Semana
passada, fui questionado por um leitor do Blog
do Coronel sobre a existência de cemitério na época provincial. Fiquei intrigado,
não sabia, assim sai à cata de resposta.
Esta veio em
recorte de matéria publicada pela Associação Comercial do Amazonas, em 1956,
quando esta comemorava seu 85º aniversário.
A autoria pertence
a Agnello Bittencourt, autoridade competente da história amazonense. Desejo apenas
efetuar uma observação, diz respeito a denominação e a forma de apresentar a moeda da
época. Em vez de “réis”, ele preferiu “cruzeiro”, que somente existiu em 1942. Entendo que o mestre desejou fazer compreensível estes valores, mas, a meu ver, pode causar
incompreensão.
No mais,
encontrei detalhes sobre os enterramentos da época. Estes, porém, vão na
segunda parte desta postagem.
BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO
AMAZONAS
A Província do Amazonas e sua Capital
em 1871 e 1872
Agnello Bittencourt
Em homenagem à Diretoria da
Associação Comercial do Amazonas.
1 A PROVÍNCIA
No momento em que a benemérita
Associação Comercial do Amazonas comemora o seu 85.º aniversário de utilíssima
existência, queremos por em relevo alguns traços do que eram a Província do
Amazonas e sua capital no biênio 1871-1872.
Presidia a Província, a esse tempo,
o general José Miranda da Silva Reis, empossado em 08.06.1870, deixando o governo
em 08.07.1872. No Senado Nacional representava o Amazonas o desembargador
Ambrósio Leitão da Cunha. Na Assembleia Geral preenchiam a nossa representação
os deputados Angelo Thomaz do Amaral e Leonel Martiniano de Alencar.
Divisão Política
A Província constituía um só
Distrito Eleitoral dividido em seis Colégios: Manaus, Vila Bela ou Parintins,
Tefé ou Solimões, Barcelos ou Rio Negro, Itacoatiara e Borba, com um total de
111 eleitores. O Colégio de Manaus dava 23.
Divisão Administrativa
Compreendia sete municípios: Manaus,
Barcelos, Itacoatiara (Serpa), Tefé (Ega), Silves, Parintins (Vila Bela da
Imperatriz) e Maués (Conceição).
Divisão Judiciária
Toda a vasta região da Província
abrangia três Comarcas: Manaus, Parintins e Tefé. A Comarca da Capital (Manaus)
constituía-se de 3 Termos: Manaus, Barcelos e Itacoatiara. Parintins, de 2
Termos: Parintins e Maués. Tefé, de 1 Termo: Tefé ou Solimões. Em cada Comarca
havia um Juiz formado, e nos Termos serviam juízes substitutos, meros
preparadores de processos.
A Província não possuía, nesse tempo,
um Tribunal de Justiça. Tudo que escapava à competência funcional dos juízes amazonenses
seguia para a Relação do Pará (Belém). Além de sua divisão policial, o Amazonas
dividia-se também em Distritos de Paz, em número de 18, com seus juízes eleitos
na forma da Lei.
Divisão eclesiástica
Era constituída por uma Vigararia-Geral
dependente do bispado do Pará. Compreendia 23 freguesias, cada uma com seu vigário,
mas, na sua maioria, vagas. Era Vigário-Geral o Pe. José Manoel dos Santos
Pereira.
População
O primeiro recenseamento nacional
foi realizado em 19 de agosto de 1872. Verificou-se possuir o Amazonas uma
população de 57.610 habitantes, sendo 31.470 homens e 26.140 mulheres.
Autoridades
governamentais
Assembleia Provincial – Composta de 20 deputados,
eleitos bienalmente. Na época, serviam os seguintes: Major Clementino José
Pereira Guimarães, Dr. Gustavo Adolfo Ramos Ferreira, Tenente-Coronel José de
Miranda Leão, Tenente Henrique Barbosa de Amorim, Major Francisco Antônio
Monteiro Tapajós, Capitão Nicolau José de Castro e Costa, Tenente João Carlos
da Silva Pinheiro, Padre Manoel Ferreira Barreto, Padre Daniel Pedro Marques de
Oliveira, Tenente Irenio Porfírio da Costa, Major Gabriel Antônio Ribeiro
Guimarães, Major Manoel Pereira de Sá, Capitão Antônio Augusto Alves, Delfino
Flávio Portugal, Major Antônio Lopes Braga, Major Dâmaso de Souza Barriga,
Capitão João Evangelista Cavalcante, Tenente Tomaz Luiz Simpson, Capitão José
Arthur Pinto Ribeiro, Capitão Francisco Leopoldo de Matos Ribeiro.
A despesa total com a Assembleia
Legislativa, compreendendo a Secretaria, taquígrafo, material de expediente
etc., elevou-se a Cr$ 22.900,00.
Não raro, se faziam vivos os debates
entre as duas correntes políticas, "liberais" e "conservadores".
Chefia de Polícia – Desempenhava as
respectivas funções o Dr. José Antonio Rodrigues, que foi substituído pelo Dr.
Felipe Honorato da Cunha Mininéa, bem mais tarde desembargador do Tribunal de
Justiça do Amazonas, logo que esta Corte foi criada. Em Manaus, havia duas subdelegacias
policiais, e, no interior, 23, compreendendo os limites das freguesias
eclesiásticas.
Comando das Armas – Compreendia o conjunto
das forças militares, do Governo Imperial, na Província. Esse comando cabia ao
Presidente da Província, no momento o general de brigada Miranda Reis.
Para o exercício de 1871-1872, a
receita se estimou em Cr$ 540.395,00, e a despesa em igual quantia.
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