Compartilho aqui aquele publicado na edição de abril de 1932.
A civilização de um povo é avaliada pelo que ele produz, pela sua
atividade, pela sua energia, pelo seu trabalho. Os povos chamados civilizados
são justamente aqueles que se compenetraram do cumprimento do dever e que tudo
fazem em prol da terra que lhes serviu de berço.
Temos um grande exemplo entrando-nos pelos olhos a dentro: os Estados
Unidos da America do Norte. Que grande colmeia não representa o colosso da
bandeira das listas e das estrelas, com os milhões de abelhas a esvoaçar,
imiscuir em todos os ramos do conhecimento humano, a aperfeiçoar o que já é
conhecido, a inventar coisas outras de grande importância e de benéficos
resultados para a humanidade!
Não há homem, haja ele nascido onde quer que seja, cujo entusiasmo não
vibre ao testemunhar a carreira vertiginosa dos ianques para as mais altas
finalidades da vida.
Abraham Lincoln,George Washington, Woodrow Wilson, Theodore Roosevelt,
André Carnegie, John Davison Rockefeller, George Eastman, Thomas Edson, Henry
Ford, Jacob Pierpont Morgan, são americanos de nascimento mas que pertencem ao
Universo tão grandes os benefícios que fizeram e as ações nobres que praticaram.
Dizem que o americano está empolgado pela ideia do dinheiro. E por que não?
Se Ford, Rockefeller, Gisnegie e tantos outros, não fossem econômicos, não
possuíssem ideais, não amontoassem fortunas a custa do trabalho constante e diário,
poderiam ter esses gestos de filantropia, fundando instituições médicas,bibliotecas
públicas, saneando e desbravando florestas virgens em países longínquos? Claro
que não.
De uma visada rápida, compreenderam a significação da frase que todo mundo
repete sem compreender: a mola de tudo é
o dinheiro. Que disparidade brutal entre o americano a amealhar dólares que
o hão de tornar apto a praticar boas ações, e o coronel seringueiro, bronco e boçal, com um rolo de notas sujas no
bolso, a acender charutos com pelegas
de 500$! Qual o selvagem ? Qual o irracional? Qual o civilizado?
É por isso, justamente, que nunca havemos de progredir. Falta-nos o senso
da economia, sobra-nos o amor às ostentações, mesmo as mais estupidas e descabíveis.
A nossa vida é fictícia, oca, vazia... Nada fazemos como povo... Enchemos cada
dia que passa de 24 horas inúteis e irrecuperáveis. Rimo-nos de tudo, tudo
levamos no deboche...
Blasonamos aos quatro ventos as lendas absurdas das iaras, muirakitans, botos
de cabeça furada, como se tudo isso nos elevasse no conceito de alguém; mostramos
aos que nos visitam araras multicores, vitórias-régias, línguas secas de
pirarucu, abanos, papagaios palradores, como se tudo isso fosse o resultado de
nosso trabalho, de nosso esforço; escrevemos linguados, em estilo lamecha,
sobre o amor e sobre o flerte, esquecendo-nos dos problemas sérios da nacionalidade;
procuramos destruir com o deboche que já esta inoculado na massa de nosso
sangue, tudo aquilo que é bom, tudo aquilo que se inicia, movidos por uma
inveja que só possuem os despidos de iniciativa, os pobres-diabos da imprensa
da picuinha.
Convém que abandonemos esta atitude. Convém que nos levantemos. Urge, já e já, tomar essa iniciativa. Trabalhemos todos, cada um na esfera de suas atribuições, em prol do Amazonas. Abandonemos esta maneira estupida de viver a espera de auxílios; ergamo-nos por nós mesmos e, sobretudo, deixemos de ler os livros piegas de Júlio Dantas, enveredando pelas obras fortes de Henry Ford que enobrecem, que ensinam, que masculinizam, especialmente os beócios literaticados (sic) que tudo atacam porque nada podem assimilar!
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