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sábado, agosto 27, 2016

MOACIR ANDRADE (3)

Recorte da capa da revista
Em mais uma homenagem pessoal ao artista plástico Moacir Andrade, morto no mês passado, compartilho a publicação abaixo, sacada da extinta revista Informatur Amazônia, periódico mensal editado em Manaus, em 1980. Sua direção pertencia a Lourdes Archer Pinto e o editor-chefe era o respeitado jornalista Arlindo Porto.

Presença permanente de Moacir Andrade nas artes amazonenses


Página da revista
Modesto e simples, para o desespero hoje já resignado de sua mulher Graciema, a ponto de poder ser encontrado no principal mercado da cidade, por exemplo, sentado em um meio fio, trajando tranquilamente uma bermuda desfiada toda manchada de tintas, e lendo um jornal com um velho óculos maior que seu rosto, cavalitado no meio do nariz, Moacir Andrade, o grande pintor amazonense, é assim mesmo por formação e natureza e ninguém poderá mudá-lo jamais.

Diferentemente de outros grandes astros da pintura e das artes plásticas mundiais, que fazem da falsa excentricidade um meio de projeção, a simplicidade de Moacir Andrade, calmamente entrando nos lugares mais refinados de Manaus — e sendo recebido com a deferência que merece — com os pés enfiados em sandálias, é marca pessoal de berço desse caboclo nascido nas barrancas alcantiladas do interior do Amazonas, a quem as Musas da Pintura bafejaram criança ainda para que se tornasse o grande mensageiro das cores amazônicas para o mundo.

Do seu atelier, atafulhado de preciosidades, como telas de Di Cavalcanti, rascunhos de Portinari, esboços de Burle Max, marinhas de Djanira e peças outras que levam abaixo os nomes famosos dos seus autores, todas elas oferecidas ao famoso pintor e entalhador amazonense, este continua a fazer brotar um acervo de trabalhos maravilhosos que representam todo um conjunto harmonioso de primorosas demonstrações de intenso amor pela terra natal.

As telas e os entalhes de Moacir Andrade, refletindo sobretudo o conteúdo autêntico e realístico das coisas e gentes de sua terra natal, se constituem, por isso mesmo, em um documentário sociológico autêntico sobre o qual um dia poderão se debruçar os estudiosos da matéria e gizar através dele toda uma fase da existência dos herdeiros das icamiabas que tanto assustaram Orellana na sua passagem pelo Tapajós.

Quem o vê nessa simplicidade não imagina que já tenha realizado exposições e proferido conferências nas principais cidades do mundo como Tóquio, Estados Unidos (diversas cidades e universidades), Europa (Lisboa, Roma, Paris, Madri etc.). 
Assim Moacyr Andrade não é só um grande pintor do Amazonas, mas do Brasil, com renome internacional. 

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