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Recorte da capa da revista |
Em mais uma homenagem pessoal ao artista
plástico Moacir Andrade,
morto no mês passado, compartilho a publicação abaixo, sacada da extinta revista
Informatur Amazônia, periódico mensal
editado em Manaus, em 1980. Sua direção pertencia a Lourdes Archer Pinto e o editor-chefe
era o respeitado jornalista Arlindo Porto.
Presença
permanente de Moacir Andrade nas artes amazonenses
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Página da revista |
Modesto e simples, para o desespero hoje já resignado de
sua mulher Graciema, a ponto de poder ser encontrado no principal mercado da
cidade, por exemplo, sentado em um meio fio, trajando tranquilamente uma
bermuda desfiada toda manchada de tintas, e lendo um jornal com um velho óculos
maior que seu rosto, cavalitado no meio do nariz, Moacir Andrade, o grande
pintor amazonense, é assim mesmo por formação e natureza e ninguém poderá
mudá-lo jamais.
Diferentemente de outros grandes astros da pintura e das
artes plásticas mundiais, que fazem da falsa excentricidade um meio de
projeção, a simplicidade de Moacir Andrade, calmamente entrando nos lugares
mais refinados de Manaus — e sendo recebido com a deferência que merece — com
os pés enfiados em sandálias, é marca pessoal de berço desse caboclo nascido
nas barrancas alcantiladas do interior do Amazonas, a quem as Musas da Pintura
bafejaram criança ainda para que se tornasse o grande mensageiro das cores
amazônicas para o mundo.
Do seu atelier, atafulhado de preciosidades, como telas de
Di Cavalcanti, rascunhos de Portinari, esboços de Burle Max, marinhas de
Djanira e peças outras que levam abaixo os nomes famosos dos seus autores,
todas elas oferecidas ao famoso pintor e entalhador amazonense, este continua a
fazer brotar um acervo de trabalhos maravilhosos que representam todo um
conjunto harmonioso de primorosas demonstrações de intenso amor pela terra
natal.
As telas e os entalhes de Moacir Andrade, refletindo
sobretudo o conteúdo autêntico e realístico das coisas e gentes de sua terra
natal, se constituem, por isso mesmo, em um documentário sociológico autêntico
sobre o qual um dia poderão se debruçar os estudiosos da matéria e gizar através
dele toda uma fase da existência dos herdeiros das icamiabas que tanto assustaram
Orellana na sua passagem pelo Tapajós.
Quem o vê nessa simplicidade não imagina que já tenha
realizado exposições e proferido conferências nas principais cidades do mundo
como Tóquio, Estados Unidos (diversas cidades e universidades), Europa (Lisboa,
Roma, Paris, Madri etc.).
Assim Moacyr Andrade não é só um grande pintor do Amazonas,
mas do Brasil, com renome internacional.
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