Recorte de A Crítica, de 21 novembro 1958 |
Pequenas notas sobre o evento canudense, de minha autoria, foram enfeixadas em um folheto, que foi graciosamente distribuído aos presentes e segue à disposição dos interessados.
A PM conserva uma Bandeira que tremulou
em Canudos
DRAPEJANDO
NA VANGUARDA DAS FORÇAS LEGAIS AINDA MOSTRA O SANGUE DOS QUE TOMBARAM NO
CUMPRIMENTO DO DEVER – SEU COMANDANTE CONTA AO REPÓRTER O EPISODIO DE CANUDOS
“Faço
esse relato histórico para que possamos chegar ao ponto em que a corporação de
que me orgulho em comandar, fez parte das páginas da História Pátria”.
E
continuando: Prudente de Moraes esforçou-se pela pacificação do país. Cessou a Revolução
Federalista e houve anistia geral; depois, porém, registrou-se a campanha de Canudos.
E
explicou-nos o comandante da PMA: “Foi a luta contra um fanático, Antônio Conselheiro, que reunira num arraial uma
multidão de sertanejos, os chamados “jagunços”, que obedeciam sem medir consequências,
cegamente, ao Conselheiro, e enfrentavam vitoriosamente as expedições policiais
do Exército, com artilharia, comandada pelo coronel Moreira Cesar, foi dizimada
com seu chefe. Tornou-se necessária a ação de mais de cinco mil homens para,
depois de grandes sacrifícios, ser arrasado o arraial, cujos defensores
morreram todos”.
“Aí
é que entra a Polícia Militar do Amazonas. No dia 4 de agosto, quarta-feira, de
1897 – assim discrimina o relatório do tenente-coronel Cândido José Mariano –
frisou o nosso entrevistado – embarcou para a Bahia, com um contingente de 249
praças de pré e 24 oficiais e graduados, o então 1º Batalhão da Força Pública
do Amazonas.
A
missão da milícia amazonense era tomar parte nas operações que se realizavam em
Canudos, onde um homem fanático instruía e guiava os sertanejos a manter guerrilhas
em oposição ao governo de Prudente de
Moraes.
“A
colaboração da tropa miliciana amazonense foi tão eficiente na manutenção da ordem
além das fronteiras de seu Estado, que até hoje possui e conserva com troféu de
batalha, a Bandeira Nacional que essa corporação carregou, quando fazia parte
da vanguarda das forças que penetrara em Igreja Nova, em que se pode distinguir
o furo de balas e o sangue dos companheiros tombados em combate, no último
reduto dos jagunços de Canudos em que estes se renderam às forças legais”.
“Tempos
depois recebeu a milícia amazonense num preito de gratidão da mulher baiana,
pela conduta heroica mantida nas caatingas do Nordeste uma bandeira nacional
bordada a ouro, que se encontra na sala de troféus e armaduras medievais desta
corporação, juntamente com quadros de fatos históricos, obras de grandes
pintores nacionais e estrangeiros”.
Também
o povo paraense – disse o coronel Veras – prestou a sua homenagem aos heróis de
Canudos, praças, graduados e oficiais da milícia amazonense. Gratidão aos 47
heróis tombados no cumprimento do dever, nas caatingas da Bahia. Consta de uma coroa
de louros fundida em ouro”.
“O
oficial que comandou brilhantemente a milícia amazonense na memorável campanha
foi o bravo tenente-coronel Cândido José Mariano, acima citado”.
Notas:
Na
entrevista do coronel Cleto, são perfeitamente identificáveis as lendas que “ainda” perduram no tocante a
participação da PMAM na campanha de Canudos. Refiro-me às Bandeiras.
- A Bandeira
Nacional conduzida pela tropa encontra-se marcada pela campanha. Já
deveria ter sido examinada cientificamente para atestar se há sangue e pólvora
no tecido.
- Já a bandeira
bordada, não se trata de prêmio da “mulher” baiana. Mas, sim, das esposas
dos oficiais amazonenses que seguiram para Canudos. Como a lenda grega,
enquanto aguardavam os combatentes, teceram a Bandeira.
- Os troféus citados
seguem no Museu Tiradentes, abrigado no Palacete Provincial.
Minha bisavó Custodia Carneiro de Lima, esposa do Oficial Otoniel Hermenegildo Carneiro de Lima bordou essa bandeira.
ResponderExcluirEste feito consta no relato do historiador Mário Ypiranga Monteiro em uma obra organizada intitulada: Modernidade e Negritude: a trajetória de de Eduardo Gonçalves Ribeiro.
Gostaria de saber mais sobre esta situação.