Plínio Ramos Coelho assumiu o governo do Amazonas. O Estado passava por uma séria crise financeira, lembrando apenas o precário fornecimento de energia elétrica. Ao par desta carência, o governo encontrou um amontoado de bondes, que foram adquiridos no início daquele século e, portanto, cinquenta anos depois, sem manutenção adequada, jazia na subusina (depósito). Plínio Coelho tentou recuperá-los para atender a população, que circulava em precários ônibus construídos  de madeira. A aventura do governo durou dois anos, pois em 1957 os bondes desapareceram totalmente.

Recorte do matutino - AC. 11 abr. 1960
colorizado por Ed Lincon

Ed Lincon, entusiasmado por matéria dos ônibus de madeira, e cuja família conheceu os bondes a fundo, pois seu avô foi motorneiro, emprestou-me esta postagem sacada do jornal A Crítica ( 11 abr. 1960). Também lhe coube a cópia colorizada da postagem.

Lead da matéria de AC. 11 abr. 1960

Está definitivamente afastada a hipótese de Manaus voltar a possuir bondes no seu sistema de transporte coletivo. Os elétricos que tantos bons serviços prestaram à população, hoje não passam de um montão de ferro velho sem nenhuma utilidade, servindo apenas para comprovar a criminosa atuação de administradores sem escrúpulos e sem responsabilidade, que deixaram destruir um patrimônio considerado do mais alto valor.

A história relacionada com os transportes elétricos nestes últimos anos, principalmente depois de um trabalho de recuperação que se pretendeu fazer, com alardes e foguetórios, e até com um governador transformado em motorneiro, nos mostra fatos que denunciam criminosa irresponsabilidade. Isso, principalmente, pelo caráter político mostrado à coisa que, se tinha como certo o seu efeito nas massas, tinha por igual a certeza de gastos desnecessários numa das mais fantásticas burlas ao povo deste Estado. Iremos aos poucos até atingir esse ponto culminante da história dos bondes.

INSTALAÇÃO DOS PRIMEIROS BONDES

Os primeiros bondes que circularam em Manaus foram adquiridos no governo de Eduardo Ribeiro, o “Pensador” e a sua instalação deu-se no governo de Fileto Pires. O primeiro fato histórico relacionado com o sistema de transportes recém introduzido na capital do Estado, foi o de terem os bondes formado o cortejo fúnebre que conduziu Eduardo Ribeiro à sua última morada, justamente aquele governante que adquirira a frota popular. E a sua exploração coube a firma Travassos & Maranhão, que antecedeu à empresa inglesa The Manáos Tramways and Ligth Co.Ltd.

 O serviço de bondes era feito por 45 veículos, considerados da mais alta qualidade e qualificados como os melhores do Brasil. Mas, os anos foram passando, o material desgastando e o serviço tornando-se ineficaz até que poucos ou quase nenhum bonde era empregado no transporte coletivo.

RECUPERAÇAO OU GOLPE POLÍTICO?  

Em 1955, quando era administrador dos Serviços Elétricos do Estado o engenheiro Carlos Eugenio Chauvin, foi determinada pelo governador da época que se procedesse a recuperação dos bondes parados e amontoados na subusina de Cachoeirinha. Não se tratava de uma recuperação verdadeira, mas, apenas de uma manobra de caráter político, que serviria tão somente para projetar o Executivo como órgão realmente interessado em trabalhar pela solução dos problemas que afligiam a população, e dentre os quais figurava em plano de destaque o dos transportes coletivos. Verdade é que essa recuperação, que se fosse concretizada em toda a sua plenitude, não seria mais que o cumprimento de uma obrigação do governo, não passou de uma simples pintura. Na parte ligada ao maquinário pequenos reparos foram feitos pelos próprios empregados das oficinas dos Serviços Elétricos do Estado apenas com a supervisão técnica do engenheiro Carlos Eugenio Chauvin. E cada bonde supostamente recuperado custou aos cofres públicos importância superior a 50 mil cruzeiros. (...)

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