Pequenas
notas jornalísticas produzidas pelo extinto mestre Mário Ypiranga Monteiro (*) sobre
a Santa Casa de Misericórdia, a respeito do aniversário deste hospital, que se
encontra “fechado pra balanço”. A publicação comporta duas partes.
Santa Casa de Misericórdia - Manaus |
A Santa Casa de Misericórdia de Manaus completou efetivamente seus cento e dezenove anos desde que foi criado o primitivo
Hospital de Caridade em 1853, funcionando em prédio alugado pela Província. Referimo-nos à criação dos serviços hospitalares e não à construção do edifício atual à rua 10 de
Julho, frente.
Estabeleceu-se,
pela lei de 19 de novembro daquele ano. A criação de duas loterias de seis contos de réis (seis cruzeiros) cada uma, isentas
de impostos provinciais, em benefício do hospital.
Novamente em 1855, a resolução de 22 de junho concedia diversas loterias
para acudir a vários serviços, duas das quais da importância de dez contos de réis (dez cruzeiros) cada uma, para o estabelecimento de uma Casa de Caridade.
Desta
vez funcionou o auxilio financeiro lembrado em 1853. A resolução de 4 de julho de 1855 deu o
plano para a extração das referidas loterias,
cujo premio maior era de oitocentos mil-réis e o menor de dois mil-réis.
Torna-se evidente que o hospital começou a funcionar a partir
de 1856, em casa alugada naquele 1853, e onde eram tratados os presos e pessoas
indigentes, sendo aplicada a verba inicial
de seiscentos mil-réis. Em 1862 aumentou para um conto de réis (Cr$ 1,00). No
exercício financeiro de 1866 foi reduzida a verba para oitocentos mil-réis,
mas não se fala (talvez por omissão involuntária)
no hospital, apenas nos doentes atacados de elefantíase.
Para estes seria criado o lazareto no Umirizal.
As grandes epidemias de bexiga e
varíola que assolaram a Província em 1869 vieram provar a necessidade de erigir-se edifício próprio
com melhores condições, pois naquele
período o tratamento foi feito em hospitais improvisados e na Enfermaria Militar.
O capitão de fragata Nuno Alves Pereira de Meio Cardoso cedeu generosamente
uma casa de sua propriedade a fim de ser transformada
em Lazareto.
Em 1867 seria destinada a mesma
dotação anterior e mais a gratificação
de seiscentos
mil-réis a pessoas que quisessem tratar os
doentes. Entenda-se que essas verbas eram anuais e não mensais. Em 1868 o crédito vai para um conto
de réis com a despesa de elefantíacos e mais oitocentos mil-réis para o
tratador deles. Já em 1869
baixavam as despesas para oitocentos
mil-réis respectivamente. E em 1870,
eleva-se para um conto e
quinhentos mil réis somente o sustento com os doentes.
É de 1870 a lei de 12 de maio
que autoriza o presidente da Província a mandar construir um edifício para
o Hospital de Caridade. Era presidente
o cidadão Clementino José
Pereira Guimarães, major comandante da primeira seção do batalhão
de artilharia da Guarda Nacional, deputado à Assembleia Provincial e
terceiro vice-presidente da Província do Amazonas. O artigo sexto da lei referida diz que o hospital e a
enfermaria acomodariam oitenta leitos, sendo trinta para esta.
Diante do que fica resumido,
não é verdade o que se tentou historiar
em artigo recentemente publicado, sobre
um fantástico cenário da Santa
Casa de Misericórdia ocorrido a 27 de maio. Não existe nenhuma lei provincial
de número 244, de 27 de maio de 1872,
que exclusivamente se refira ao hospital.
Existe de fato uma lei desse número e dessa data,
alusiva ao orçamento provincial financeiro de 1872-1873, em
cujo parágrafo terceiro, isto sim, se refere a questão do hospital. A lei
verdadeira é a que
citamos, de 12 de maio de 1870. (segue)(*) A Notícia. Manaus, 17 de julho de 1972
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