Mês passado,
aos 89 anos, morreu o artista plástico Moacir Andrade, membro de várias
organizações culturais, entre as quais, o IGHA (Instituto Geográfico e Histórico
do amazonas) e da Academia Amazonense de Letras. Afora, entidades similares fundadas
pelo falecido.
Sabedor de minha
condição na Polícia Militar do Amazonas (PMAM), qualquer conversa com o saudoso
mestre sempre descambava para a recordação dele em determinado tema. Dizia-me ter
sido preterido naquela corporação. Explico. Repetiu-me que deveria ser “coronel”
da PMAM, por uma razão simples: que fora instrutor de oficiais daquele corpo
militar. A recorrência nesse lance acabou me inquietando.
Inveterado catador
de papeis envelhecidos, com destaque para os da história da milícia estadual,
não podia deixar esse episódio inexplorado. Ou, sem explicação. Assim, fui à
cata com intuito de esclarecer, quem sabe, somente a mim.
Nada
encontrei nos arquivos policiais, ou nos boletins diários próprios da
corporação militar, porém, reconheço que me faltou vasculhar os ofícios
circulados entre secretarias do Estado. Diante desse impasse, busquei os mais
velhos, os mais “antigos” no linguajar militar. Assim, uma adequada dica surgiu
em conversa com um colega de minha geração.
Relembrando
os primeiros anos do Governo Militar, coronel Amilcar Ferreira me disse que
Moacir Andrade, então bacharel em Administração, funcionário da Escola Técnica,
fora colocado à disposição do quartel da Praça da Polícia. Tal qual ocorre em
nossos dias com funcionários públicos.
Meu
interlocutor acresceu: quando o coronel do Exército Paulo Figueiredo assumiu o
comando em 1971, estranhando aquele arranjo, quis conhecer o beneficiado. Para
isso, determinou ao oficial de operações que programasse uma palestra do
bacharel Moacir Andrade para os oficiais. De fato, a “instrução” aconteceu, tendo
aquele mestre narrado seus feitos e contado os causos mais extravagantes de que
sempre foi detentor.
Eis, pois, a
instrução que Moacir prestou aos oficias da PM amazonense. Mediante esse
arranjo, essa instrução aos oficiais – a qual eu faltei, é que o Maninho (como carinhosamente tratava e
era tratado pelos amigos) reclamava a patente maior do corpo policial, ou seja,
a de coronel Moacir Andrade.
De outro
modo, eu reclamava a ele o descuido que teve com a “sua” corporação. Afinal, legou
sua brilhante marca em madeira nos quarteis do Comando Militar da Amazônia, da
Marinha, na Escola Técnica Federal e Colégio Militar de Manaus.
Às vésperas
da nona década de vida, Moacir Andrade me deixou saudoso de seu atelier, ou
escritório ou reserva, que deixei de explorá-lo com mais assiduidade. Não vou
me perdoar.
Sei que
muito se há de contar, de escrever sobre este personagem grandiloquente de
nossa cidade de Manaus, cujo empoderamento da arte o levou a muitos cantos do
planeta.
Com a minha continência,
a minha despedida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário