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segunda-feira, maio 01, 2023

MISSÃO SALESIANA: RIO NEGRO

 Recortei do compêndio Nas Fronteiras do Brasil: missões salesianas do Amazonas, elaborado pelos padres salesianos  nos primeiros anos de 1950, a página sobre transportes, para demonstrar as dificuldades daquela região enfrentadas pelos  religiosos - padres e freiras. Obviamente, o Alto Rio Negro hoje oferece melhores condições de trabalho e de vida. 

Acervo do Arquivo Público do
Amazonas

TRANSPORTES

É este o problema dos problemas no Rio Negro. A navegação fluvial é morosa e precária. A navegação aérea é sumamente cara para os minguados recursos daquele povo. Estradas de rodagem não há. As intempéries, as inundações periódicas tornam difícil o escoamento dos produtos da região e mais difícil ainda a importação do indispensável ao funcionamento de tantas atividades, e até mesmo dos gêneros alimentícios que a terra não dá. Daí a lentidão com que tantas coisas são feitas, sobretudo as construções de prédios, igrejas e oficinas.

Ora, regiões estratégicas como essa, nas fronteiras com a Colômbia e a Venezuela, precisariam de vias de comunicação mais fáceis e mais rápidas.

As Missões têm feito o que têm podido, dentro das suas apoucadas forças e dos recursos que o Governo Federal lhes faculta.

Assim é que, contornando temíveis cachoeiras, que dificultam as comunicações fluviais, as Missões já construíram a estrada de rodagem de Ipanerá a Urubucuara, e estão ultimando presentemente a rodovia de Papuri ao Tiquié, de 90 quilômetros de extensão, realizando notável obra de penetração nas matas da zona lindeira do Brasil com a República da Colômbia, sob os auspícios e o amparo do Governo Federal.

Página do referido livro

Agora, que o automóvel de passeio e o caminhão se introduziram em larga escala no Brasil, seria de vasto alcance a construção de outras estradas, que facilitassem a importação e exportação, entrada e saída dessa região vastíssima, que há tanto tempo está pedindo que a conheçam e explorem. Não fossem as Missões...

A propósito, lê-se na Gazeta de Manaus (27.01.1950) artigo do deputado estadual do Amazonas, Arthur Virgílio Filho, do qual nos há de ser permitido respigar esta passagem, que diz bem do esforço civilizador, colonizador e formador dos missionários Salesianos:

"O que ainda salva o Rio Negro resulta da atividade fecunda e humanitária das Missões Salesianas. Tanto em Barcelos como em Uaupés esses abnegados filhos de São João Bosco, padres e freiras, de acordo com as suas possibilidades que não são muito amplas, erguem hospitais e escolas, educam as crianças, tratam dos enfermos, empreendem, enfim, a sacrossanta missão do voto de fé que proferiram. Não fossem as Missões e não sei o que seria das populações do Rio Negro..."

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