Recortei do compêndio Nas Fronteiras do Brasil: missões salesianas do Amazonas, elaborado pelos padres salesianos nos primeiros anos de 1950, a página sobre transportes, para demonstrar as dificuldades daquela região enfrentadas pelos religiosos - padres e freiras. Obviamente, o Alto Rio Negro hoje oferece melhores condições de trabalho e de vida.
Acervo do Arquivo Público do Amazonas |
TRANSPORTES
É este o problema dos
problemas no Rio Negro. A navegação fluvial é morosa e precária. A navegação
aérea é sumamente cara para os minguados recursos daquele povo. Estradas de
rodagem não há. As intempéries, as inundações periódicas tornam difícil o
escoamento dos produtos da região e mais difícil ainda a importação do
indispensável ao funcionamento de tantas atividades, e até mesmo dos gêneros
alimentícios que a terra não dá. Daí a lentidão com que tantas coisas são
feitas, sobretudo as construções de prédios, igrejas e oficinas.
Ora, regiões estratégicas
como essa, nas fronteiras com a Colômbia e a Venezuela, precisariam de vias de
comunicação mais fáceis e mais rápidas.
As Missões têm feito o
que têm podido, dentro das suas apoucadas forças e dos recursos que o Governo Federal
lhes faculta.
Assim é que, contornando
temíveis cachoeiras, que dificultam as comunicações fluviais, as Missões já construíram
a estrada de rodagem de Ipanerá a Urubucuara, e estão ultimando presentemente a
rodovia de Papuri ao Tiquié, de 90 quilômetros de extensão, realizando notável
obra de penetração nas matas da zona lindeira do Brasil com a República da
Colômbia, sob os auspícios e o amparo do Governo Federal.
Página do referido livro |
Agora, que o automóvel de passeio e o caminhão se introduziram em larga escala no Brasil, seria de vasto alcance a construção de outras estradas, que facilitassem a importação e exportação, entrada e saída dessa região vastíssima, que há tanto tempo está pedindo que a conheçam e explorem. Não fossem as Missões...
A propósito, lê-se na Gazeta
de Manaus (27.01.1950) artigo do deputado estadual do Amazonas, Arthur Virgílio
Filho, do qual nos há de ser permitido respigar esta passagem, que diz bem do
esforço civilizador, colonizador e formador dos missionários Salesianos:
"O que ainda salva o
Rio Negro resulta da atividade fecunda e humanitária das Missões Salesianas.
Tanto em Barcelos como em Uaupés esses abnegados filhos de São João Bosco,
padres e freiras, de acordo com as suas possibilidades que não são muito
amplas, erguem hospitais e escolas, educam as crianças, tratam dos enfermos, empreendem,
enfim, a sacrossanta missão do voto de fé que proferiram. Não fossem as Missões
e não sei o que seria das populações do Rio Negro..."
Nenhum comentário:
Postar um comentário