Ainda muito se fala da situação dos ianomâmi, das operações sobre o garimpo ilegal, por isso estou compartilhando parte do artigo publicado por Cristovam Buarque (professor emérito da UnB), no jornal Correio Brasiliense (7 fev. 2023), tratando do episódio sobre o aspecto do genocídio.
Recorte do título do mencionado artigo
(...)
Os genocídios têm nomes diferentes, provocam mortes em números diferentes, sob
formas diferentes, mas têm as mesmas causas — arrogância da civilização
ocidental, ganância de lucro dos investidores, voracidade de consumo pelos
ricos, racismo e supremacia dos brancos sobre as outras raças e, a maior de
todas, a indiferença dos que assistem e se beneficiam de seus resultados, por
Zyklon B, por mercúrio ou pela corrupção nas prioridades.
Os
alemães foram coniventes com o genocídio de judeus, os brasileiros são
coniventes com os genocídios dos índios, dos escravos, dos analfabetos e dos
sem-escola de qualidade. Todos coniventes, mas alguns culpados e diretamente
responsáveis. É preciso dar nomes aos genocídios e apontar os nomes dos
genocidas.
Na
Alemanha, os responsáveis pelos crimes dos nazistas se suicidaram ou foram
levados ao Tribunal de Nuremberg, onde foram condenados à morte ou a longos
períodos na prisão. Precisamos recusar a banalidade do mal e despertar contra
todos os genocídios brasileiros, escondidos sob outros nomes, cometidos por
todos que sonham com o progresso que elimina índios, usa escravos ou concentra
educação para manter a desigualdade social. Mas também levarmos aos tribunais
aqueles que no Brasil demonstraram, por palavras ou atos, responsabilidade com
o específico genocídio contra o povo ianomâmi.
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